Abrafrigo afirma: decisão do MAPA prejudica frigoríficos pequenos no mercado de miúdos

Leia abaixo nota enviada pela Abrafrigo ao BeefPoint:

A decisão do MAPA prejudicou os produtores e retirou pequenos e médios frigoríficos do mercado de subprodutos de bovinos, uma vez que o mercado de exportações de miúdos/despojos de bovinos movimenta no Brasil, aproximadamente, US$ 300 milhões anuais e tem grande significado ambiental e econômico para estes.

Vale ressaltar que estes produtos são considerados não comestíveis no país, mas que possuem mercado garantido em países como a China, onde já estão incorporados aos hábitos alimentares. Caso não sejam comercializados, estes produtos podem ser descartados em lixões, prejudicando o meio ambiente.

Em 5 de fevereiro, no entanto, o Ministério da Agricultura cancelou a circular que permitia o funcionamento de entrepostos de carnes e derivados (ECD’s), empresas que garantiam a colocação dos miúdos e despojos no mercado internacional para todos os frigoríficos que não pertencem a Lista Geral do Mapa, ou seja, não estão habilitados ou não se interessam por a exportar diretamente seus produtos.

“A decisão eliminou a concorrência no mercado de despojos e atende interesses escusos. A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) não conhece este mercado e emitiu a nova circular sem ouvir ou consultar o setor, embora tenham existido várias tentativas de discutir o assunto de nossa parte. O Mapa está alijando centenas de empresas em todo o país que agora vão perder uma fonte de ganhos econômicos e passarão a produzir muito mais resíduos de alto impacto ambiental”, alerta Péricles Salazar, presidente executivo da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

Além disso, segundo ele, este universo empresarial das ECD’s emprega mais de 20 mil pessoas e será duramente atingido ao ponto de deixar de existir.

Nota-se que o mercado de miúdos/despojos ou “fifthquarter” chamou a atenção dos frigoríficos brasileiros depois da divulgação de estudos como os da instituição financeira Rabobank onde se demonstrou que eles estão em alta devido a grande procura por consumidores dos países asiáticos, principalmente China.

Atualmente, mais de 200 pequenos e médios frigoríficos brasileiros entregam sua produção às ECD’s para exportação. Com o cancelamento da Circular, para comercializar estes despojos os frigoríficos terão de pertencer a Lista Geral, ou seja, terão de fazer grandes investimentos para obter esta habilitação que não lhes interessa, uma vez que trabalham somente para o mercado interno.

“Havia grande pressão sobre o MAPA para mudar a Circular, porque é um grande negócio, já que as ECD’s respondem por quase 60% da movimentação dos miúdos/despojos. E aos pequenos e médios frigoríficos, que conseguiam assim converter em produtos com rentabilidade econômica o máximo possível de resíduos do abate, não restará outra saída senão descartar estes produtos. O pior, nisso tudo, é que as ECD’s estão adaptadas às exigências dos países de destino dos despojos, cujo mais importante cliente é a China, e não faz nenhum sentido econômico e ambiental atender interesses pontuais, prejudicando e enfraquecendo integralmente a cadeia da produtiva da carne bovina”, finaliza Péricles Salazar.

Fonte: Abrafrigo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.