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ABCZ defende mudanças no Sisbov

A aplicação do programa de rastreabilidade no Brasil só será bem-sucedida com a definição de metas claras, que provoquem uma mudança de mentalidade entre os pecuaristas. Esta é a avaliação do diretor de Informática da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Nelson Pineda, que criticou, durante a solenidade de abertura da 69a Expozebu, no último sábado (04), o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), lançado pelo governo Fernando Henrique Cardoso, no ano passado.

De acordo com Pineda, o programa deveria envolver toda a cadeia produtiva. O Sisbov fixou metas para que todo o rebanho brasileiro, localizado em regiões livres de aftosa com vacinação, esteja identificado até 2005 e o restante dos animais do País até 2007. No entanto, segundo ele, o modelo é uma cópia do sistema francês, que possui um rebanho 100 vezes menor que o brasileiro e sistemas de produção totalmente diferentes.

Pineda revelou que as principais dificuldades enfrentadas pelos pecuaristas para aderir ao programa estão na forma como a identificação dos animais será feita. Para ele, o produtor deveria poder escolher qualquer modalidade para identificar o rebanho, seja marca a fogo, tatuagem, brinco ou microchip.

No entanto, o primeiro número que fornece todo o histórico do animal, desde o nascimento até o abate, é composto por 17 dígitos, o que implicaria a introdução de um passaporte virtual para o rebanho. “A criação de um cadastro único, reunindo informações de todo o rebanho brasileiro é inevitável”. Ele sugeriu que os principais Estados produzam seus próprios bancos de dados, que serão integrados. “Precisamos impedir que um determinado sistema forme um monopólio no País”.

O diretor de Informática ressaltou que a carne rastreada já se tornou uma exigência de alguns dos principais países importadores. O ideal, segundo ele, seria repassar o “prêmio” das vendas da carne rastreada a toda a cadeia produtiva. “O valor pago a mais pela carne rastreada não pode ficar nas mãos dos frigoríficos. Somente com uma remuneração os produtores vão entender a importância do sistema”, defendeu.

Segundo Pineda, integrantes da cadeia produtiva e membros do governo federal já fizeram reuniões para reformular o programa. Durante os encontros, foi feito um pedido para que seja criado um grupo de inteligência, incluindo representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da cadeia produtiva. Para ele, caberia ao governo federal a criação, monitoramento e fórmulas para fazer com que os produtores cumpram a lei.

Ele avalia ainda que o próprio mercado deve ser o regulador. Durante a Expozebu, a ABCZ reiterou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o pedido para ser uma das entidades credenciadas pelo governo federal a certificar o programa de rastreabilidade. “Até agora, a certificação só agregou valor para os frigoríficos”, disse o presidente da entidade, José Olavo Borges Mendes.

Fonte: O Estado de São Paulo/Suplemento Agrícola (por Raquel Massote), adaptado por Equipe BeefPoint

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