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Abate Halal

Por Aparecida Carla M. S. Pedreira

Como para os judeus, o povo muçulmano também apresenta regras de alimentação (Shari´ah), encontradas no livro sagrado denominado de Alcorão (Surah 6:118; Surah 6:121). Segundo os preceitos do Islamismo, religião seguida pelos muçulmanos, os alimentos são separados em três grupos:

1) Halal – alimentos permitidos;
2) Makruh – alimentos que podem consumir, mas não são encorajados a fazê-lo;
3) Haram – alimentos proibidos.

O Islão permite aos muçulmanos que comam de tudo o que seja considerado bom para a saúde. Os animais devem ser abatidos depois de mencionado o Nome de Deus e só assim são considerados “Halal” (permitidos). Entre os produtos considerados Halal, são encontrados:

1) Carne de vacas, ovelhas, cabras, cervos, alces, galinhas, patos, pássaros de caça, etc., desde que tenham sito abatidos conforme os rituais islâmicos;
2) Leite (de vacas, ovelhas, camelos e cabras);
3) Mel;
4) Peixe;
5) Plantas que não sejam tóxicas;
6) Vegetais frescos ou congelados;
7) Frutas frescas ou secas;
8) Legumes e sementes iguais ao amendoim como, nozes, caju, avelãs, etc.;
9) Grãos como trigo, arroz, centeio, cevada, aveia, etc.

Entre os produtos considerados Haram (proibidos), encontram-se:

1) Carne de porco e seus derivados;
2) Animais abatidos de forma imprópria ou mortos antes do abate;
3) Animais abatidos em nome de outros aqueles que não seja Alá (Deus);
4) Nenhuma forma de sangue;
5) Produtos que contêm gelatina (feita de chifres e cascos de animais que podem não ser permitidos);
6) Tudo que causa embriaguez ou intoxicação (drogas e álcool).

No Brasil há um milhão de muçulmanos espalhados por todo o território nacional. As maiores comunidades se encontram nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Rio Grande do Sul e Foz do Iguaçu (Alencar, 2001). A partir desses números, podemos notar a existência de um mercado com um grande potencial para ser explorado, e extremamente fiel. O crescimento da procura por produtos “permitidos”, conforme a religião seguida, tem crescido muito nesses últimos 5 anos.

O ABATE HALAL

A técnica de abate, conhecida como Halal, determina que os animais sejam mortos de acordo com o ritual islâmico (chamado de Zabibah ou Zabiha, que indica que a carne é Halal).

Neste ritual, os animais são mortos com um corte em movimento de meia-lua no pescoço, para que não sofram e não liberem enzimas na carne na hora da morte. Para que isso ocorra da melhor maneira possível, leis rígidas são seguidas, entre elas temos:

1) O abate é permitido de ser realizado por qualquer muçulmano que tenha atingido a puberdade e que, durante o ato do abate, pronuncie o nome de Alá (Deus) com a face voltada para Meca ou recite uma oração o qual contenha o nome de Alá (tal como a Bismillah Allah-u-Akbar);
2) O animal não deve estar com sede no momento do abate;
3) A faca deve estar bem afiada, visando minimizar o tempo e assim reduzir a dor do animal associada com o processo de abate;
4) A faca não deve ser afiada na frente do animal, porque pode causar tensão imprópria aquele animal;
5) A matança será feita cortando a garganta do animal ou perfurando a garganta, causando a morte mais rápida com o menor quantia de dor;
6) O nome de Alá tem que ser mencionado antes ou durante o abate, desde que o Criador é o provedor de vida, e o nome deve ser dito por uma pessoa crente e de fé muçulmana;
7) Carne de animais abatidos por pessoas da fé Judaica ou Cristã (Pessoas do Livro) também pode ser ingeridos;
8) O sangue deve ser retirado completamente da carcaça.

Uma diferenciação entre o abate Halal e o Kosher é que antes de matança, o Halal requer um oração a Alá (Deus). O Kosher não requer uma oração a Deus.

Centros islâmicos, como o Centro de Divulgação do Islam para a América Latina, de São Bernardo do Campo (SP), enviam fiscais muçulmanos aos abatedouros para garantir que os animais estejam sendo sacrificados da forma correta. Tudo isso tem contribuído para melhorar as relações comerciais entre o Brasil e os países árabes. Em 2001, as exportações brasileiras para o Oriente Médio cresceram 52%, em relação a 2000, ficando em cerca de US$ 2 bilhões. Esse número, entretanto, ainda é muito pequeno: apenas 3,5% da exportação total do Brasil. Mas, com o interesse das empresas brasileiras e o aumento da confiança dos muçulmanos, as perspectivas para 2002 são de crescimento ainda maior (Alencar, 2001).

Segundo Alencar (2001), um total de 25 abatedouros no Brasil já têm o sistema instalado e são checados periodicamente pelos árabes.

Bibliografia Consultada

ALENCAR, S. Após atentados, País vende mais para os árabes. Estadão.com.br, Suplemento de Economia, 17/11/2001.
www.estado.estadao.com.br

Avicultura industrial. Halal: o abate especial de frangos para o Oriente Médio. 2002. 2p.
www.aviculturaindustrial.com.br

Agência Brasil – ABr. Exportações para o Oriente Médio, segundo o Alcorão. 2002. 1p.
rvnews.radiobras.gov.br

________. Islamismo. 2002.
http://asreligioes.globo.com

Kosher and Halal. http://meat.tamu.edu/kosher.html

Majlis Ugama Isla Singapura. Understanding Halal and Haram. 2002.
http://www.muis.gov.sg/services/halal.html

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Notícias On-line: Exportações para o Oriente Médio segundo o Alcorão. 2002. 2p. (27/03/2002)
www.mdic.gov.br

Rural Business. Exportações para o Oriente Médio segundo o Alcorão. 2002. 1p.
www.ruralbusiness.com.br/

The Islamic Food and Nutrition Council of America.
http://www.ifanca.org/halal.htm

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Aparecida Carla M. S. Pedreira
Aluna de Pós-graduação (Doutorado)
Departamento de Produção Animal
USP-ESALQ – Piracicaba – SP
Bolsista FAPESP

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