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A indústria de suplementos minerais no Brasil

Por Sergio Morgulis1 e Marcos Baruselli2

A importância da Indústria Nacional de Suplementos, num país com 195 milhões de bovinos criados em sua grande maioria a pasto, é facilmente justificável quando consideramos a relação custo/benefício da suplementação correta.

A grande maioria das pastagens brasileiras apresenta teores de nutrientes que limitam a produtividade dos bovinos. Em algumas regiões temos a ocorrência de doenças carências oriundas de deficiências minerais, o que faz da suplementação mineral uma prática de manejo nutricional obrigatória não somente para manutenção da saúde, mas também para o aumento do desempenho zootécnico e da lucratividade da atividade pecuária.

Os primeiros experimentos com suplementação mineral de bovinos no Brasil, recomendavam a mistura de restos de fogão de lenha (cinzas) e farinha de ossos com sal branco (Carvalho et cols. citando o professor Nestor Giovani em 1936).

Inicialmente no Brasil os produtores utilizavam apenas sal comum. Em seguida os suplementos minerais continham também micro elementos e eram diluídos com o sal comum, sendo que, às vezes era acrescentado farinha de ossos.

Posteriormente foi utilizado o fosfato bi cálcio como fonte de fósforo e os suplementos minerais que continham macro e micro elementos apresentavam a recomendação para serem diluídos no sal comum em elevadas proporções. No início, o fosfato bi cálcio era importado e os suplementos minerais apresentavam um preço elevado em relação ao preço da arroba de boi e do litro de leite.

Com o início da produção do fosfato bi cálcio no país e o desenvolvimento da indústria nacional de suplementos minerais os preços passaram a ser mais acessíveis em relação à arroba e ao litro de leite possibilitando o incremento no uso desta tecnologia.

A indústria de suplementos minerais teve um importante papel na difusão e esclarecimento do uso de suplementos minerais no Brasil, pois a ela coube grande parte do serviço de extensão rural feita pelas equipes de campo que iam e ainda vão visitar as propriedades rurais do Brasil levando tecnologias de resultado ao homem do campo.

Salienta-se também o importante papel das instituições de pesquisa e do Ministério da Agricultura que muito trabalharam no desenvolvimento dos conhecimentos das necessidades animais, na forma de suplementação e na legislação para registro dos produtos.

A adoção da suplementação de bovinos, nos últimos 8 anos, apresentou um crescimento ao redor de 220%, comparado ao crescimento do rebanho de somente 22%. Ocorreram também significativos aumentos na produtividade, como o Índice de Desfrute do rebanho que passou de 16% para 21%.

Está claro que os índices ainda têm muito que melhorar, porém este cenário resultou no aumento da produção animal e melhora substancial na oferta de carne e leite, possibilitando aumentos na exportação de carne (liderança mundial) e saldo positivo no setor.

Atualmente o foco na produtividade passou a ser dividido com a preocupação na segurança alimentar da cadeia da produção bovina de carne e leite, com o meio ambiente e com o bem estar animal.

No que tange à segurança na cadeia produtiva da carne e do leite a indústria da alimentação animal já implantou um programa de Boas Práticas de Fabricação – BPF, adotado por várias empresas com uma adesão crescente pelas empresas do setor.

A implantação da BPF pela indústria da alimentação animal visa produzir alimentos seguros para a saúde do animal, a saúde do homem e o meio ambiente.

Entre os benefícios da BPF tem-se: a rastreabilidade dos ingredientes utilizados, a certificação dos fornecedores, o controle do processo produtivo desde a recepção dos insumos até o produto acabado. Em suma, ao chegar numa propriedade rural, através do número do lote de um alimento, é possível sabermos quando ele foi produzido, quais funcionários participaram da produção, quais foram os fornecedores dos ingredientes utilizados e qual o número do lote de cada um dos ingredientes.

Uma das preocupações da indústria de suplementos refere-se ao controle dos contaminantes dos ingredientes que podem ser físicos (pedaços de madeira, ferro etc..), químicos (chumbo, cádmio etc.) ou biológicos (aflatoxinas, prions etc.).

O controle dos contaminantes químicos é adotado pelas empresas certificadas pela BPF. Este controle é muito importante, uma vez que alguns ingredientes alternativos podem apresentar níveis indesejáveis de chumbo, cádmio, mercúrio, vanádio, arsênio e urânio. Estes elementos indesejáveis estão presentes em alguns ingredientes em níveis elevados e podem ser tóxicos dependendo da concentração na dieta, e do tempo de utilização.

Os principais questionamentos referentes a presença de contaminantes na dieta dos bovinos são: o risco para a saúde do animal, o risco para a saúde do Homem e o risco para o meio ambiente.

O limite máximo tolerável de um elemento químico contaminante na dieta dos bovinos foi estabelecido nos EUA e UE considerando-se uma margem de segurança. O limite do chumbo, por exemplo, foi estabelecido em 30 ppm na dieta completa pela National Academy of Sciences / Mineral Research Council, Washington, D.C. 1980.

Já a União Européia por meio da Diretiva 2005/87/CE da Comissão de 5 de dezembro de 2005 estabeleceu um limite máximo de chumbo de 30 ppm nas forragens verdes e de 15 ppm nos alimentos minerais. É possível que uma quantidade significativa das forragens na Europa apresente teores de chumbo próximos a 30 ppm, o que justificaria a adoção deste valor na Europa, fato que não se aplica no Brasil.

A Association of American Feed Control Officials – AAFCO (2004) estabeleceu o limite máximo tolerável de alguns contaminantes na ração total (tabela 1).

É importante notar que nas inúmeras análises feitas pelo MAPA (Plano Nacional de Controle de Resíduos), nos últimos 3 anos, não foram encontrados problemas relevantes de contaminações na carne bovina produzida no Brasil.

Devemos, entretanto, controlar a contaminação do ambiente, dos alimentos para o homem e para os animais para continuar a produzir alimentos seguros não só para a população atual como também para as gerações futuras.

Neste sentido, a indústria de suplementos minerais no Brasil vem produzindo suplementos com qualidade certificada. A indústria de suplementos minerais também divulga e orienta o uso correto dos suplementos para bovinos, visando sempre com isto aumentar o desempenho zootécnico dos rebanhos e a lucratividade das fazendas de gado de corte e leite.

Por meio da adoção de tecnologias eficazes na área de nutrição animal, a indústria de suplementos minerais no Brasil contribui de forma decisiva na garantia da produção de alimentos seguros para o homem.

Tabela 1. Nível máximo tolerado na ração total (em ppm)


Quadro 1


Clique no quadro para ampliá-lo

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1Sergio Morgulis é presidente da Asbram, Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais

2Marcos Baruselli é vice-presidente da Asbram, Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais

0 Comments

  1. Maurício Lopes Rosado disse:

    Lendo o artigo sobre os primódios da suplementação de minerais no Brasil, chama atenção, as possíveis fontes de contaminantes de metais pesados presentes na matéria prima que compõe as formulações, as quais são transformadas em produtos acabados e comercializados.

    Todas as matérias primas que compôem as fórmulas básicas e assim como, as matérias primas presentes nos eventuais substitutivos são registradas no Ministério da Agricultura. Os fornecedores dão garantias à União e aos fabricantes quanto do aspecto qualitativo e quantitativo. Portanto, o controle de qualidade é efetuado pelo MAPA, que tem laboratórios habilitados e pessoas qualificadas, que aprovam os registros para uso dos fabricantes e misturadores. O uso indevido de matéria prima sem registro no MAPA é crime.

    Os fornecedores de matérias primas para as empresas de suplementos são praticamente as mesmas, tanto para as megas empresas quanto das menores. Quando das compras dos insumos, já é de praxe de recebermos um laudo com os níveis de garantia com resultados das analises típicas e atípicas. Assim, o tema abordado sobre metais pesados estão sobre controle.

    O artigo aborda a questão para bovinos. Ora uma vaca que passa de 6 a 8 anos de sua vida dentro de uma fazenda, quantos quilos de solos (areia, argila e siltre) ingeriu ao longo do tempo. Imagina na seca, quanta poeira e material suspenso na água foram ingeridos. Se há contaminação no solo, como resolver esta questão? Bebedouros. Mesmo em pastagens com bebedouros adequados os bovinos bebem água das poças dágua.

    Os insumos que compôem as fórmulas para os bovinos são os mesmos que se usam em aves e suínos, que tem um ciclo de vida curto, um metabolismos mais elevado. Talvez com maiores riscos de serem contaminados. Como ficam os setores de aves e suínos, peixes etc.

    Relendo o artigo parece que a intenção não foi chamar a atenção dos leitores e consumidores para os problemas adivindo dos metais pesados, mas, uma visão mercadológica com reafirmação de marcas comercias.

    Podemos dizer aos leitores que por traz de uma empresa de suplementos e rações existe um profissional que é o responsável técnico, devidamente registrado no Conselho e no Ministério da Agricultura, em geral são profissionais com mestrado ou doutorado. Praticamente os melhores fornecedores de matéria prima também tem profissionais a altura.

    Para uma empresa comercializar tem de estar registrada no MAPA, no conselho, corpo de bombeiro e outros. As instalações são vistoriadas pelos fiscais federais do MAPA, agência ambiental e outras instituições. Todas às fórmulas são devidamente registradas, assim com as matérias primas que a compôe. O Ministério da Agricultura tem uma cartilha de BPF e estão vistoriando e orientando na implantação do do processo. O citado no artigo deve ser abordado pela comunidade cientifica brasileira e abordado para todos os estudantes que cursam nutrição e fisiologia animal.

  2. Gustavo Fernandes Azambuja disse:

    Uma publicação de grande valia para a pecuária moderna em busca de bons resultados, onde mostra que devemos nos preocupar com as composições dos produtos que fornecemos para os nossos animais, pois iremos nos alimentar deles um dia.

  3. Jhones Onorino Sarturi disse:

    Parabéns pelo ótimo artigo…

    Acredito que seria muito interessante acrescentar no quadro 1, na escala de evolução da utilização de suplemento mineral, o uso de minerais quelatados (minerais orgânicos), pois hoje, os mesmos são uma realidade na pecuária moderna e produtiva que muitas vezes nos defrontamos.

  4. Sergio Carlo Franco Morgulis disse:

    Caro Sarturi,

    Obrigado pela atenção e consideração.

    Neste artigo procuramos mostrar uma visão geral do mercado de suplementos minerais. Poderíamos falar também de quelatos, ionóforos, probióticos, prebióticos, homeopatia etc, porém, como nossos associados utilizam diferentes tecnologias, teríamos que citar todas.

    Atenciosamente,

    Sergio Carlo Franco Morgulis

    Diretor ASBRAM

  5. Sergio Carlo Franco Morgulis disse:

    Caro Gustavo,

    Obrigado pelo elogio e pela atenção,

    Sergio Carlo Franco Morgulis

    Diretor ASBRAM

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