Enquete BeefPoint avalia compra do Swift pelo Friboi
8 de setembro de 2005
CFM lança Sumário de Touros Nelore 2005
12 de setembro de 2005

A economia mal feita

Que a pecuária está atravessando um momento crítico, que o preço real da arroba de boi é o mais baixo em 30 anos e que em momentos de crise deve-se cortar custos todos nós já sabemos. Entretanto, uma economia mal feita nas “vacas magras” pode causar um grande prejuízo com o passar dos anos.

O objetivo desse artigo é mostrar que, mesmo em tempos difíceis, não se deve economizar na fertilidade do rebanho, porque o preço, no longo prazo, é alto demais.

Apresentamos abaixo um quadro de evolução de rebanho com prenhez de 50% ao ano, número esse considerado por muitos como sendo a média nacional. As premissas usadas nessa simulação são: Índice de Natalidade de 98%, Descarte Anual de 5% das matrizes, Índice de Mortalidade Geral de 2%, Índice de Mortalidade Embrionária de 2% e Novilhas cobertas entre 18 e 22 meses.

Partindo de 1000 matrizes, após o descarte anual de 5% e a venda dos machos, chega-se a pouco mais de 2200 cabeças ao final de cinco estações de monta. Esse é o resultado que boa parte dos pecuaristas que usam Monta Natural ou não têm um bom programa de inseminação artificial terão ao final deste período.


Utilizando as mesmas premissas do quadro anterior, mas alterando a taxa de prenhez para 80% ao ano, chegamos a um resultado 50% superior em cinco anos, sem considerar a maior receita que o pecuarista terá na venda dos descartes e dos machos, já que a quantidade também será maior. Essa taxa de fertilidade de 80%, embora bem superior à media nacional, pode ser conseguida através da terceirização da inseminação artificial, contratando empresas que dão essa garantia ao fazendeiro. Jack Welch, ex-presidente da General Eletric e considerado por muitos como sendo o maior empresário do século XX tem uma frase que diz: “Se não é seu negocio principal, terceirize”. Porque não aplicarmos isso em nosso segmento também?


A partir desses números podemos verificar que, ao optar pelo imediatismo, o pecuarista perde. Uma estação de monta mal planejada acarretará em grandes prejuízos para o rebanho, a propriedade e conseqüentemente para o bolso do empresário rural.

Portanto, na grande maioria dos Estados Brasileiros, já é hora de se preparar para a Estação de Monta 2005 / 2006. Não devemos deixar que o pessimismo do mercado contamine nossa racionalidade empresarial e visão de longo prazo. Se os tempos de crise são aqueles onde se deve reinventar a empresa (fazenda), não esqueçamos do tripé que sustenta a pecuária: nutrição, sanidade e genética!

0 Comments

  1. José Fernando Andreazza disse:

    Quero parabenizar o Rodrigo pelo excelente artigo publicado.

    Concordo plenamente que a saída para a pecuária no momento que atravessamos é produtividade. Parabéns e sucesso!

  2. Janete Zerwes disse:

    Olá Rodrigo,

    Muito interessante sua colocação a respeito da necessidade de ajustes justamente durante a crise.

    Com certeza, o índice de fertilidade para o setor pecuário de cria é fator básico de positividade ou negatividade na manutenção dos estoques do rebanho.

    Acho até otimista sua simulação para 50% de prenhez, e a evolução do rebanho exemplificado; dificilmente uma propriedade com este índice de prenhez consegue ter índices de mortalidade e perda de prenhez em torno de 2%, o que se observa, é que estes índices acompanham a ineficiência de fertilidade e se manifestam em padrões mais elevados que os expostos, o que resultaria em uma projeção de evolução de rebanho em patamares inferiores aos que você demonstra no quadro 1 do seu artigo.

    Acho interessante esta discussão, por que a pecuária, diferentemente da agricultura, ainda se mantém em padrões de sistema de produção, que vão do mais arcaico ao mais tecnificado.

    Defendo a idéia de que a tecnificação sempre resulta em eficiência produtiva e econômica. A padronização técnica de produção, nos permitiria projetar melhor uma política de produção para o setor; com planilhas de projeção de estoques regionais e/ou nacionais, orientando produtores sobre metas economicamente viáveis a curto,médio e longo prazo.

    Abraço,

    Janete Zerwes
    Comissão de Produtoras Rurais da Federação da Agricultura de Mato Grosso
    Coordenação de Tecnificação e Pecuária

  3. Janete Zerwes disse:

    Caro Rodrigo,

    Os índices médios nacionais de 50% de prenhez, assinalam a inviabilidade da pecuária de cria. Somente quando é utilizada como atividade secundária, de especulação imobiliária ou tributária essa atividade pode se sustentar nesse limiar de produtividade.

    Hoje, nos patamares de preço da @ e do gado de reposição, mesmo com índices acima de 90% de prenhez, a atividade não apresenta rendimento compatível com os custos de produção.

    Concordo com você quando diz, que diante da crise que atravessamos, não podemos perder eficiência em qualidade e produtividade.

    No meu entender esta crise trará para o setor um ajuste natural, a exemplo do que ocorreu nos anos 90, quando atravessamos uma crise severa na agricultura. Sobreviverão aqueles que se tecnificarem. Hoje o gado produzido sob critérios técnicos, de genética aprimorada e melhor qualidade de carcaça, compete, via lei de oferta e da procura, com gado produzido com menor custo e qualidade.

    O excesso de oferta, para um mercado restrito de consumo e exportação, chega ao ponto de permitir à indústria frigorífica a formação de cartéis, para suprimir ao produtor, mais uma parcela significativa de remuneração.

    Os impostos sobre imóveis agrícolas, atrelados aos índices de produtividade, somados a informatização da Receita, e a obrigatoriedade de georreferenciamento, vão retirar da atividade pecuária, aqueles que nela estão com finalidades meramente especulativas, facilitando a concorrência para os verdadeiros pecuaristas.

    Precisamos produzir mais carne por cabeça, do que a média nacional de 42Kg/cabeça/ano, quando a Austrália por exemplo apresenta uma média em torno de 75Kg/cabeça/ano eo EUA 114Kg/cabeça/ano.

    Concordo com você quando fala na terceirização de serviços de inseminação, penso que essa é uma das saídas futuras para melhoria da eficiência produtiva como um todo, incluindo aí também a terceirização para acabamento de carcaça.

    Cada etapa da produção de gado, tem suas especializações próprias, e a ausência das mesmas, determina a viabilidade ou não, da atividade econômica, pecuária.

    Abraço,

    Janete Zerwes – Pecuária de Corte – MT

plugins premium WordPress