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A crise econômica chega mais perto da carne nos EUA

A crise econômica americana continua, apesar de um ou outro índice apontando melhoras, e vai deixando as suas marcas nas empresas e na vida do americano. Na carne também não poderia ser diferente. Estamos vendo mudanças nos hábitos de consumo do típico americano onde este vê os empregos escassos e os preços dos alimentos subindo como sobem os ônibus espaciais que decolam do Cabo Canaveral na Flórida rumo ao espaço sideral e que agora com o corte de gastos do governo não subirão mais. Parece um exagero mas não é.

A crise econômica americana continua, apesar de um ou outro índice apontando melhoras, e vai deixando as suas marcas nas empresas e na vida do americano. Na carne também não poderia ser diferente. Estamos vendo mudanças nos hábitos de consumo do típico americano onde este vê os empregos escassos e os preços dos alimentos subindo como sobem os ônibus espaciais que decolam do Cabo Canaveral na Flórida rumo ao espaço sideral e que agora com o corte de gastos do governo não subirão mais. Parece um exagero mas não é.

O governo tem tentado, à duras penas, garantir o estilo de vida da sociedade americana, uma sociedade que estava acostumada a colocar o seu bife no prato com mais frequência do que tem feito atualmente, e que hoje está preocupada em colocar alguma coisa para comer neste prato. Desde o final de 2007 este tem sido o desafio do americanos, poder se alimentar de forma constante e se possível com qualidade tendo carne bovina no cardápio.

Um dos primeiros impactos ao setor da carne foi na alimentação fora de casa, que foi reduzida drasticamente, restaurantes vendo seu tráfego reduzir dia a dia a ponto de ficarem em situação crítica. Recentemente duas cadeias de restaurantes especializados em carne bovina como a cadeia Strip House Steak House pertencente ao The Glazier Group, com 6 restaurantes no total e localizados em New York City, Las Vegas, Houston, Naples – Florida, entre outras localidades pediram proteção contra falência a corte americana (File chapter 11) semelhante a recuperação judicial no Brasil buscando reestruturar um passivo a descoberto de USD 12 milhões, e também as redes de restaurantes Charlie Brown´s Steakhouse, Bogaboo Creek Steak Houses e The Office Beer Bar & Grill pertencente ao grupo CB Holdings. No caso do Strip House os restaurantes continuam operando e contando com o sucesso da recuperação judicial, mas nos restaurantes da CB Holdings vários foram fechados. Dos 49 Charlie Brown´s 29 fecharam, dos 18 Bogaboo´s 6 fecharam e os The Beer Oficces permanecem abertos.

Estive no ano passado no Strip House em Naples – Florida e realmente o ambiente e a carne são fantásticos, carne de primeiríssima linha US Prime, que é a carne mais marmorizada de gordura, muito macia e valorizada do mercado americano, onde apenas 5% dos animais abatidos conseguem esta classificação dada pelos inspetores do USDA; também tivemos movimento em outras cadeias de fastfood com o Burger King que passou para as mãos do grupo 3G Capital. A carne nos EUA teve seu preço elevado, como acontece no Brasil, não pelos mesmos motivos do abate excessivo de matrizes gerando a falta de animais terminados para abate, mas diretamente relacionado pela alta nos custos de produção, principalmente do milho que é o principal alimento para os criadores americanos.

A política norte americana de destinação do milho para 2010/2011 vai ajudar a intensificar o desequilíbrio do preço das proteínas nos EUA e no mundo. A destinação de milho para produção de etanol, vem sofrendo ajustes anuais, sempre para cima nos últimos 3 anos e, para o período 2010/2011 (iniciando em Setembro 2010), haverá o incremento de 2,5 milhões de toneladas totalizando 120 milhões de toneladas que se transformarão em biocombustível.

Não só o boi, mas as aves e suínos também serão afetados em termos de custo de produção. A bola de neve da inflação dos alimentos cresce. A previsão de crescimento nos preços no varejo, além da que já aconteceu em 2010 está estimado em torno de 1,5% a 3% dependendo da proteína segundo o USDA. Na minha perspectiva pode ser maior, pois existem vários outros fatores acontecendo que podem puxar estes números para cima. Previsões costumam ser baseadas em condições muito estáticas e o que poderemos ver são reações aos aumentos de preços do milho, refletindo nas proteínas que podem potencializar as altas. Estes fatores dinâmicos são comumente descartados.

O governo também passa pela crise. Governos municipais estão tomando várias medidas para ficar dentro do seu orçamento e reduzindo carga horária nas escolas, reduzindo a força policial, vendendo ativos do município como estádios, rodoviárias, etc. Como se não bastasse o governo federal agora quer cobrar pelo serviço de inspeção dos fiscais do USDA nas plantas abatedoras norte americanas, serviço semelhante aos que os fiscais agropecuários do SIF brasileiro fazem nas plantas de produção de alimentos de origem animal. A cobrança não é uma ideia nova, no passado o governo federal americano já tentou cobrar pelos serviços mas houve uma rejeição muito forte por parte da indústria e o processo foi abandonado; tudo isso para tentar equilibrar os gastos do governo federal americano. Se a aprovação passar pelo congresso, mais um custo será adicionado à cadeia de produção da carne no próximo ano.

Portanto o cenário não é bom para aumento de produção, mas sim para aumento de preços. O Brasil deve pegar carona neste cenário, principalmente nas aves e suínos visto que o EUA é o grande diretor nos preços do grão no mundo.

Mas a história não para aí para os produtores de carne. Tem o Food Safety Modernization Act, que é uma legislação sobre segurança alimentar, em tramitação no congresso; o novo recém-aprovado regulamento de etiquetagem e identificação para carnes e também a rastreabilidade animal que vão trazer restrições e custos na cadeia produtiva como um todo; mas sobre estes falamos em outra oportunidade.

Portanto os produtores, a indústria e o varejo americanos terão um ano cheio em 2011, para o consumidor então, nem se fala!

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