A ciência do bem-estar animal é fantástica e nos mantém estimulados a buscar respostas – Paola Rueda [Prêmio BeefPoint Bem-estar Animal]

O BeefPoint realizará um grande evento – BeefSummit Bem-estar Animal – no dia 8 de maio de 2014, no Centro de Convenções do Ribeirão Shopping, na cidade de Ribeirão Preto/SP.

O evento terá a participação especial de Temple Grandin – pesquisadora que é referência mundial em bem-estar animal, também terá palestras inovadoras, com o Prof. Mateus Paranhos da Costa e pecuaristas que são referência nas práticas de bem-estar animal no Brasil.

Estes profissionais irão compartilhar casos de sucesso e aprendizados nesta área que cresce, a cada dia, dentro da cadeia produtiva da carne. E para fechar o dia com chave de ouro realizaremos a entrega do Prêmio BeefPoint 2014 – Edição Bem-estar Animal, que irá homenagear pecuaristas, profissionais, vaqueiros e pesquisadores que são referência em BEA no Brasil.

O público escolherá por meio de votação online, o vencedor de cada categoria. Assim, para você – leitor BeefPoint – conhecer melhor os indicados, nós preparamos uma entrevista com cada um deles!

Conheça Paola Moretti Rueda, finalista na categoria Profissional Referência em Bem-estar Animal.

Paola Moretti Rueda é zootecnista e atualmente mora em São Paulo. Inicialmente, dedicou-se a estudar a influência do bem-estar animal na reprodução de bovinos, onde realizou diversos trabalhos e publicações na área.

Sua iniciação científica e posteriormente o mestrado foram realizados na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, enquanto que seu doutorado foi realizado na Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Unesp – Campus de Jaboticabal/SP, no Grupo ETCO; ambos seguindo a mesma linha de pesquisa, ou seja, a mesma paixão: estudos na área de reprodução associados ao manejo, temperamento e bem-estar animal. Hoje, Paola trabalha na Sociedade Mundial de proteção animal -WSPA.

Paola Rueda é uma pessoa bastante determinada e que tem como foco fazer as coisas acontecerem! Seus hobbies são o campo e seus animais de estimação –  seus três cachorros. Nas horas vagas também adora ler um bom livro, além de tocar e cantar um boa moda de viola.

BeefPoint: O que você implementou de diferente no trabalho de difusão dos conceitos em bem-estar animal – de forma técnica? 

Paola Rueda: Meu foco sempre foi na interação entre manejo (interação entre humanos e animais), comportamento dos animais, temperamento e eficiência reprodutiva, principalmente nas biotecnologias, como inseminação artificial em tempo fixo e transferência de embriões.

Atualmente, não abandonei as fazendas, mas estou me dedicando mais intensamente ao abate humanitário de bovinos, aves e suínos. Trabalhando principalmente com capacitações.

BeefPoint: Qual a aceitabilidade dos pecuaristas quanto a adoção de novas técnicas de manejo em suas propriedades, principalmente as focadas no manejo racional?

Paola Rueda: Comecei a me dedicar na área em 2002 e era possível contar nos dedos os pecuaristas que se preocupavam com o tema. Atualmente o cenário é outro, o número de fazendas e pessoas adotando técnicas de manejo racional  é crescente, além do mais, as pessoas que trabalham com os animais veem como o manejo racional traz vantagens no dia a dia de suas vidas elas começam a praticar rotineiramente.

BeefPoint: Quais as técnicas e argumentos você utiliza para convencer o seu cliente que o bem-estar animal é algo que faz a diferença em todo o ciclo da cadeia produtiva da carne?

Paola Rueda: Atualmente, posso dizer que passei por boa parte da cadeia trabalhando com bem-estar animal, ou seja da reprodução ao abate, e acredito que em todas as fases os argumentos utilizados para o convencimento são vários, começando pelo retorno financeiro que o bem-estar pode proporcionar, seja na reprodução, ganho de peso ou qualidade da carne.

Afinal a pecuária é uma atividade econômica que deve gerar lucros para as pessoas envolvidas na cadeia e este argumento é muito importante para que este seja inserido na cadeia. Segundo e não menos importante é pela “senciência”, sendo que já foi provado cientificamente a capacidade dos animais em sentir dor, medo entre outros sentimentos que tem que ser respeitados, uma vez que o entendimento disso traz o respeito aos animais.

Enfim, o importante é educar as pessoas sobre os dois itens anteriores, pois a maioria delas não agem como desejamos no dia a dia com os animais por falta de conhecimento e não por outros motivos.

BeefPoint: Qual o perfil de pecuarista que procura pelo seu serviço?

Paola Rueda: Tenho trabalhado com frigoríficos, com foco em capacitações que visam a melhoria nos processos pré-abate e abate, qualidade da carne ou adequação às normas nacionais e internacionais de bem-estar animal.

BeefPoint: Como você descreveria sua linha de trabalho? Como o bem-estar se integra nisso? O que vem lhe trazendo mais resultados? 

Paola Rueda: A minha linha de trabalho sempre foi bem-estar, primeiramente em bovinos e hoje em aves e suínos. O que mais gosto de trabalhar é com educação, ou seja, capacitações e desenvolvimento de materiais e estratégias para levar a informação sobre o bem-estar animal para as pessoas.

Além do mais, esse trabalho me traz uma satisfação pessoal muito grande. Assim, acredito que a mudança de conduta com os animais será um processo contínuo, por um longo tempo, pois a educação traz a incorporação dos valores intrínsecos ao manejo racional e bem-estar.

Acredito, realmente, que a pecuária deve ser sustentável, diminuindo as perdas absurdas que temos por manejos incorretos ao longo da cadeia, aumentando a produtividade e respeitando os animais!

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Paola Rueda: Acredito que ter paciência e entender o ritmo de cada processo e que tudo tem seu tempo e que devemos respeitar.

BeefPoint: Qual inovação e/ou novidade no setor você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando inovar?

Paola Rueda: A ciência do bem-estar é fantástica, ela é relativamente nova e temos novidades constantemente, o que nos mantém estimulados a buscar por respostas. Claro que isso tem seu peso, pois muitos detalhes técnicos ainda não são claros.

BeefPoint: Quais seus planos em 2014?

Paola Rueda: Trabalhar com implementação de técnicas de bem-estar de bovinos desde o nascimento ao abate junto com toda a cadeia produtiva, além de expandir mais meu campo de trabalho para aves e suínos.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária brasileira hoje?

Paola Rueda: A bovinocultura de corte é uma atividade que tem uma margem de lucro relativamente baixa e portanto, lucro excedente é muito importante ao produtor. Porém, o que impera além da economia no futuro deve ser a sustentabilidade deste sistema, onde a base deve ser: ambiente, social e bem-estar. Sendo que esse tripé da sustentabilidade na pecuária auxilia justamente nesta parte do retorno econômico necessário a economia.

BeefPoint: Qual o exemplo de profissional dessa área você mais admira?

Paola Rueda: É difícil dizer que um único profissional é um exemplo para mim. No Brasil admiro muito o professor Mateus Paranhos da Costa que foi meu orientador de doutorado e tive a feliz oportunidade de aprender muitas técnicas e exemplos continuamente com ele.

Não posso esquecer da minha orientadora de mestrado e iniciação científica que me ensinou os primeiros passos na área de bem-estar. E internacionalmente a Dra. Temple Grandin é um exemplo para todas as pessoas que trabalham com isso, ela é um exemplo tanto no lado pessoal como no profissional.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Paola Rueda: A implementação do manejo racional e de técnicas que levem ao bem-estar é um processo lento e que engloba a conscientização de todos os que participam do manejo, seja na fazenda ou no frigorífico. Mas, não desista, pois a adoção destas técnicas fazem toda a diferença!

Veja o cronograma completo do BeefSummit Bem-Estar Animal!

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