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A carne bovina se tornará a nova carne suína na China?

Certamente, a carne suína continua sendo a carne padrão dos consumidores chineses, que comem mais da metade da produção de carne suína do mundo e deverão expandir o consumo em cerca de 2,5% nesse ano, para 56,3 milhões de toneladas, de acordo com o escritório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Pequim.

O crescimento está sendo impulsionado não somente pelo aumento da renda dos consumidores, mas pelo surto de gripe aviária H7N9, que diminuiu a popularidade da carne de frango. O surto de gripe aviária da China influencia os consumidores a consumirem menos carne de aves e mais carnes vermelhas e peixe.

Entretanto, o consumo de carne bovina da China deverá aumentar ainda mais rápido, embora de uma base muito menor, impulsionado por algumas preocupações de segurança alimentar referente à carne suína também, após a descoberta de mais de 10.000 suínos mortos, despejados no rio Huangpu em Xangai no ano passado.

O consumo de carne bovina pela China alcançou um recorde de 6,26 milhões de toneladas nesse ano, crescimento de 5,1%,  65.000 toneladas a mais do que o previsto anteriormente. Embora ainda pequeno, em comparação com a demanda de carne suína, é suficiente para posicionar a China como o terceiro maior consumidor de carne bovina do mundo, atrás dos Estados Unidos e do Brasil.

O preço médio de importação de carne bovina da China no ano passado, de US$ 4.313 a tonelada, foi surpreendentemente 55% abaixo do preço médio no varejo, que vem aumentando a uma taxa de 30% ao ano.

O escritório do USDA aumentou para 550.000 toneladas sua previsão de importações de carne bovina pela China para 2014, um aumento de 19 vezes em três anos e promovendo o país para o quarto (com Hong Kong) entre os compradores.

As exportações do Canadá à China aumentaram em seis vezes, para 24.373 toneladas, peso carcaça, em 2013, apesar da Austrália ser o maior fornecedor, triplicando, para 154.834 toneladas por peso de abate, de acordo com o Rabobank.

No mês passado, as exportações de carne bovina da Austrália alcançaram um recorde para janeiro, de 64.642 toneladas, “apoiadas pela forte demanda chinesa e coreana antes das celebrações do ano novo lunar”, disse Vianne Lai do National Australia Bank. Essa demanda tem compensado em parte a queda nos preços dos bovinos australianos pela seca da costa leste, o que tem encorajado os produtores a aumentar as taxas de abate, que alcançaram seu maior valor em 15 anos, de 9,1 milhões de cabeças no ano passado.

Entretanto, a demanda por carne bovina da China parece ter aumentado o impacto nos mercados de alimentos animais também, à medida que a indústria doméstica do país cresce. “Os produtores estão utilizando milho e alfafa em abundância para dar suporte à sua expansão na produção de carne bovina”, disse o USDA. O país já importa mais da metade das 1,5 milhão de toneladas de alfafa utilizadas, principalmente dos Estados Unidos.

Considerando que os bovinos requerem aproximadamente 50% mais  de alimentos animais por quilo de ganho de peso, comparado com os suínos, o impacto na demanda por grãos e as importações de milho poderá ser significativo também.

Fonte: Agrimoney, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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