Brasil e Reino Unido discutem possível negociação de acordo comercial
13 de novembro de 2020
China encontra coronavírus em embalagem de carne bovina do Brasil
13 de novembro de 2020

77 milhões de pessoas não têm acesso à internet de qualidade em áreas rurais na América Latina

Pelo menos 77 milhões de pessoas que vivem em áreas rurais da América Latina e Caribe carecem de conectividade com padrões mínimos de qualidade, mostrou a pesquisa “Conectividade Rural na América Latina e no Caribe – Uma ponte para o desenvolvimento sustentável em tempos de pandemia”, apresentado nesta quinta-feira pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Microsoft.

O estudo, que concentrou seu trabalho em 24 países da América Latina e do Caribe e oferece um panorama completo da situação da conectividade rural na região, e revela que 71% da população urbana da América Latina e do Caribe possui opções de conectividade, em comparação com menos de 37% nas áreas rurais, uma lacuna de 34 pontos percentuais que compromete um imenso potencial social, econômico e produtivo.

No total, 32% da população da América Latina e do Caribe, ou 244 milhões de pessoas, não acessa os serviços de Internet.

A lacuna na conectividade é mais acentuada se for feita uma distinção entre população urbana e rural, chegando em alguns casos a uma diferença de 40 pontos percentuais. Do total de pessoas sem acesso à internet na região, 46 ​​milhões vivem em territórios rurais.

A pesquisa encontrou grandes limitações nos dados estatísticos oficiais disponíveis, o que impossibilita mostrar com maior precisão o real estado da situação da conectividade nos territórios rurais das Américas: apenas 50% dos países da região possuem medidas específicas sobre conectividade em áreas rurais.

Para amenizar essas lacunas, o IICA, o BID e a Microsoft desenvolveram o Índice de Conectividade de Significância Rural (ICSr) e o Índice de Conectividade de Significância Urbana (ICSu), permitindo medir a qualidade da conexão a partir das informações disponíveis nas estatísticas oficiais e com base em outros índices existentes, incluindo o Banda Larga do BID; o de Conectividade Móvel, Grupo Especial de Celular, GSMA Association (GSMA); e General Connectivity, utilizado pela International Telecommunications Union (ITU, por sua sigla em inglês).

A estimativa realizada permitiu-nos caracterizar a situação da região através de três clusters de 24 países, em que todos apresentam defasagens de conectividade, presentes nas zonas rurais há décadas:

– Cluster de conectividade rural altamente significativo: Inclui as Bahamas, Barbados, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e Panamá, que representam 37% da população rural da amostra.

– Cluster de nível médio de conectividade: Inclui Argentina, Equador, México, Paraguai, República Dominicana, Trinidad e Tobago e Uruguai, que representam 35% da população rural da amostra.

– Cluster de baixa conectividade: Inclui Belize, Bolívia, El Salvador, Guatemala, Guiana, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Peru e Venezuela, que representam 28% da população rural da amostra.

A pesquisa revelou que os atrasos mais importantes na conectividade se devem à baixa frequência da internet, com uma média de apenas 10% da população rural (ou 21% excluindo o Brasil) utilizando a rede global de computadores. Segue-se em importância a escassa disponibilidade de banda larga, com uma média de 16,6% da população rural a ter acesso a este serviço.

“Estabelecemos uma meta ambiciosa: reposicionar os territórios rurais como áreas com alto potencial de progresso e prosperidade, o que requer cadeias produtivas sólidas e ancoradas no acesso a serviços, tecnologias e conectividade em níveis adequados. Instituição fundamental do setor agropecuário, o IICA e seus parceiros estão se mobilizando para unir os esforços dos países e do setor privado. Nosso objetivo é reduzir radicalmente as lacunas que impedem o desenvolvimento. A lacuna de conectividade rural-urbana é aquela que requer mais atenção”, disse Manuel Otero, Diretor-Geral do IICA.

“A falta de conectividade não impõe apenas uma barreira tecnológica. Também constitui uma barreira no acesso à saúde, educação, serviços sociais, trabalho e economia em geral. Se não fecharmos, essa barreira será cada vez maior e tornará ainda mais desigual a região que já é a mais desigual do mundo”, disse Marcelo Cabrol, Gerente da Área Social do BID.

Enquanto isso, Luciano Braverman, Diretor de Educação da Microsoft América Latina, indicou: “Da Microsoft sabemos que uma população conectada tem muitas oportunidades de trabalhar e gerar renda, acessar conhecimentos e informações que alimentam esse trabalho, serviços de telemedicina e conteúdo de saúde de educação online. É especialmente importante sublinhar o impacto positivo de grande magnitude social e produtiva que a conectividade plena teria nas áreas rurais. Por isso priorizamos esforços para conectar o campo da América Latina e do Caribe”.

De acordo com os dados citados no relatório, um aumento de 1% na penetração da banda larga fixa produz um aumento de 0,08% do PIB, enquanto um aumento de 1% na penetração da banda larga móvel produz um aumento na 0,15% do PIB.

Além disso, em relação aos processos de digitalização, estima-se que um aumento de 1% no índice de desenvolvimento do ecossistema digital leve a uma expansão de 0,13% do PIB per capita, com seus consequentes impactos.

“Para o trabalho de pesquisa, foram realizadas dezenas de entrevistas e 39 informantes-chave dos setores público e privado forneceram dados para estabelecer um quadro preciso da situação da conectividade na região, em um momento em que a disseminação do COVID-19 agrava a magnitude do problema da marginalização de quase um terço da população latino-americana e caribenha no uso da Internet ”, explicou Sandra Ziegler, pesquisadora do IICA que conduziu a elaboração do estudo.

Fonte: El Mostrador, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress