Inmet prevê frio para os próximos meses
28 de junho de 2011
Mercados Futuros – 28/06/11
29 de junho de 2011

18 anos de “Outubros”

Eis que nosso representante da entressafra chega à maior idade. Foram muitas aventuras nesse período, muitas alegrias e muitas preocupações. Para igualar banana com banana, porque senão não dá para comparar o boi de 1994 com o boi de 2011, vamos olhar para o contrato pelo o que ele realmente importa ao pecuarista, isto é, o ágio do seu preço ou, em outras palavras, qual foi à expectativa do mercado para a alta do indicador na entressafra.

Eis que nosso representante da entressafra chega à maior idade. Foram muitas aventuras nesse período, muitas alegrias e muitas preocupações.

Para igualar banana com banana, porque senão não dá para comparar o boi de 1994 com o boi de 2011, vamos olhar para o contrato pelo o que ele realmente importa ao pecuarista, isto é, o ágio do seu preço ou, em outras palavras, qual foi à expectativa do mercado para a alta do indicador na entressafra.

Observe o gráfico abaixo.

Mas como esse nosso contrato chega nesses dezoito anos de vida? Aparentemente meio cansado de tanta negociação? Ou simplesmente ele é o reflexo do status quo atual do mercado?

Repare na queda do ágio de 2006 para cá. Os picos das apostas de alta imaginavam um indicador 20% acima do que ele valia naquele momento. De 2006 para cá essas apostas, por assim dizer, foram perdendo gás. O contrato de outubro foi deixando de acreditar em novas altas para o indicador.

A média do ágio de 2006 para cá foi 16%. Antes era 20%. Certo. Mas e as médias das altas reais do indicador, ou seja, o que realmente ocorreu? Bom, até 2006 o indicador subiu em média 29%. De 2006 para cá — pasmem — o indicador subiu em média 31%.

Hein?! Então com o passar do tempo o contrato ícone da entressafra foi ficando cansado… foi diminuindo suas apostas… de 20% para 16% de aposta de alta, enquanto o indicador (mercado real) está mais jovem que nunca, subindo de verdade de 29% para 31%?

É isso aí.

E hoje? Ah, não, caro leitor. Aí é humilhação. Hoje o ágio está por volta de 6%. É o menor ágio desses últimos 18 anos PARA ESSA ÉPOCA DO ANO, ou seja, no início da entressafra.

Percebeu a coisa? O mercado físico sobe quase 50% a mais que as apostas no contrato de outubro e a turma não está percebendo isso. Estão muito focados no aqui – agora e esquecendo o longo-prazo?

Não sei. Mas esse é o status quo atual do mercado, bom ou ruim, falso ou verdadeiro, na mosca ou distorcido. Por incrível que isso possa parecer para quem acompanha esse mercado praticamente também há 18 anos.

Artigo publicado inicialmente pela Carta Pecuária

0 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Muito interessante a abordagem proposta. Comparar as apostas de diferencial de preços entre safra e enresafra feitas no mercado futuro com a realidade ocorrida de fato no mercado físico.

    Há muitas coisas que devemos considerar neste período, como a ampliação dos confinamentos, a entrada dos grandes frigoríficos nesta atividade e o crescimento dos contratos a termo firmados diretamente entre produtores e frigoríficos.

    A princípio o crescimento dos confinamentos deveria atenuar o diferencial de preços safra / entresafra, explicando a perda de apetite por apostas de grandes diferencias de preços. Mas certamente não explica pq a realidade do mercado físico foi na direção aposta.

    Mas uma coisa me parece certa: as apostas feitas no mercado futuro pelos pecuaristas ao longo deste período, que entram vendidos, foram, na média, perdedoras. E como o período considerado é longo o suficiente tendo a acreditar que os pecuaristas foram mal assessorados.

    Já o crescimento dos contratos a termo parece indicar que o custo / burocracia da BMF / corretoras foi um fator de desintermediação.

    De toda forma o texto abre espaço para muitas indagações e busca de respostas.

    Parabéns!

  2. Nadia de Barros Alcantara disse:

    Olá Rogério,

    Também estamos acompanhando o mercado futuro do boi gordo "de perto" e temos notado que as diferenças entre os meses de safra (que já chega ao seu final) e os meses de entresafra estão bastante estreitas, principalmente quando comparamos com os spreads de preços entre esses períodos no mercado físico em anos anteriores. Uma questão que coloco é relacionada a quem são os agentes que operam no mercado futuro do boi, uma vez que uma das funções desse tipo de contrato é proteger os agentes das incertezas de preços no futuro. Eventualmente especulações nesse mercado não me parecem interessantes enquanto ele serve como instrumento de mitigação de riscos. Não sei se é possível, mas seria interessante que houvesse algum tipo de transparencia quanto a composição dos agentes que estão operando (sem identificação do agente em si, mas com base em classificações de grupos de agentes), o que poderia até estimular um maior o uso desse instrumento pelos maiores interessados sejam eles pecuaristas, mas também indústrias frigorificos, traders e redes de supermercado.

plugins premium WordPress