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Uso de Silicato de Cálcio como corretivo de acidez do solo na agropecuária brasileira

A pastagem é a principal fonte de alimento na pecuária nacional otimizando a relação custo/benefício desta atividade (PEDREIRA & MELLO, 2000). A produção de massa seca é função de fatores não controláveis, inerentes ao ambiente, como radiação solar, temperatura e umidade do solo, e de fatores controláveis, como fertilidade, pressão de pastejo, dentre outras.

A pastagem é a principal fonte de alimento na pecuária nacional otimizando a relação custo/benefício desta atividade (PEDREIRA & MELLO, 2000). A produção de massa seca é função de fatores não controláveis, inerentes ao ambiente, como radiação solar, temperatura e umidade do solo, e de fatores controláveis, como fertilidade, pressão de pastejo, dentre outras.

A maior parte do rendimento, qualidade e precocidade do produto final depende de como as pastagens são exploradas. Isso faz com que a formação e o manejo das pastagens assumam importância primordial para evitar sua degradação e garantir sua perenidade, sem decréscimo da qualidade nutricional, pois, segundo HODGSON (1990), quando bem manejada, é a fonte mais barata de alimentação para o rebanho.

Os solos do cerrado brasileiro são, em geral, profundamente intemperizados e lixiviados, com acentuada dessilicatização e pobreza em bases, o que lhes confere uma fração argilosa constituída de caulinita e sesquióxidos (EMBRAPA, 1982).

O silício é reconhecido devido sua influência na resistência das plantas em resposta a ataques de insetos, nematóides, doenças, estado nutritivo, transpiração e, possivelmente, alguns aspectos de eficiência fotossintética (DEREN et al., 1994).

As principais características de uma fonte de silício com finalidade agrícola podem ser encontradas nos silicatos de cálcio e magnésio, que são provenientes das escórias de industria siderurgica, desde que sem potencial de contaminação por metais pesados, são capazes de fornecer ao solo um alto conteúdo de silício-solúvel com boas relações e quantidades de cálcio e magnésio. Constituidos basicamente de CaSiO3 e MgSiO3, seus benefícios estão associados com o aumento da disponibilidade do silício, elevação do pH e com aumento da disponibilidade do cálcio e magnésio trocável do solo (KORNDORFER, PEREIRA e CAMARGO, 2002).

Deste modo, o silicato de cálcio vem sendo usado para fornecer cálcio e silício, contudo, ainda se dispõe de poucos resultados experimentais, principalmente para plantas forrageiras. Luz et al. (2005) avaliaram a aplicação do silicato de cálcio em pastagens de Brachiaria brizantha e obtiveram respostas favoráveis dos atributos químicos do solo relacionados à correção da acidez (pH em CaCl2, Ca, Mg, K, H+Al e V%) com aplicação de níveis de 2 a 6 t/ha e obteve capacidade de elevar os teores de silício no perfil do solo e nas folhas do capim ao longo do tempo.

Luz et al. (2007) apresentaram resultados positivos na produção de massa seca e aumento significativo dos teores de Si na folha a partir de 2 t/ha da aplicação de silicato de cálcio e não houve resposta significativa para a composição bromatológica.

FARIA et al. (2008) concluíram efeito residual do silicato de cálcio, aos 720 dias após a aplicação, para os atributos químicos do solo relacionados com a correção da acidez (pH em CaCl2, Ca2+, Mg2+, K+, H+ Al e V%) e para o teor de Si, porém, esse efeito não alterou os teores dos componentes químicos foliares avaliados e não afetaram a composição bromatológica.

A aplicação do silicato de cálcio na agropecuária como corretivo para a acidez do solo e consequentemente, aumentar os teores de silício no solo e nas plantas pode ser uma boa alternativa, desde que sua composição esteja isenta de metais pesados.

Referências bibliográficas

PEDREIRA, C.G.S. & MELLO, A.C.L. Cynodon spp. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM: A PLANTA FORRAGEIRA NO SISTEMA DE PRODUÇÃO, 17., Piracicaba, 2000. Anais. Piracicaba, Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 2000. p.109-133.

DEREN, C.W.; DATNOFF, L.E.; ZINDER, G.H. & MARTÍN, F. Silicon concentration disease response and yield components of rice genotypes grown on flooded organic Histosols. Crop Sci., 34:733-737, 1994.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA – EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Levantamento de média intensidade dos solos e avaliação de aptidão agrícola das terras do triângulo mineiro. Rio de Janeiro, 1982. 526p. (Boletim Técnico, 1)

FARIA, L.A.; LUZ, P.H.C.; RODRIGUES, R.C.; HERLING, V.R.; MACEDO, F.B. Efeito residual da silicatagem no solo e na produtividade do capim-Marandu sob pastejo R. Bras. Ci. Solo, 32:1209-1216, 2008

HODGSON, J. Grazing management – Science into practice . Essex, Longman Scientific & Technical, 1990. 203p.

KORNDÖRFER, G.H.; PEREIRA, H.S. & CAMARGO, M.S. Silicato de cálcio e magnésio na agricultura. Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia – Instituto de Ciências Agrárias, 2002. 15p. (Boletim Técnico, 1)

LUZ, P.H.C.; FARIA, L.A.; MACEDO, F.B.; HERLING, V.R.; SANCHES, A.B. Reflexos da aplicação de Silício em pastagem de capim-braquiarão nos atributos químicos do solo. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia – 44ª RBZ, Jaboticabal, 2007. Anais. Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2007.

LUZ, P.H.C.; FARIA, L.A.; RODRIGUES, R.C.; SCHALCH JUNIOR, F.J.; MARTINI, G.L.M.; HERLING, V.R.; MORIMOTO, T.K.; SILVA, E.T.M.; SILVA, S.L. Atributos químicos do solo e planta relacionados com a correção da acidez em capim-braquiarão [ Brachiaria brizantha (Hochst ex a. Rich.) Stapf. cv. Marandu] submetido a doses de silício e intensidades de pastejo. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia – 42ª RBZ, Goiânia, 2005. Anais. Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2005.

3 Comments

  1. Jose Eduardo da Silva disse:

    Isto é bom se você misturar ele com enxofre ai você vai ver o resultado, bom para o eucalipto, pastagens.

  2. Herbert Vilela disse:

    Realmente o Silicato de Ca e Mg é muito bom como corretivo do solo. Reduz o tempo de reação com o solo – vantagem considerável.

  3. Ricardo Santos disse:

    Quando trabalhava na Manah tínhamos um produto diferenciado que apresentava Si em sua formulação. Este produto era direcionado para Milho safrinha e Arroz de sequeiro e apresentava resultados muto bons, sendo comparado apenas com um produto da Mitsui, o Arroz Master. Isto se devia ao fato de o Termofosfato da Mitsui, utilizado na formulação do Arroz Master, tbém apresentar teor de Si. Este Si era responsável, decido a quantidade na formulação, não pela correção de acidez, mas pela maior resistência das plantas ao stress hídrico e a sanidade da planta ( menor incidência de brusone no caso do arroz).

    Lembro-me bem que discutíamos a aplicação de Silicatos para correção de solo, mas em níveis menores que os comentados no trabalho acima, coisa de 1/3 da dose de calcário recomendada. Outra coisa que era discutida era a disponibilidade de P quando da aplicação do Silicato.

    Na literatura agronômica Alemã e Japonesa este é um assunto que apresenta mtos trabalhos, no entanto, no Brasil não temos mtos trabalhos a respeito, mas que deveria ser insentivado, uma vez que é mais uma opção para o produtor.

    Infelizmente ficamos a mercê da industria produtora. para ter uma idéia, a Bunge deixou de produzir este produto da Manah com Si, ao invéz de aprofundar mais nas pesquisas sobre este elemento, seja em formulações para Soja, Algodão, Pastagens, etc.

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