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UE: lista de fazenda habilitadas cresce em ritmo lento

Oito meses após a reabertura do mercado europeu à carne bovina brasileira, a lista de propriedades aptas a exportar para o bloco pouco cresceu. A primeira relação, aprovada em fevereiro, tinha apenas 106 propriedades. Até a semana passada, eram 489 fazendas na lista oficial, como constava no site da União Européia (UE). É pouco mais de 10% do número de fazendas aprovadas no Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), do Ministério da Agricultura, que tem cerca de 4.300 propriedades cadastradas.

Oito meses após a reabertura do mercado europeu à carne bovina brasileira, a lista de propriedades aptas a exportar para o bloco pouco cresceu. A primeira relação, aprovada em fevereiro, tinha apenas 106 propriedades. Até a semana passada, eram 489 fazendas na lista oficial, como constava no site da União Européia (UE). É pouco mais de 10% do número de fazendas aprovadas no Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), do Ministério da Agricultura, que tem cerca de 4.300 propriedades cadastradas.

O coordenador-geral do Sisbov, Naor Maia Luna, explica que no primeiro semestre a lista ficou parada porque o ministério e as secretarias estaduais de agricultura estavam treinando técnicos para fazer as auditorias conforme as exigências da UE. Mas, a partir de agosto, o processo ficou mais ágil. “Estamos incluindo cerca de 40 propriedades por semana”, diz. “Embora o número de fazendas auditadas seja maior, nem todas conseguem ser habilitadas.”

Para Maia Luna, a agilidade de inclusão na lista depende da estratégia de cada Estado. “Alguns têm equipes exclusivas para auditorias e por isso conseguem habilitar mais rápido.”

Mas, para o diretor-executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Juan Lebrón, o ritmo continua lento. “Assim não vamos retomar nem em um ano o volume que exportávamos para a Europa, antes do embargo.” Para ele, o problema não é a fiscalização, e sim o tipo de exigências. “A tolerância é zero. Qualquer item, mesmo que seja a latitude e longitude, que não estiver em conformidade com o check-list, desabilita a fazenda.”

O coordenador de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura paulista, Cláudio Alvarenga, diz que está havendo um ajuste de interesse por parte do pecuarista. “Os produtores estão desanimados, pois o processo é exigente e muitos não se adequam.” Para ter idéia da dificuldade em ser aprovado, das 68 propriedades auditadas até a semana passada em São Paulo, apenas 19 foram habilitadas. Em Minas, de 453 propriedades, 271 foram aprovadas. O restante não estava em conformidade com 100% dos 79 itens do check-list.

“Se houver um item sequer em não-conformidade a propriedade não pode ser habilitada”, confirma a coordenadora do Programa de Rastreabilidade Bovina e Bubalina de Minas, Therezinha Porto.

Conforme Maia Luna, o maior problema encontrado pelos auditores é com relação ao registro de controle dos animais. “A sanidade do rebanho é boa. O entrave é a burocracia, mas é a documentação que vai comprovar que o pecuarista está fazendo tudo certo.”

A veterinária Cristina Lombardi, diretora da certificadora SBC, acredita que o processo de certificação de bovinos representa uma mudança cultural. “O processo é burocrático e muitos funcionários têm baixa escolaridade. Fica difícil se familiarizar com os novos controles.” Com relação ao número de propriedades recusadas nas auditorias, Cristina diz que faltou treinamento para os técnicos das certificadoras, responsáveis por orientar os pecuaristas.

A matéria é de Niza Souza, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Por que a certificação da carne tem que ser tão complicada, e a de outras commodities tão mais simples?

    Se a UE não exigia tamanho rigor, por que se resolveu montar um sistema tão complexo?

    Por que se mentiu por tantos anos dizendo que “era exigência dos nossos clientes”?

    Por que este setor do MAPA, que montou o SISBOV e hoje é responsável por seguidas humilhações infligidas a Stephanes, não se rende aos fatos e passa a estudar um sistema mais simples, como exigem os pecuaristas e, felizmente, a Comissão de Agricultura da Câmara Federal?

    Com relação ao ERAS, a absoluta maioria já resolveu que não vai aderir. Os que estão se submetendo às inspeções vão, evidentemente, aproveitar o momento fugaz em que os frigoríficos tentam nos engabelar com os tais “10 reais a mais por arroba”. Calculadamente, estes boiadeiros vão buscar obter o prêmio nas uma ou duas próximas boiadas abatidas, custeando com ele o gasto em que incorreram na maldita hora em que resolveram virar ERAS. Vacinados pelas histórias de horror que viveram ou ouviram de seus colegas, vão então dar uma grande banana para esta turma do MAPA, que insiste em nos empurrar um sistema totalmente falido.

    O momento é da classe produtora cerrar fileiras em torno da derrubada do SISBOV, exigindo sua substituição por um sistema factível, inclusivista e amigo – jamais inimigo – do pecuarista de corte.

    SISBOV? Não brinco mais!

  2. Plinio Coelho de Oliveira Neto disse:

    Como supervisor de uma certificadora vejo como os pecuaristas tem grande dificuldade em preencher todos os formulários e comunicados, em grande parte (mais de 90%) faltou esclarecimento quanto a que estavam aderindo, muitos entraram no ERAS sem mesmo saber o que estavam fazendo, há alguns dias observei em uma propriedade onde o pecuarista não brincava 100 % dos animais, coisa básica. Ele achava que ainda estavámos no sistema antigo, onde a indentificação dos animais era por lotes.

    E ainda como supervisor tento esclarecer todos os pecuaristas que atendo, gasto em média dois dias em uma propriedade para me fazer entender completamente, para que não reste uma sombra de dúvidas quanto ao ERAS, enquanto isso vejo por aí supervisores que chegam a fazer duas vistorias por dia. Queria entender como, sinceramente.

    Então o que concluo é que falta responsabilidade por parte dos supervisores em acreditar fielmente no que estão fazendo. Por mais que as certificadoras se esforcem, de nada adianta se não houver cooperação entre todas as partes envolvidas.

    Como pecuarista me desanimo a cada venda que faço ao frigorífico, chego a ficar irritado com o tal do ANEXO B, que ainda circula em MS.

    Mas nada é só prejuízo, pelo menos habilitar a propriedade me fez organizar melhor o rebanho e hoje sei com certeza quantas cabeças tenho, quanto vendo e quanto compro por ano, me permitindo calcular o custo da @ produzida assim como o desfrute e todos os cálculos desejados, hoje tenho a propriedade na palma da mão, a rastreabilidade se tornou um modo de genreciamento da fazenda, com treinamento dos funcionários consegui uma margem mínima de erro.

    Se a rastreabilidade não colar, e todos os pecuaristas resolverem dar uma banana para o MAPA como disse o colega acima, pelo menos eu aproveitei-a a meu favor como forma de controle da propriedade, então em vez de sempre lamentarmos, vamos encarar o que de bom ela tem a nos oferecer, pois com uma boa assessoria o pecuarista pode tirar vantagem dela.

    SISBOV? Posso até continuar! (se me for vantajoso)

  3. Otavio Cesar Bucci disse:

    Caro Plinio voce tocou no ponto, o sisbov é a melhor ferramenta de gerenciamento de rebanho que existe, e é ai que esta o diferencial entre os que nao brincam mais, e os que estao aptos a exportar.

    Os que nao brincam mais querem uma pecuaria sem nenhum ou quase nenhum controle seja sanitario, zootecnico ou fiscal, e os ERAS sao os pecuaristas que ja entraram no seculo 21, e estao plugados no mercado e se preocupam em produzir o que o mercado quer, e os controles do sisbov sao rotinas cotidianas na fazenda, nada de excepicional.

  4. celso de almeida gaudencio disse:

    Não é permetido o uso do mesmo centro de manejo de ERAS diferentes, mesmo em áreas contíguas e de propriedade de mesmos titulares (NIRF diferentes).

    Medida que exclue do processo pequenos pecuaristas que usam de boas práticas. ERAS nesta situação deverão se recusar a Auditoria do MAPA, até que este fato seja mais bem esclarecido, ou desistir em rastrear os animais, solicitando a desativação técnica dos animais, antes que receba punições e dissabores da Auditória para habilitação para UE.

    Esta chegando à hora da saída em massa do SISBOV, em virtudes de mudanças de rota a todo o momento, sem respeitar o direito dos que rastreiam os animais desde o primeiro momento. Aos que pretendem entrar fica o alerta que a qualquer momento as regras podem mudar, novas exigências serão adicionadas, sem respeitar o direito adquirido. Estão cometendo um erro primário em não separar sistema ERAS de Programa de Carne Certificada, nivelando por cima.

  5. José Batista de Oliveira disse:

    É fácil uma certificadora vir aqui e jogar a culpa nos pecuaristas, cada um tem que assumir a sua parcela de responsabilidade seja ele o pecuarista, a certificadora e o Ministério, na minha opinião essa “equipe” está muito longe de falar a mesma língua.

    Certificadora para mim é tudo igual, só muda o nome e endereço e já estou na terceira e cada um com a sua mania e erros e vivem nos culpando, se a minha Fazenda foi dada como não conforme é porque na vistoria da Certificadora ela não viu ou não sabe ver as falhas que eu estava cometendo, se o Ministério deu “não conforme” para minha propriedade a culpa é da Certificadora que “sempre” esteve do meu lado (isso estou cansado de ouvir) mas agora cade a minha Certificadora? Quem vai assumir meus prejuízos?

    E os auditores do Ministério? quanta arrogância!, quanto poder! parecem que tem o prazer de dizer que “não está conforme”, cada picuínha que eles olham que são passíveis de correção no presente momento, mas não! Querem jogar ladeira abaixo todo um trabalho que levei anos para construir e agora o que faço com tudo isso que investi? Meu investimento, retorno foi jogado ao vento, não acredito mais nesse SISBOV! Não acredito mais que hoje seja vantajoso rastrear todos meus animais!

    Um dia numa palestra em Cuiabá/MT sobre a importância da rastreabilidade no Brasil, durante a palestra um colega pecuarista levanta e em bom tom diz: “Rastreabilidade? Tô fora! Meu gado é para o mercado interno. Eu não vou rastrear porque tenho certeza que só me trará prejuízos! Cada dia uma nova normativa, eu tô fora!”, levantou-se e foi embora, achei que o meu colega pecuarista não sabia o que estava falando, que um dia iria se arrepender das suas palavras, mas hoje, dois anos depois eu começo a acreditar no meu colega pecuarista.

    Desisto, joguei a toalha, tô fora! Do jeito que estão agindo não temos condições humanas e nem finaceiras de bancar um processo que ninguém garante que no futuro seremos recompensados.

    SISBOV é um terrorismo! Eu presenciei o trabalho que toda minha equipe lutou para colocar minha Fazenda na Lista, mas a decepção no rosto de cada um é muito clara, meus colaboradores: vocês lutaram! Vocês venceram!

    SISBOV? passa amanhã!

  6. Bruno Costa da Silva disse:

    SISBOV? Sim este sistema é uma ótima ferramenta de gerenciamento de rebanho, alem de agregar valor ao rebanho brasileiro.

    Mas que fique bem claro desde que levado a sério e conduzido com profissionalismo, por que não basta os produtores colocar os identificadores em seus animais (maioria das vezes em apenas animais comerciais), e achar que vai fazer milagres com esta atitude.

    Os produtores têm que conhecer o sistema. Que eles mesmos optaram a se aderir.

    Porque depois não adianta julgar o sistema, a certificadora, ou a sua equipe de campo.

    Se a certificadora não orientou o produtor ele deveria saber dos deveres da mesma e saber à hora de cobrar ou até mesmo de mudar, e como produtor ou responsável pelo ERAS ele deveria estar ciente de seus deveres.

    SISBOV? uma ótima opção para produtores profissionais

  7. Alberto Pessina disse:

    Caros produtores acima, infelizmente tenho que concordar com alguns de vocês. Fiz um esforço enorme para entrar na lista e finalmente consegui. Investi para deixar a fazenda em ordem para a auditoria. Aguentei a arrogancia dos auditores, que realmente procuravam picuinhas. Fiquei mais de quarenta dias atraz do meu processo em SP, depois em Brasilia e Bruxelas.

    Finalmente entrei na tal chamada lista, mas agora os frigoríficos alegam não haver mais mercado e consequentemente, não oferecem mais nehum premio. Ou seja, tive que vender uma parte dos meus animais a preço de mercado, minha sorte era estar hedeado na BM&F. Assim recomendo a quem pretende entrar na tal “lista” que negocie antecipadamente com o frigorífico, os quais são bem lisos e caso não obtenha resultado, pense duas vezes se vale o investimento.

    Boa sorte a todos

  8. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Vamos parar de achar que os pecuaristas não conseguem preencher fichas, cadastros, controles; esta atitude mostra que existe um preconceito, um desconhecimento do trabalho dentro das fazendas, sabemos que é importante a sanidade animal e estamos trabalhando para isto; mas amigos, nós estamos sendo feitos de palhaço e saco de pancada, não gastem mais dinheiro com o sisbov, deixe por conta dos maiores interessados, a industria exportadora, se quiserem boi rastreado vão ter que bancar o certificado para exportação, que tal o BNDES em vez de financiar a expanção das industrias frigorificas no exterior, não subsidia a rastreabilidade para os pecuaristas brasileiros; meus animais são vendidos para o mercado interno até que a industria ofereça ajuda para a certificação.

  9. jose luiz bicca heineck disse:

    Sr. Pessina está descontente e com razão. Na verdade a rastreabilidade é para cumprir leis inventadas por lobystas do lado de lá. Mas que seja.

    Vamos entender que a finalidade é buscar sanidade via procedencia. (Vamos fazer de conta que não tem ninguém comprando boi adulto e botando brinco). Entendemos que sanidade é responsabilidade do Estado, juntamente com os produtores.

    Esta parceria deveria dar certo e não dá porque as pessoas envolvidas ainda não se deram conta de muitas variáveis que envolvem o processo. É preciso deixar bem claro que a exportação de carne deixa de retorno milhões de dólares e isso é muito bom para o Brasil. É muito bom também para os frigoríficos exportadores. Não é tão interessante para o produtor em alguns momentos.

    As inspetorias veterinárias deveriam rastrear todo o gado nascido nas propriedades. Um banco de dados fantástico seria montado em computadores eficientes (?). Ao invés de o produtor estar a procurar escritórios especializados para tal fim, pagando alto pela conta, cada governo estadual através das inspetorias veterinárias poderia fazer o trabalho. A partir daí seria viabilizada a exportação do gado gordo via frigoríficos habilitados, desde que houvesse entendimento entre as partes.

    Até agora a rastreabilidade está elitizada e não deslanchou. Quando vai engrenar para valer?

    No uruguai se fala em rastreabilidade ovina. Estamos atrasados. Nossa política para o trato das coisas do setor primario está truncada. Precisa mudar. Temos que encontrar outro OBAMA.

  10. fernando carlos barboza disse:

    Pô, o gerenciamento da fazenda só ficou bom depois de brincar o gado? Amigo, você merece o prêmio Nobel em economia e administração. Rastrear é trabalhar de graça para os frigoríficos. Ou para os fabricantes de brinco?

  11. Guilherme Faleiro disse:

    Acredito que é por falta de informações. Devido a isso estamos com enorme dificuldade de se aprovar as tão valiosas fazendas para UE, sendo assim, estamos ansiosos para nova lista.

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