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Sadia e Jamie Oliver: tudo que você precisa saber

Uma parceria da marca Sadia, da BRF, com o chef e ativista britânico Jamie Oliver vai envolver 183 aviários de Goiás voltados ao bem- estar animal, com 40 milhões de aves. A Sadia está investindo R$ 50 milhões no lançamento de uma nova categoria de alimentos à base de frango, cujo o objetivo é incentivar os brasileiros a se alimentarem ainda melhor. O projeto está estruturado basicamente em três pilares fundamentais: garantia de elevados níveis de bem-estar animal, um programa voltado à educação alimentar nas escolas, além dos novos produtos. A linha de pratos prontos terá como principal objetivo inspirar as pessoas a cozinharem, já que para prepará-los os consumidores terão que aquecer molhos, assar ou mesmo “selar” a carne.

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Os produtos, que são preparados com ingredientes naturais e certificados em sua origem, estarão nas gôndolas no mês de setembro. Jaime Oliver fez questão de vir ao Brasil para definir as receitas, selecionar os ingredientes e inteirar-se de todo o processo relativo ao bem-estar animal. A marca está trabalhando na iniciativa há mais de um ano e também prepara algumas mudanças em seu sistema de produção.

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O objetivo da marca é fazer com que o consumidor sinta prazer em finalizar uma receita que traz ingredientes selecionados, com cuidados especiais do campo à mesa e, principalmente, com o aval de um renomado profissional. Desta forma, a marca pretende desmitificar que para se ter acesso às refeições equilibradas é preciso abrir mão do prazer e sabor dos alimentos. Todo este processo poderá ser acompanhado de perto na landing page do projeto e por meio de campanhas de marketing e mídia social, desenvolvidos pela F/Nazca e LiveAD.

Para estabelecer a parceria era preciso ampliar o impacto deste projeto além da casa dos consumidores. “Portanto, definimos em conjunto as adaptações necessárias nas granjas, que estão sendo feitas para que possamos garantir também o mais elevado nível de bem-estar animal”, esclarece Cecília Mondino, diretora de marketing da Sadia. Por este motivo, estão em processo algumas alterações para que a companhia receba o Certified Humane, concedido pela ONG Humane Farm Animal Care (HFAC). Como exemplo, estão sendo instalados fardos de maravalha nas granjas para proporcionar maior conforto térmico aos animais e permitir que se empoleirem e biquem a madeira, entre outras mudanças.

A BRF (detentora da marca Sadia) já tem um programa chamado Animal Welfare Made in BRF – em parceria com a ONG World Animal Protection –, que define as tendências e oportunidades de melhoria a curto, médio e longo prazo. Inclusive, a companhia já estava alinhada aos padrões europeus, que estabelecem como densidade máxima para criação de frangos o valor 30kg/m2, permitindo assim que os animais expressem seu comportamento natural. Com esta iniciativa, no último ano, mais de 40 milhões de aves já foram impactadas positivamente pelas mudanças focadas em bem-estar animal.

Além disso, a Sadia também está à frente do desenvolvimento, em parceria com a Lynx, de um programa de educação alimentar para ser implantado nas escolas, cujo objetivo é criar oportunidades para os alunos se tornarem protagonistas de hábitos nutricionais mais saudáveis na escola e em suas famílias, por meio da formação dos educadores. Denominado “Saber Alimenta”, o programa – adaptado à realidade brasileira e formatado em parceria a Jamie Oliver Food Foudation (JOFF) –, é baseado no “Kitchen Garden Project”, já implantado pelo britânico nas escolas do Reino Unido. Os professores são instruídos por meio de palestras e materiais didáticos sobre como inserir informações dos alimentos nas aulas e, desta forma, tornar os alunos protagonistas da mudança dos hábitos alimentares nas escolas e em suas famílias:

“O piloto será testado com centenas de crianças até o fim de 2016 e a expectativa é atingir mais de 100 mil crianças nos próximos três anos ”, comemora Cecília.

O Colégio Anglo 21, localizado na zona sul da capital paulista, foi a primeira instituição a receber o projeto, que ainda está em fase de aperfeiçoamento. Pela manhã de quarta (6), Jamie Oliver esteve na escola e fez uma demonstração culinária para pais e alunos. Com a ajuda das crianças, ele cozinhou alguns tipos de massas frescas e molho de tomate.

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O projeto também será implantado em escolas públicas do estado de Santa Catarina. “A ideia é ampliar para todo o Brasil”, disse Cecília.

Críticas

Jamie tem uma fundação com seu nome que organiza o Food Revolution, uma rede que está em mais de 120 países do mundo e mobiliza ativistas ligados à cultura alimentar, especialmente em escolas. Diante da notícia de sua parceria com a Sadia, alguns desses ativistas anunciaram desligamento da rede e o criticaram pelas redes sociais.

“Estou errado? Talvez. Mas, para mim, estar dentro dessa máquina, uma empresa que é responsável por 18% do frango no mundo é algo positivo. E digo que, certamente, eu poderia estar ganhando mais dinheiro fazendo outra coisa. É claro, estou entrando num ambiente estranho, até incestuoso, complicado. Mas em um ano vamos conversar e eu vou te mostrar o resultado do que fiz.”

“Entendo a posição dessas pessoas. Há dois ou três anos talvez não me associasse com uma empresa assim. Mas se queremos uma grande mudança, precisamos das grandes corporações. Pode ser que eu esteja errado. Mas prefiro tentar”.

“Para ser bem honesto, seria a coisa mais fácil do mundo para mim ter minha hortinha orgânica e biodinâmica, ficar falando sobre o bem que ela faz – e eu acredito mesmo que ela faz muito bem. Mas orgânicos e biodinâmicos são acessíveis ao britânico ou brasileiro médio? Não. Então é uma questão estratégica e tática: para promover mudança em larga escala preciso atuar em larga escala”, diz o chef.

A notícia da parceria provocou a saída de alguns dos chamados “embaixadores” brasileiros, e também de latinos, do programa Food Revolution. Os “embaixadores” têm o papel de disseminar os princípios da boa alimentação. “Não faz sentido ele defender alimentação saudável e se unir à Sadia — disse a especialista em alimentação natural Lara Folster, uma das três embaixadoras do programa em São Paulo.

O embaixador em Montevidéu, Diego Ruete, optou por sair do programa de Jamie Oliver assim que soube da parceria. Ele reafirmou a ideia de não haver sentido na parceria. Ruete diz não acreditar que “fazer uma linha premium mude os procedimentos na elaboração dos produtos ultraprocessados.

Outro reflexo da parceria Oliver-Sadia é a provável retirada do espaço Food Revolution do Festival de Gastronomia Orgânica em São Paulo, um dos eventos mais importantes sobre alimentação limpa do continente que ocorre em outubro anualmente.

Também houve polêmica nas redes sociais. Internautas o chamaram de “vendido” e se disseram “decepcionados” com a união improvável do chef saudável com uma das maiores processadoras de carne de frango do mundo.

Fontes: BRF, Veja, Estadão e O globo, adaptada pela Equipe BeefPoint.

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