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Relatório do BNDES defende o investimento do banco na JBS

Em uma reação às críticas de falta de transparência, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) divulgou recentemente, pela primeira vez, um estudo de caso sobre os impactos de seus investimentos na JBS onde destaca efeitos como internacionalização, redução dos abates clandestinos de bovinos e melhores práticas socioambientais por parte dos fornecedores, além do retorno financeiro “positivo” dos aportes feitos na gigante global de carnes.

A divulgação acontece depois que a 1a turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o BNDES será obrigado a informar ao Tribunal de Contas da União dados completos sobre as operações de crédito à JBS.

Ainda que o estudo divulgue apenas que o braço de participações do banco tem um saldo positivo de R$ 4,9 bilhões em sua carteira de investimentos no segmento de proteína animal, sem especificar os dados por empresas, atualmente a JBS daria um lucro considerável caso a BNDESPar decidisse vender a fatia de 23% que hoje tem na companhia.

O documento intitulado “O Crescimento de Grandes Empresas Nacionais e a Contribuição do BNDES via Renda Variável”, e que também conta com estudos de caso das empresas Totvs e Tupy, destaca o “timing” e a importância do banco para a internacionalização do grupo.

Antes do estudo de caso propriamente dito, o BNDES reforça, em apresentação assinada pelo assessor da diretoria Felipe Silveira Marques, que a internacionalização da JBS, “pelo montante de recursos e prazo de maturidade dos investimentos, era vista como muito arriscada pelo mercado”.

Assinado pelo pós-doutor em sociologia econômica John Wilkinson, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o estudo de caso da JBS destaca o timing dos três aportes. O primeiro deles, de R$ 1,1 bilhão, foi em julho de 2007 para financiar a compra da Swift nos EUA e na Austrália. Para Wilkinson, por ter sido feita poucos meses após o IPO, a operação “dificilmente” conseguiria outras fontes de financiamento.

A concentração de mercado de carne bovina – estimulada pelo apoio do BNDES – também teve consequências positivas, segundo André Salcedo, assessor-chefe da diretoria responsável pelas áreas de indústria, mercado de capitais e capital empreendedor do banco. Em comentário ao estudo, Salcedo argumenta que a produção de carnes é concentrada em todo o mundo por conta das margens baixas do segmento, inclusive no Brasil.

Além disso, Salcedo também rebate os argumentos de pecuaristas. Com base em dados do Centro de Estudo Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ele afirma que o preço pago ao produtor pelo boi gordo e o da carne no atacado “evoluiu em linha com os preços de venda aos supermercados”. Essa avaliação vai ao encontro do diagnóstico feito pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2009 quando analisou os atos de concentração do setor, defendeu.

Para Wilkinson, a promoção de pequenos e médios abatedouros pode ajudar a amenizar os impactos da concentração. Já na setor de frango e alimentos processados, ele avaliou que o crescimento da JBS criou um concorrente “à altura” para a BRF, dominante no setor.

Na área socioambiental, que teve um impacto considerado “alto” por Wilkinson, o investimento do BNDES ajudou no controle da cadeia de pecuaristas, com restrição aos produtores de bovinos em áreas de desmatamento ilegal e que exploram o trabalho análogo à escravidão. Outra vantagem setorial seria a queda dos abates clandestinos, de 30% a 9%, conforme sugere uma pesquisa divulgada em 2014 pelo Cepea.

Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

1 Comment

  1. Lauro Klas Junior disse:

    Como pecuarista, o que me preocupa, é que o JBS já detém fatia muito grande do mercado, e vem alugando plantas de pequenos Frigoríficos concorrentes, para deixá-los fechados a fim de evitar a concorrência.
    Este fato não pode ser relevado.
    Já que o BNDES, apoiou fortemente o JBS, deve ficar atento à sua política agressiva, para que a concentração não desequilibre o setor.
    Lauro Klas Junior.
    Pecuarista MS.

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