Atacado – 24-01-14
27 de janeiro de 2014
Uma dica de programa de incentivo e participação nos resultados em fazenda de gado de corte
27 de janeiro de 2014

Há quase 30 anos abolimos o ferrão e a gritaria com o gado, e estamos colhendo resultados surpreendentes – Epaminondas de Andrade [Fazenda Vale do Boi]

O bem-estar animal tem sido preocupação crescente entre pesquisadores, produtores e consumidores de todo o mundo que passaram a exigir com maior intensidade uma conduta humanitária no tratamento dos animais, no que diz respeito à produção, transporte e abate.

Assim, para mostrar o que está acontecendo de mais atual no Brasil  e no mundo frente a área de bem-estar animal, na cadeia produtiva bovina, o BeefPoint preparou algumas entrevistas com diversos pecuaristas que já adotam medidas de manejo que visam as boas práticas de manejo, compartilhando casos de sucesso na pecuária de corte.

Confira abaixo, o caso de sucesso da Fazenda Vale do Boi, propriedade de Epaminondas de Andrade, no município de Carmolândia, região de Araguaína na região norte do Tocantins:

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BeefPoint: Por favor, conte sobre o trabalho que vem desenvolvendo na área de bovinocultura de corte e bem-estar animal na sua propriedade.

Epaminondas de Andrade: Junto com meus filhos Ricardo José e Paulo Henrique trabalhamos na pecuária de corte, com ênfase no melhoramento genético da raça Nelore utilizando o PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), sendo que em 2015 faremos 40 anos de seleção. Sempre fomos preocupados com o respeito aos animais. Há quase 30 anos abolimos o ferrão e a gritaria com o gado, sendo que nos últimos tempos aumentamos a atenção para o “chamado bem-estar animal”.

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BeefPoint: Quais técnicas/práticas você desempenha em sua fazenda que resultou em bons resultados, quando o tema é bem-estar animal?

Epaminondas de Andrade: Foi realizado na propriedade no ano de 2006, o curso de Manejo Racional de Bovinos de Corte, ministrado pelo Professor Mateus Paranhos. Assim passamos a adotar algumas medidas de resultado, tais como:

  • Uso de bandeira para condução do gado
  • Não há gritos com os animais
  • Fazemos tratamento e vacinações um a um no brete de contenção
  • Quando colocamos sal mineral ou proteinados chamamos os animais para o cocho
  • Fazemos a cura do umbigo e tatuagem dos recém-nascidos no próprio pasto sem agressividade e brutalidade

A partir de então colhemos resultados surpreendentes, como uma maior facilidade no trabalho com os animais, redução na mortalidade dos bezerros e outros acidentes, bem como, conforto e segurança para os trabalhadores. O rebanho ficou mais dócil!

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BeefPoint: Conte para nós qual a aceitabilidade de sua equipe quanto às técnicas de bem-estar animal? Como é feito o treinamento de seus funcionários?

Epaminondas de Andrade: A aceitabilidade foi razoável, mas aos poucos foi fazendo parte do dia a dia. Nossa rotatividade é pequena, mas quando entra um novo funcionário ele vai aprendendo com os mais velhos ou com nossas explicações, mas sempre é preciso fazer uma reciclagem.

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BeefPoint: Quais instalações de sua propriedade são adequadas para as técnicas de bem-estar?

Epaminondas de Andrade: Nossos currais foram feitos antes de conhecermos os atuais anti-stress, mesmo assim foram planejados para um manejo mais tranquilo e seguro. Ao redor dos currais mantemos piquetes para não acumular muitos animais fechados.

Estamos instalando bebedouros com água de qualidade para o rebanho,  uma vez que pesquisas mostram que podemos ter aumentos de mais de 20% em desempenho econômico. Também mantemos arborização nas pastagens para o conforto dos animais.

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BeefPoint: Por que decidiu adotar medidas de bem-estar animal em sua propriedade? Teve o apoio de alguma empresa e/ou profissional da área?

Epaminondas de Andrade: Estamos convencidos de que a melhor maneira de aumentar a rentabilidade na pecuária de corte é com o aumento da produtividade e isso se consegue com genética, nutrição, sanidade e manejo. Tivemos diversas contribuições para tal, sendo que para lidar com o gado o Professor Mateus Paranhos foi essencial.

BeefPoint: O que a sua propriedade difere das demais? As que utilizam boas práticas de manejo e as que não utilizam?

Epaminondas de Andrade: Somos preocupados com o futuro de nossa atividade, e meus dois filhos e eu vivemos intensamente o dia a dia de nosso negócio. Quanto às diferenças com outras propriedades nós temos trabalhadores mais felizes, menor rotatividade, menos acidentes tanto de caráter pessoal quanto animal, obtendo maior produtividade.

BeefPoint: Em relação ao manejo de bovinos, quais os erros mais comuns cometidos  em sua propriedade?

Epaminondas de Andrade: O erro mais comum é o de não entender ao certo, como o animal reage com a presença do homem.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas que pretendem praticar técnicas relacionadas ao bem-estar animal?

Epaminondas de Andrade: Os resultados são palpáveis a qualquer leigo. Estamos no século 21 e a pecuária de corte precisa evoluir muito para competir com outras atividades, hoje existe tecnologia para triplicar os índices de produtividade assim como o retorno sobre o investimento, e as técnicas de manejo racional e bem-estar animal são fundamentais.

Confira algumas imagens da Fazenda Vale do Boi:

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Comentário BeefPoint:

Se você também quiser compartilhar seu caso de sucesso na área de bem-estar animal, ou conhece alguma fazenda destaque para entrevistarmos, nos envie um comentário com seu nome e e-mail; bem como o nome da fazenda e região, e e-mail da mesma!

2 Comments

  1. ENOCH BORGES DE OLIVEIRA FILHO disse:

    Parabéns, Sr. Epaminondas!
    Aqui no Tocantins, consideramos o Sr. como nosso “Guru pecuário”, nosso guia. Também aplico manejo racional na minha fazendinha, para produção de tourinhos Nelore P.O. por FIV, em Miracema do TO. É impressionante como melhora o manejo das doadoras, dos garrotes P.O. e mesmo das receptoras, sem gritos, sem ferrão e sem atropelo. É o gado que faz o tempo, não nós, seus manejadores. As tarefas fluem tranquilamente, com mansidão rende mais o tempo. O único detalhe é que tem de ser aceito primeiro na nossa mente, adquirir o conhecimento de como fazê-lo e depois, aplicá-lo. Pena que os criadores e peões pensam que o gado é para apanhar, que só obedece com castigo. Na verdade, eles estão descarregando suas frustrações nos bovinos indefesos…
    Prof. ENOCH BORGES DE OLIVEIRA FILHO
    Professor Titular de Reprodução, Aposentado, UNESP Jaboticabal. Atualmente em Palmas, TO.

  2. Fábio Braga disse:

    Parabéns ao Sr. Epaminonas pelo sucesso alcançado na Fazenda Vale do Boi sob sua humana e inteligente batuta à frente da boiada, que responde com produtividade e o excelente convívio com os tratadores. Infelizmente ainda deparamos com a costumeira prática da vara de ferrão e os berros de “vaaaaca”, que somente provocam a ira dos animais e que, muitas vezes resultam em acidentes graves. Na minha fazenda eu não admitido a vara de ferrão e os gritos com os animais. Quando o peão é admitido, eu leio a cartilha do bom relacionamento com os animais que deve ser estabelecido entre um e outro. O uso do brete é fundamental para não se agredir o animal no manejo, que deve ser racional e não uma verdadeira câmara de tortura, que afungenta o bicho. Parabéns ao Sr. Epaminondas, a quem desejo vida longa para continuar a nos ensinar. Abraços. Fábio Braga, de Dores do Indaiá/MG.

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