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Preparando a governança e a sucessão nas empresas rurais familiares

Por Cilotér Borges Iribarrem

Nos últimos tempos, o modelo baseado na crença de que o único propósito da empresa é o benefício econômico foi superado por um modelo que considera a empresa como uma sociedade de pessoas. Na família, desenvolve-se confiança. Na empresa, desenvolve-se profissionalismo.

A fortaleza de uma família empresária é a união de seus membros entre si e com a empresa. Em uma empresa familiar, é necessário que os filhos conheçam o futuro. Se não conhecerem, não poderão amá-la. Somente amamos aquilo que conhecemos. É necessário desenvolver a família, gerando confiança; assim como é preciso desenvolver a empresa, gerando profissionalismo.

Na primeira geração, família = propriedade = empresa. Tudo se confunde e funciona muito bem, mas chega o momento de modificar para a família empresária, onde família, propriedade e negócio são entes distintos. Não é uma situação simples, pois é quando os fundadores têm de dar início à transição, delegando e dando mais autonomia. Nesse momento, aparecem as resistências, o medo de ficarem em um vazio sem funções, além de inseguranças, como a financeira.

Esses receios podem trazer sérias consequências para a empresa. Se os fundadores não cuidarem da transição e algo acontecer, serão obrigados a fazê-la às pressas. A transição feita sem a presença ativa dos pais leva muitas empresas a falirem na segunda geração, porque esta não se escolheu livremente. Como eram herdeiros, passaram a ser sócios.

É fundamental que ocorra a preparação para a segunda geração trabalhar em sociedade, pois, deixar para resolver a sucessão somente entre os irmãos normalmente não dá certo. Em geral, os conflitos são inevitáveis, fazem parte das nossas vidas. Mas não implantar o processo da transição no momento correto só aumenta os possíveis atritos, dificultando as relações pessoais e tornando a comunicação muito mais difícil – sendo esta uma condição necessária para trabalhar em sociedade.

A palavra-chave é antecedência. Afinal, quanto mais cedo for preparado o planejamento patrimonial e sucessório – procurando organizar os bens, envolvendo os familiares e potenciais herdeiros, desenvolvendo um planejamento de longo prazo –, maiores são as chances de a transição dar certo.

Existem muitas variáveis que influenciam na possibilidade do êxito da estratégia tomada para que dê certo o processo de transição:

•  o tamanho da estrutura familiar;

•  a cultura da família;

•  os objetivos e interesses profissionais dos familiares;

•  a competência profissional dos sucessores que querem trabalhar na empresa.

A falta de preparação dos sucessores que não entendem que a relação entre família, propriedade e negócio tem enormes pontos de sombreamento e de conflitos poderá fazer com que a empresa não sobreviva quando chegar à segunda geração – o que ocorre em muitos casos. Existem soluções técnicas que permitem que uma empresa passe da primeira geração com harmonia familiar, crescimento econômico e sustentabilidade financeira.

Para que a transição de uma geração para a outra dê certo, é necessária uma reorganização da estrutura existente. É isso que a Safras & Cifras vem implantando ao longo dos últimos 15 anos no setor agropecuário, através do Processo de Governança na Empresa Rural e do Planejamento Sucessório. Esse processo começa com um diagnóstico da família, do patrimônio e do negócio; passa-se a uma análise das informações levantadas; e, então, é implantada a governança, com o objetivo de orientar a empresa a passar do estágio do dono para o estágio da sociedade de irmãos.

Para que essa transição ocorra com sucesso, devem ser implantados os seguintes acordos e regras para que a família possa trabalhar em sociedade:

•  profissionalização da gestão;

•  definição dos papéis para os sócios quotistas, no que se refere a ser herdeiro e herdeiro/gestor;

•  plano de remunerações para os donos da terra (sócios) e para os administradores;

•  definição das funções;

•  definição dos direitos e deveres dos sócios com relação ao patrimônio e negócio;

•  estabelecimento de uma comunicação permanente entre os sócios;

•  definição de controles gerenciais.

Implantado o processo de governança na empresa rural, passamos para o segundo momento, que é o planejamento sucessório. Este é facilitado pela preparação, pois a família já sabe trabalhar em sociedade e entende que família, propriedade e negócio são coisas diferentes e que só se complementam quando existem regras que esclarecem e formalizam essa relação.

A instrumentalização do planejamento sucessório passa por estas formalidades:

•  elaboração do contrato social da empresa e/ou da holding;

•  elaboração de acordos societários;

•  elaboração de um protocolo familiar;

•  estruturação da transferência do patrimônio de uma geração para a outra;

•  estruturação tributária.

Com a implantação da governança na empresa rural e do planejamento sucessório, a possibilidade de a empresa ter sucesso na segunda geração é enorme. A Safras & Cifras tem visto esse processo dar certo nas empresas rurais familiares que atende no Brasil. Observamos:

•  muitos resultados positivos:

•  empresas resistindo com solidez por mais de uma geração;

•  famílias unidas;

•  minimização dos conflitos familiares;

•  crescimento dos negócios;

•  garantia dos direitos dos fundadores;

•  redução das disputas judiciais entre os sucessores;

•  redução dos custos da transmissão do patrimônio;

•  proteção do patrimônio dos sucessores;

•  facilidade na sucessão.

Durante o período em que é implantado o processo de governança na empresa rural e o planejamento sucessório, conseguimos entender bem que fundadores e sucessores são diferentes. Cada qual tem seu tempo, seu momento, sua contribuição – e querer equipará-los causará estragos certamente irrecuperáveis.

Por isso, é necessário que a consultoria e o assessoramento que serão dados à família entenda de trabalhar com pessoas; e que conheça bem como funciona uma empresa rural, já que esta é bastante diferente das empresas que atuam em outras atividades econômicas.

Por Cilotér Borges Iribarrem, consultor em governança e sucessão familiar em empresas rurais, para o Safras & Cifras

6 Comments

  1. Claudio José Mestriner Amaral disse:

    Bom dia

    gostaria de mais informações

  2. Valdir Oliveira de Araújo disse:

    Muito bom, o tema tratado! Já paguei uma disciplina no curso de agronegócio que trata do assunto, achei muito interessante a questão da sucessão familiar na empresa rural. É certo que o bom mesmo é todo proprietário que sabe planejar, executar e se garantir para futuro deve providenciar toda documentação para que a sucessão ocorra de maneira legal, se possível o mesmo fazer isso enquanto estiver gozando de saúde. Certamente evitará uma série de complicações futuras.

  3. JACQUES NOGUEIRA PORTO disse:

    Muito interessante esse artigo! Parabéns Cilotér!
    As dificuldades de sucessão enfrentadas, pela grande maioria das famílias, nas suas empresas rurais, é “quase” COMUM a todas elas. E às vezes, quando estamos inseridos no processo, achamos que isso acontece somente com a gente. É importante saber que esse processo de sucessão familiar é complexo, e por isso, deve haver a colaboração de todos os envolvidos, e de preferência com auxílio de especialistas no assunto, para dirimir os principais entraves.

  4. narcizo disse:

    Gostei. Vou me organizar.

  5. CLEMENS BARBOSA DE NOVAIS JUNIOR disse:

    Este assunto é de uma extrema importância. Envolve sucessores, parentes e pouco estudado.
    Vivo isto e ainda não sei como começar.
    Acredito que uma holding patrimonial poderia ser um começo.
    Pretendo me aprodundar nesta área.

  6. Eduardo disse:

    Estou presenciando tal situação na minha família. As desavenças familiares é a pior parte e é uma bola de neve. Complicado segurar um negócio assim e pior reergue-lo.
    Excelente texto! En hora buena! Gracias.

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