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Preocupado com calote, pecuarista está mais seletivo

Os efeitos que a crise financeira pode provocar nas contas dos frigoríficos deixaram os pecuaristas mais seletivos na comercialização do rebanho. Alguns têm priorizado vendas à vista, com descontos, outros têm recusado pedidos. A preocupação é que a forte retração no crédito dificulte o pagamento aos pecuaristas pelos frigoríficos, afirmam fontes do setor.

Os efeitos que a crise financeira pode provocar nas contas dos frigoríficos deixaram os pecuaristas mais seletivos na comercialização do rebanho. Alguns têm priorizado vendas à vista, com descontos, outros têm recusado pedidos. A preocupação é que a forte retração no crédito dificulte o pagamento aos pecuaristas pelos frigoríficos, afirmam fontes do setor.

O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de São Paulo (Sindfrio), Edivar Vilela de Queiroz, afirma que alguns frigoríficos menores têm encontrado obstáculos para conseguir comprar bois para atender mercado, especialmente o interno. “Diante da crise, o pecuarista está escolhendo para quem vender com medo de não receber o dinheiro e ficar no prejuízo.”

O ponto central está na escassez de linhas de crédito, especialmente aquelas voltadas para o comércio exterior chamadas de Antecipação sobre Contrato de Câmbio (ACC). Normalmente, quando uma companhia embarca uma mercadoria para o exterior, ela faz uma ACC e recebe um dinheiro que só entraria em seu caixa 30 ou 90 dias depois.

Mas, com a redução da liquidez, os bancos praticamente suspenderam esse tipo de operação. O que reduz drasticamente o capital de giro das companhias. “Nessa crise, quem tem cabeça no lugar procura se prevenir. A seletividade sem dúvida é a melhor saída. Hoje estou analisando muito mais para quem vender do que há um mês”, afirmou o pecuarista e conselheiro da Associação Brasileira de Criadores (ABC), José Roberto Ferreira Martins.

“Eu sempre recomendava cautela. Agora, redobro minhas indicações”, afirma o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva. “Pecuarista deveria vender à vista e com desconto. É uma taxa de seguro. As grandes empresas têm essa condição. O problema está nas empresas menores, em que esse tipo de condição é mais complicado.”

A matéria é de Renée Pereira, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Maria Lúcia de Barros Mendes Kassar disse:

    Os pecuaristas só estarão seguros quando conseguirem receber pelo menos 80% do preço adiantado, fazendo-se compensações a mais ou a menos depois da pesagem para o abate.

    Não adianta só negociar à vista, o Frigorífico pode dar um cheque sem fundos, ou sustá-lo sob pretextos diversos, ou simplesmente não efetuar o pagamento como combinado e com gado já abatido não dá para reverter a situação, como ocorreu no caso do Campo Oeste, que acaba de dar um enorme calote na praça.

    Com a crise financeira do momento atingindo grandes Bancos, não está dando para confiar em mais ninguém.

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