Os produtores brasileiros de grãos pagam, em média, 86% mais por insumos agrícolas que seus parceiros do Mercosul, diz estudo realizado Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
Conforme o trabalho, carga tributária e burocracias associadas à importação de máquinas, fertilizantes, defensivos e demais produtos necessários para o cultivo são as responsáveis pela grande diferença apurada.
Segundo Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, enquanto argentinos e uruguaios podem adquirir insumos a preços praticados no mercado internacional, no Brasil a compra de máquinas e equipamentos, entre outros produtos, sofre uma série de restrições para proteger a indústria brasileira.
“As requisições de inspeções e liberações de departamentos técnicos, além da incidência de taxas, impostos de importação, PIS/Cofins e ICMS, são mecanismos que fecham o país para a livre concorrência. Do jeito que está, o resultado é uma competitividade reduzida tanto no mercado doméstico quanto nos mercados internacionais”, afirma ele.
No estudo, foram analisados os tributos que incidem sobre insumos, serviços agrícolas, manutenção e distribuição e colheita em quatro culturas. E o maior peso está sobre a produção brasileira de arroz. Os impostos para o cultivo desse cereal representam 30,26% do custo total; na sequência vem o milho (27,10%), a soja (27,05%) e o trigo
(26,21%).
Manutenção e distribuição representaram uma das etapas com o percentual mais elevado de taxas – 38,7% no caso do arroz e 35,83% no do milho. Na fase da colheita, os tributos representam 35,83% do custo de produção em todas as culturas analisadas.
Ao analisar produtos específicos, como máquinas agrícolas, o estudo revela que o preço cobrado por esses equipamentos poderia ser reduzido em um quarto se houvesse isenção de impostos para bens de capital, a exemplo do que ocorre em outros países. Já os adubos, fungicidas e pesticidas poderiam ficar 20% mais baratos.
O levantamento da Farsul e do IBPT mostra, também, que o custo geral de se produzir grãos no Brasil chega a ser, em média, 79% mais alto que na Argentina e 32% mais elevado que no Uruguai.
Fonte: Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.