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Nova pesquisa: não há evidências que dieta com baixo teor de gordura seja mais saudável

Um pouco de gordura pode não ser prejudicial, enquanto muito pode ser ruim para a saúde e até mesmo fatal. Porém, na última revisão de estudos que investigou a ligação entre gordura dietética e causas de morte, pesquisadores disseram que essas diretrizes podem estar erradas. De fato, as recomendações para reduzir a quantidade de gordura que consumimos todos os dias não deveriam nunca terem sido feitas.

Falando no jornal OpenHeart, Zoe Harcombe, pesquisadora e candidata a Ph.D da University of the West of Scotland e seus colegas disseram que os dados que os tomadores de decisões tinham em 1977, quando as primeiras diretrizes dos Estados Unidos sobre gordura dietética foram feitas, não fornecem nenhum suporte à ideia de que comer menos gordura se traduz em menos casos de doenças cardíacas ou que isso salvaria vidas.

“A questão é que não há evidências para que essas diretrizes tenham sido introduzidas. Uma das coisas mais importantes que deveriam ter apoiado as diretrizes é o conhecimento nutricional e isso fez falta”.

Quando as recomendações foram feitas, nos anos setenta, as doenças do coração tiravam mais vidas nos Estados Unidos do que qualquer outra causa de morte (e manteve essa posição pela maior parte dos anos seguintes), de forma que os oficiais do governo e de saúde pública estavam ávidos para uma campanha de baixo consumo de gordura. As diretrizes nacionais, apoiadas por especialistas de saúde e que deviam ser seguidas por médicos nos consultórios de todo o país, enviaram a mensagem aos americanos de que deveriam cortar gorduras para cerca de 30% de suas calorias diárias totais e cortar a gordura saturada, de carnes vermelhas e produtos lácteos, particularmente para não mais de 10% das calorias totais.

O problema, como Harcombe notou em seu estudo, é que o conselho foi “arbitrário”. Os 30% não foram testados e muito menos provados”. De fato, alguns dados até contradiziam a ideia de que a gordura que consumimos nos alimentos tinha algo a ver com placas que entupiam artérias que causam doenças cardíacas. Em um estudo, homens que receberam grandes quantidades de alimentos ricos em gordura (manteiga, ovos, porções de creme e afins) não mostraram níveis maiores de colesterol sanguíneo, sugerindo que a gordura dos alimentos tinham pouco a ver com o colesterol circulante no corpo e produzido pelo fígado. De fato, a professora de epidemiologia e saúde populacional da Faculdade de Medicina Albert Einstein e porta-voz da Associação Americana do Coração (AHA), Judith Wylie-Rosett, disse que aproximadamente um terço do colesterol dos alimentos se torna parte do colesterol circulante que pode potencialmente acumular-se nos vasos do coração – “não é um importante direcionador”.

É por isso que a AHA, entre outros grupos, revisou gradualmente suas diretrizes e abandonou as diretrizes rígidas para reduzir a ingestão de gordura. Ao invés disso, eles focaram nos tipos de gorduras de nossos alimentos e na dieta como um todo. Por exemplo, Harcombe argumenta que o foco na gordura, e no colesterol e na gordura saturada em particular, teve um efeito bumerangue na saúde dos americanos. Quando cortamos a gordura, a substituímos por carboidratos, que são quebrados pelo corpo em açúcares e em uma forma diferente de gordura, os triglicérides, que pode realmente ser mais prejudiciais ao coração do que o colesterol de produtos de origem animal, como carnes vermelhas e lácteos.

Harcombe argumenta isso mesmo sem ir muito longe, de acordo com seus resultados. Em sua análise se seis estudos nos quais as pessoas foram distribuídas aleatoriamente para consumir quantidades maiores ou menores de gordura dietética, ela descobriu que não houve diferença nos ataques cardíacos e taxas de mortalidade entre os dois grupos. “O que estamos dizendo é que as intervenções dietéticas não forneceram evidências de que a gordura da dieta está associada com a evolução de doenças”.

Isso significa que uma dieta com um bife diário e ovos não seria prejudicial ao coração? Harcombe admite que ela também não têm evidências para essa posição, mas disse que suas descobertas expões as deficiências das atuais recomendações e precisam de mais estudos mais rigorosos. Considerando o estado atual de conhecimento, ela disse que “não estamos fazendo nosso melhor pelo consumidor no momento”. Wylie-Rosett concorda. “Não precisamos restringir a gordura para menos de 30% das calorias diárias, mas queremos permitir que elas cheguem a 70%? Não sabemos”.

A solução de Harcombe a essa confusão é ficar com o básico. “É uma mensagem, em três palavras – coma alimentos verdadeiros”, disse ela. Quanto menos adulterada e processada for sua dieta, mais nutrientes e gorduras saudáveis, proteína e carboidratos seu corpo terá e menos você terá que se preocupar sobre cumprir com as diretrizes específicas ou conselhos que podem ou não ser baseados em sólidas evidências científicas.

Fonte: Revista TIME, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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