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Negócio entre Marfrig e National Beef é jogo de ganha-ganha para as duas

A compra do National Beef pela Marfrig pode ser um jogo de ganha-ganha para as duas companhias.

O National Beef vai ter acesso a um bom volume de carne no Brasil e a Marfrig avança sobre mercados impossíveis de serem atingidos no momento, como os do Japão e da Coreia do Sul.

As empresas têm de resolver, porém, o endividamento elevado do grupo que elas formam. A venda da Keystone Foods, como já anunciado, alivia.

A operação deve ter sido muito bem estudada antes de concretizada. Desta vez, não há a participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), incentivador da formação de gigantes brasileiros, mas a de uma instituição financeira voltada exclusivamente para o agronegócio: o Rabobank.

O sucesso do negócio daqui para a frente dá alívio também para o sistema financeiro, fornecedor de crédito para a Marfrig nos anos recentes.

A participação de 51% da Marfrig no National Beef a coloca no que ela mais sabe fazer: atuar no mercado de carne bovina.

Além disso, dá fôlego para a empresa avançar sobre mercados que remuneram melhor as carnes com matéria-prima dos Estados Unidos.

A carne brasileira é mais competitiva em preços, mas não é do tipo premium como o produto dos EUA, do Uruguai, da Austrália e da Nova Zelândia. As empresas vão ter os dois tipos de carne para atender as diversas demandas.

É a segunda vez que o National Beef vem para as mãos de brasileiros. Há dez anos, a JBS chegou a anunciar a compra da empresa pelos mesmos US$ 970 milhões atuais. O governo norte-americano não permitiu a transação.

Desta vez, a operação também deve passar por avaliações de praxes, mas as chances de concretização são maiores do que à época da compra feita pela JBS.

Esse perfil de empresa multinacional do setor de carne bovina facilita a escolha das vendas para o mercado certo com o produto adequado.

A Marfrig ganha musculatura nos Estados Unidos e a National Beef passa a usufruir da presença mundial da Marfrig. Em 2012, as vendas da empresa brasileira somavam 2,1 milhões de toneladas de produtos processados, o que a tornava uma das líderes mundiais nesse setor.

Por problemas financeiros, a empresa teve de se desfazer de várias unidades. Nesta nova fase, tudo dependerá de como as novas operações serão administradas.

A análise é de Mauro Zafalon, para a Folha de São Paulo.

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