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Rastreabilidade

Rui Simpliciano de Almeida.

Sou pecuarista há trinta anos, trabalhei com cria, e nos dedicamos agora somente à engorda. Não tenho escutado falar em outra coisa no momento a não ser rastreabilidade, como se fosse a salvação do nosso mercado de carne.

Penso que nosso país já possui leis que nos obrigam a conduzirmos nossos rebanhos num sistema fitoparasitário que poucos países do mundo obedecem. Temos uma estrutura de serviço de apoio governamental arcaica, capenga, sem investimento. Tivemos que formar o Fundepec, colocando dinheiro do nosso bolso para aparelharmos as casa da agricultura, para controle da aftosa, que continua muito mal gerenciada.

O pecuarista tem feito um excelente trabalho no que se diz respeito ao cumprimento das vacinas de cunho obrigatório até mesmo as que não são obrigatórias.

Percebo que tem por traz deste sistema de rastreabilidade muito mais que uma necessidade real para que possamos vender um artigo de qualidade. Percebo que há um mercado visando ter uma lucratividade por de traz deste sistema esquisito. Temos excelentes frigoríficos, excelentes veterinários, excelente acompanhamento sanitário dentro dos frigoríficos que garantem e respondem pela qualidade de nossa carne.

Acho ridículo falar em obrigação da rastreabilidade. A quem interessa isto? Tenho certeza que não conseguiremos por conta disto agregarmos nem mais um tostão no pareço final do boi.

Quando começou se falar em novilho precoce, falavam que iria existir um preço diferenciado, mas na realidade não foi o que aconteceu, e assim também é o caso da rastreabilidade.

Rastreabilidade não tem nada a ver com qualidade, é preciso estarmos alertas com este engano e sabermos quem está tentando lucrar com isto.

É inaceitavel falar em obrigatoriedade na questão da rastreabilidade, não é por aí.

0 Comments

  1. Breno Augusto de Oliveira disse:

    Dentre as colocações do sr.Rui, podemos refletir sobre a preocupação dos produtores que está se resumindo principalmente na hipótese da maior tributação de bens no caso boi.

    O risco é aparente porém não podemos deixar a rastreabilidade brasileira seja construída apenas p/ subir uma barreira comercial, visto que rastreabiliade não garante qualidade, muito bem lembrado no texto.

    Com isso a Certificação de Origem, regionalmente ao meu ver é a saída, nenhuma certificadora está apta a sugerir sistema produtivos para determinados nichos mercadológicos, pois a filosofia de trabalho está embasada em informações exigidas e não caracterizadas na realiade do pecuarista. Deve haver maior profissionalização desta filosofia chegando ao ponto de se saber qual matéria-prima (boi) e a que custo são produzidas nas inúmeras regiões de nosso país.

    Isto ocorrerá apenas com a ajuda das indústrias de insumos, manipulação e a boa vontade dos produtores, apenas p/ incentivar estes últimos um dado interessante: Nossos amigos das aves no ano de 2001 sexaram quase 2 bilhões de animais, 170 milhões de cabeças bovinas pode ser moleza p/ certificar falta apenas estímulo e profissionalização.

    Atenciosamente,

    BRENO AUGUSTO DE OLIVEIRA, ZOOTECNISTA – CRMVZ-188/MT

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