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Fazenda australiana dá chocolate para vacas Wagyu

O gerente da fazenda Mayura Station, de 171 anos, Scott De Bruin, quer que todos saibam que suas vacas estão comendo o que ele chama somente de “the best”: o chocolate de Cadbury, junto com ursinhos de goma e outros ingredientes. “Uma vaca feliz é uma boa vaca”, disse ele.

De Bruin acredita que o termo “Wagyu” está sendo utilizado demais nos cardápios e sua companhia está simplesmente renomeando seus produtos como “Mayura beef”. No geral, o termo “Wagyu” se tornou muito genérico, o que não favorece os fornecedores no sentido de retransmitir as diferentes qualidades da carne disponível, disse o distribuidor da Mayura, Jason Lo.

“Todos começam tentando lucrar usando o nome”, disse ele, que é diretor gerente da Waves Pacific. “De minha perspectiva, como distribuidor, isso me prejudica. Porque estamos trazendo produtos com qualidade premium, mas as pessoas os compararão pelo preço”.

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De Bruin cita seus concorrentes na Austrália, onde ele disse que cerca de 90% da carne Wagyu vem de animais cruzados que teriam preços menores no mercado, como os da carne Angus.

“É muito mais barato fazer cruzamento e cruzar com outra raça. Na verdade, isso provavelmente reduz o custo pela metade”, disse ele. A companhia queria capitalizar sobre o fato de que “nós realmente produzimos Wagyu 100% puro”.

Para uma fazenda de 1845, a decisão de mudar do nome globalmente conhecido “Wagyu” é uma ação de marketing relativamente ousada. Mayura espera “sair do rebanho” e produzir “algo que possa ser diretamente atribuído à nossa marca”.

Fornecer chocolate às vacas não é algo particularmente novo. Os produtores se voltaram aos doces no passado para ajudar a manter os custos baixos em meio a altos preços do milho e os doces também se tornaram alimentos de vacas leiteiras, que usaram isso para aumentar a quantidade de gordura do leite.

Porém, De Bruin disse que seu regime – que envolve fornecimentos semanais de 10 toneladas de chocolate – tem alguns ingredientes secretos e, no geral, eleva seus custos em cerca de 25%.

“Incluir isso de verdade na alimentação é realmente caro para nós. É mais caro do que fornecer milho. Então, para nós, não se trata de reduzir custos ou produzir de forma mais econômica. Trata-se de produzir um item que se distingue pelo sabor”.

Para otimizar o alimento, De Bruin disse que consultou o criador de Wagyu que vende à Mayura Station seu gado, um japonês que ele chama de Takeda-san. “Um desses ingredientes fica geograficamente longe de onde nossa fazenda está localizada e é muito difícil de comprar. Muitos ingredientes similares são encontrados em uma barra de Cadburys”.

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Foto: Cortesia da Mayura Station

Cerca de seis meses depois, os clientes estão falando a De Bruin que sua carne tem um sabor realmente único. “É muito diferente não somente da carne bovina normal, mas de outros Wagyu que estão no mercado”, as pessoas dizem a ele.

Os testes de sabor, é claro, são sempre subjetivos, mas até agora, a carne de animais alimentados com chocolate ganhou a aprovação de chefs premiados e clientes mudaram o “Wagyu” de seu cardápio, incluindo o Four Seasons Hotel e o 8 ½ Otto e Mezzo Bombana.

“Essa carne é, de longe, a melhor do mercado”, disse Shane Osbonr, chef com duas estrelas Michelin que começou seu próprio restaurante. “Quando as pessoas vêm em restaurantes como o Arcane, e veem a carne Mayura no cardápio, elas compram e consistentemente dizem que trata-se de uma das melhores carnes que já comeram”.

Seus clientes têm tanta capacidade de discernimento, disse De Bruin, que eles até notaram uma vez quando ele mudou o chocolate para criar uma carne mais cor de rosa e marmorizada.

“Visualmente, ficou bom”, disse ele, “mas cerca de dois meses depois, começamos a receber ligações dos clientes dizendo, ‘O que você fez? A carne não tem mais o mesmo sabor’. Começamos a receber queixas de nossos clientes”.

De Bruin classifica essa mudança na marca como uma oportunidade para anunciar um produto mais consistente – e para ajudar a estabilizar os preços. Ele disse que, no momento, a demanda excede a produção.

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A fazenda, que atualmente processa cerca de 100 cabeças de gado por mês – números de “butique”, comparado com outros produtores – está planejando aumentar a produção em dezembro, disse De Bruin. Nos próximos dois anos, a Mayura Station dobrará sua produção atual para cerca de 50 toneladas de carne bovina por mês.

Veja abaixo uma entrevista (em inglês) com De Bruin, feita pelo Bloomberg.

Fonte: Fortune, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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