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EUA: Consumidores podem comprar carne de um único animal

Em supermercados recheados de carnes produzidas a pasto e orgânicas nos Estados Unidos, os novos cortes de “origem única” estão levando a mania de comidas locais a novos níveis.

Varejistas como Whole Foods Market Inc., FreshDirect e Amazon.com Inc estão aproveitando as operações de carne da fazenda à loja que se adequam aos desejos de alguns consumidores de rastrear seus hambúrgueres ou seu bacon a um animal individual.

“Eles querem saber de onde vem, onde nasceu, onde foi criado, onde foi abatido”, disse o vice-presidente de alimentos frescos da associação de supermercados Food Marketing Institute, Rick Stein.

Outros varejistas, como Honest Beef Co., estão fornecendo cortes diretamente aos consumidores, cortando o frigorífico intermediário e as redes de varejo em uma variação do tradicional serviço de entrega de carnes, como o Omaha Steaks International Inc.

Hannah Raudsepp, fundadora do Honest Beef, de 26 anos, compra os bois diretamente da fazenda de sua família em Nebraska Sandhills. Ela paga para uma pequena planta perto de seu açougue e matura a carne a seco, uma por vez. Então, ela supre os pedidos feitos online com as carcaças que vão chegando e os envia diretamente aos consumidores, que requisitam um valor mínimo de US$ 85 em bifes e hambúrgueres “de um único animal”.

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“Somos uma companhia de carne bovina com nossa mão em cada passo de nossa curta cadeia de fornecimento”, disse ela.

Estes esforços miraram os processadores de carne industriais como Cargill Inc. e Tyson Foods Inc. que se situam no centro de um sistema que amarra centenas de milhares de agricultores em todo o país com os varejistas e distribuidores de alimentos.

Há uma pequena chance de que vendedores de carne de origem única, como Raudsepp, coloquem em risco negócios de quatro companhias que compram mais de 80% do gado dos Estados Unidos e produzem cerca de 8 bilhões de quilos de carne bovina anualmente. Montar uma cadeia de fornecimento de um único animal é caro e complexo. As vendas de carnes rotuladas como “minimamente processadas” totalizaram US$ 1,3 bilhão no ano passado. Isso é uma fração das vendas da indústria de carnes vermelhas e brancas que têm o valor de US$ 200 bilhões anualmente.

Os clientes precisam estar dispostos a pagar valores mais altos por esses cortes. Além de seu tamanho mínimo de pedido, a Honest Beef cobra cerca de US$ 18,74 por quilo de carne dra-aged moída. Em outros locais, os preços da carne moída em agosto ficaram em média em US$ 9,27 por quilo nacionalmente, de acordo com os últimos dados do Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos. Analistas dizem que os vendedores de carne de uma única origem estão aproveitando a demanda por carne que os consumidores veem como produzida de forma mais ética.

As vendas de carne convencional no ano passado cresceram menos de 3% em valor, comparado com 12% de aumento da carne rotulada como “natural” e 23% de ganho nas vendas das carnes rotuladas com “livre de antibióticos”, de acordo com dados da firma de pesquisa, Nielsen.

“De todas essas afirmações nos rótulos estão se unindo como parte de uma ênfase crescente na saúde e no bem-estar”, disse o diretor associado do Nielsen Perishables Group, Mike Olson.

Como atualmente existem muito poucas dessas fazendas, a Whole Foods teve que investir em fazendas e em plantas de abate para suprir a demanda dos clientes por produtos do “animal inteiro”, disse o comprador global de carnes da rede varejista, Theo Weening.

A companhia comprava 20 suínos por semana inicialmente da Thompson Farms in Dixie, Georgia, há vários anos. A Whole Foods forneceu à fazenda e a sua planta de processamento empréstimos para impulsionar a produção e agora recebe 120 suínos por semana. “Se não fosse por nós, eles não estariam no negócio”, disse Weening.

whole-foodsWhole Foods. Foto: Mario Anzuoni/Reuters

A rede varejista de internet, Amazon.com, em junho adicionou a opção de carne moída de uma “única vaca” para suas lojas de alimentos frescos e desde então, entrou com um pedido de marca registrada para a designação. O produto, vendido em várias regiões por US$ 22 o quilo, é descrito como sendo feito de uma mistura de cortes de músculo de vacas Wagyu individuais criadas em uma fazenda na Califórnia.

Restaurantes e supermercados que moem sua carne moída no local também oferecem hambúrgueres “de origem única”, mas a maioria dos hambúrgueres é feita de uma combinação de carnes magras e gordas que sobram após cortes de maior valor, como T-bone, serem feitos. Isso significa que uma embalagem de  meio quilo de carne moída comprada nas lojas podem conter carne de centenas de animais.

“Um hambúrguer feito de uma única vaca não é tão comum como você pode pensar”, disse a porta-voz da Amazon, Nell Rona. O hambúrguer “Single Cow” é o único produto que a gigante do setor de comércio eletrônico vende exclusivamente nas lojas Fresh – dos 500.000 itens em algumas regiões – que foi desenvolvido em parceria com um fornecedor. Nell disse que a companhia tem tido “taxas muito altas de repetição de compras” desse hambúrguer.

Quando oficiais da loja online FreshDirect começaram a viajar para a Pensilvânia e Nova York para instigar os produtores a “perturbar a cadeia de fornecimento de supermercados’”, a ideia foi recebida com ceticismo, disse Stefan Oellinger, comprador de carnes sênior da companhia. “Era mais um grupo de garotos de Nova York dizendo a eles o que fazer”. Hoje, os céticos estão caindo. A demanda por um corte de vaca ofecerido em sua “hiper, hiper local” carne bovina, que a companhia de Long Island City, N.Y., pode identificar de qual grupo de novilhos comprou de uma fazenda em particular, tem sido forte desde que estreou no ano passado, disse ele, acrescentando que a companhia ainda está decidindo o quanto colocar no mercado de uma só vez.

Fonte: Artigo de Kelsey Gee e Heather Haddon, para o The Wall Street Journal, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

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