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Estudo mostra relação entre propósito e felicidade

O propósito da vida é a felicidade, se Aristóteles estiver correto, e isso é bom porque ter um propósito pode ajudar a fomentá-la.

“Um recente estudo etnográfico traça uma forte correlação entre propósito e felicidade”, escreveu Joseph P. Carter, estudante de doutorado em filosofia grega antiga da Universidade da Geórgia, no Times. “O propósito parece beneficiar as tentativas de superação do abuso de substâncias, a recuperação após uma tragédia ou perda, e a obtenção do sucesso econômico”.

Apesar de todos os benefícios do propósito, disse Carter, não espere que o universo se importe com isso nem com a felicidade resultante, e isso é bom. Um universo indiferente “nos oferece motivos poderosos e convincentes para viver de maneira justa e satisfeita, pois isso permite que nossa atenção esteja ancorada aqui”, disse ele. “Isso nos ensina que esta vida importa e que somos responsáveis por ela sozinhos. Amor, amizade e perdão existem para o nosso benefício. Opressão, guerra e conflito são males autoinfligidos.”

O estado do mundo está longe de uma utopia, mas a própria palavra “utopia” traz indícios das razões de ninguém ter encontrado tal paraíso.

“Com a junção do advérbio grego ‘ou’ (‘não’) e o substantivo ‘topos’ (‘lugar’), o político e humanista inglês Thomas More concebeu um lugar que não existe: literalmente, um ‘não-lugar’”, escreveu Espen Hammer, professor de filosofia da Universidade Temple, no Times.

Mas, quando criou a palavra, 500 anos atrás, More incluiu nela um jogo, disse Espen. “A pronúncia de ‘utopia’ pode ser associada à de ‘eu-topia’, que significa ‘lugar feliz’ em grego”, disse ele ao Times. “More estaria indicando que a felicidade é algo que só podemos imaginar.”

Mesmo se a felicidade for imaginária, um propósito é apenas um componente dela, de acordo com Martin E. P. Seligman, professor de psicologia da Universidade da Pensilvânia. Os outros são envolvimento, bons relacionamentos e realizações.

“Geralmente, a psicologia se concentra em como aliviar a depressão, raiva e preocupação”, disse ele ao Times. “Freud e Schopenhauer disseram que o mais que se pode esperar da vida é não sofrer, não ser infeliz, e acredito que essa visão é empiricamente falsa, moralmente insidiosa, e um beco sem saída do ponto de vista político e educacional. O que faz a vida valer a pena é muito mais que a ausência do negativo”.

Uma estratégia de longo prazo para a felicidade precisa cultivar o bem-estar, disse Seligman, bem como saber que a vida é mais que os prazeres e posses materiais.

Embora muitos acreditem que o dinheiro não compra felicidade, um estudo indica que o problema pode ser o gasto com as coisas erradas. Comprar joias e um carro novo não ajuda, de acordo com pesquisas recentes, mas usar o dinheiro para pagar uma empregada, um táxi ou encomendar uma entrega de um restaurante podem ter efeito positivo.

“As pessoas que gastam dinheiro para ganhar tempo, por exemplo, terceirizando tarefas mais desagradáveis, relataram um nível maior de satisfação geral com a vida”, Ashley Whillans, principal autora do estudo, disse ao Times.

O estudo também apontou que gastar dinheiro dessa maneira aumentava a felicidade das pessoas independentemente da sua renda.

“Se há alguma tarefa que enche você de desgosto só de pensar em fazê-la”, disse Elizabeth Dunn, uma das autoras do estudo, “então talvez seja interessante pensar em alguma maneira de gastar dinheiro para evitá-la”.

Fonte: The New York Times, publicada no Estadão.

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