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Estoque e taxa de acúmulo de forragem no planejamento forrageiro

A quantificação do estoque de forragem em um instante no tempo, isto é, o estoque inicial de forragem, é o ponto de partida para estabelecerem as projeções para o estoque de forragem no tempo. O estoque de forragem é o somatório da massa de forragem presente em todos os piquetes, glebas ou centros de manejo.

1. Estoque de forragem

A realização do orçamento forrageiro depende da definição de um inventário de recursos e de um plano inicial de gestão, ou seja, da previsão de alocação de áreas para pastagens e cultivos, das épocas de compra e venda de animais, da época de estação de monta e de parições, das épocas de adubação e das quantidades de fertilizantes utilizadas em cada aplicação, da época suplementação, do tipo e quantidade de suplementos a serem utilizados, etc.

A quantificação do estoque de forragem em um instante no tempo, isto é, o estoque inicial de forragem, é o ponto de partida para estabelecerem as projeções para o estoque de forragem no tempo. O estoque de forragem é o somatório da massa de forragem presente em todos os piquetes, glebas ou centros de manejo.

Diversos métodos diretos e indiretos podem ser utilizados na quantificação da massa de forragem, o mais confiável, porém o mais trabalhoso é o da amostragem direta. Esse método consiste do corte da forragem (preferivelmente ao nível do solo) de amostras com área conhecida, normalmente delimitada por uma moldura de metal ou madeira. A amostragem pode ser sistemática ou aleatória. Na amostragem aleatória todos os locais do piquete devem ter igual chance de serem amostrados, entretanto dificilmente pode-se suprimir o efeito do amostrador, principalmente em áreas extensas. Assim, normalmente dá-se preferência à amostragem sistemática, na qual se escolhem pontos de referência no pasto (como mourões de cerca) e caminha-se um número pré-determinado de passos até o local de coleta da próxima amostra.

A estimativa da disponibilidade de forragem em um piquete deve ser feita preferencialmente todo mês, ou no mínimo quatro vezes por ano. É necessário coletar-se de 5 a 25 amostras em um piquete para que a medida seja confiável, uma vez que, por via de regra, existe grande variabilidade espacial na massa de forragem em pastagens. Após o corte, as amostras devem ser pesadas e uma sub-amostra deve ser coletada para determinação do teor de matéria seca. Quanto maior o número de amostras, menor o erro associado à estimativa.

Infelizmente os métodos diretos são bastante trabalhosos, de forma que se tem incentivado, na prática, o uso de métodos indiretos. Métodos indiretos baseiam-se na existência de uma relação entre alguma variável que possa ser medida na pastagem e a massa de forragem, com o intuito de facilitar a medição da massa de forragem no pasto (Mannetje, 2000). A aplicação de métodos indiretos de quantificação de matéria seca de pastagens estabelecidas com plantas forrageiras tropicais é recente. O que se tem feito é validar ou adaptar métodos utilizados em outros países para as nossas condições. Os métodos indiretos mais comuns são a altura da pastagem, o medidor de prato ascendente e a estimativa visual.

Métodos indiretos são calibrados com dados de corte de forragem para condições semelhantes às quais será aplicado. Na calibração das medidas de altura de forragem ou leitura do disco medidor utiliza-se a técnica de dupla amostragem. Nessa técnica, uma primeira amostragem é utilizada para calibrar a relação da medida indireta com a massa de forragem e uma segunda amostragem para medição da massa de forragem a partir da equação de calibração. A calibração envolve os seguintes passos:

1. Leitura do instrumento e subseqüente corte da forragem (normalmente ao nível do solo) no local da leitura. Idealmente esse procedimento deve ser realizado 10 a 20 vezes e os locais devem ser escolhidos de forma a incorporar toda amplitude (variabilidade) de massa de forragem a ser medida e não deve estar concentrada em apenas um piquete ou local da propriedade.
2. Secagem da forragem colhida e pesagem depois de seca (se necessário pode se subamostrar a forragem colhida)
3. Desenvolvimento de uma equação de calibração.

A equação de calibração é determinada, usualmente por meio de regressão linear simples. Planilhas eletrônicas como o MS Excel dispõe de recursos que permitem o cálculo automático dessas equações (Figura 1).


Figura 1. Exemplo de equação de calibração para o prato ascendente (dados coletados na Embrapa Cerrados, Planaltina – DF, em 03/07/2002 em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandú).

A calibração é específica para uma espécie forrageira e época do ano. Os instrumentos devem então ser recalibrados aproximadamente a cada 3 meses.

A estimativa visual é outro método bastante eficiente quando o avaliador está bem treinado. O avaliador atribui notas ao piquete, com base nos padrões de referência estabelecidos por meio da amostragem direta. Pode-se estabelecer a comparação utilizando-se as notas 10 para baixa disponibilidade, 20 para média disponibilidade e 30 para alta disponibilidade.

2. Taxa de acúmulo de forragem

As taxas de acúmulo de forragem variam ao longo do ano e entre anos, isso é uma das razões fundamentais para se adotar a orçamentação forrageira. O acúmulo de forragem pode ser decomposto nos seguintes componentes: magnitude; variação estacional; e variação entre anos. Para se implementar o balanço forrageiro, usualmente, somente a magnitude e a variação estacional são considerados. A variação na produção de forragem, entre anos, constitui-se em uma fonte de risco de produção do sistema.

Sempre que possível deve-se utilizar dados históricos locais para a previsão da produtividade de forragem da pastagem. Consideram-se, dados históricos como: as taxas de lotação registradas ao longo do ano (em anos anteriores) e estimativas das taxas de acúmulo de forragem por meio do monitoramento da massa de forragem em piquetes não pastejados. Quando não se dispõem de dados locais, no caso de um projeto em uma nova área ou de não haver tal tipo de contabilização na fazenda, normalmente adota-se valores de referência compatíveis com o tipo de sistema a ser utilizado.

3. Estimando o acúmulo pela variação da massa de forragem:

Quando o método de pastejo utilizado é o de lotação rotativa, a determinação das taxas de acúmulo de forragem pode ser realizada por meio da medição da massa de forragem em piquetes não pastejados em dois instantes no tempo, normalmente logo após o pastejo e imediatamente antes do pastejo subsequente. Assim, para determinar a taxa de acúmulo de forragem (TAF) em um piquete, para um período de n dias pós pastejo podemos utilizar a seguinte equação:

, Equação 1

onde, MFi e MFf são respectivamente as massas de forragem medidas no início e no final do período.

Quando o método de pastejo utilizado é o de lotação contínua, devem-se escolher áreas da pastagem representativas, isolando-as do pastejo. Esse isolamento pode ser feito por meio de pequenas gaiolas metálicas (gaiolas de exclusão). Se a medição for feita por meio de cortes, deve-se amostrar uma área com massa de forragem semelhante ao da gaiola de exclusão. Essa medição visa estimar a massa de forragem inicial (MFi). O intervalo entre amostragens nessas áreas deve ser compatível com a planta forrageira e as taxas de crescimento a serem medidas, normalmente variando entre 21 e 35 dias. Após esse período corta-se a forragem da área de exclusão para a determinação da massa de forragem final (MFf). O cálculo da taxa de acúmulo pode ser feito como para pastejo com lotação rotativa, utilizando a Equação 1.

A quantificação da massa de forragem, no caso do método de pastejo ser o de lotação contínua com animais alocados em apenas uma gleba ou piquete, pode ser realizada diretamente multiplicando-se a massa média de forragem pela área de pastagem. Para pastagens subdivididas, como é o caso daquelas manejadas sob lotação rotativa, ou para pastagens manejadas sob lotação contínua em diferentes glebas, o estoque de forragem deve ser calculado como o somatório dos produtos entre a massa média de forragem pela área de cada piquete.

Referência bibliográfica
MANNETJE, L. Measuring Biomass of Grassland Vegetation. In: MANNETJE, L.; JONES, R.M. (eds.) Field and Laboratory Methods for Grassland and Animal Production Research. Wallingford: CAB International, 2000. Cap. 7, p. 151- 177.

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