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“Enfrentamos uma certa pressão de oferta de carne própria nos EUA”, disse presidente do INAC

Confira abaixo entrevista com o presidente do Instituto Nacional de Carnes (INAC) do Uruguai, Federico Stanham.

federico-stanham

Como você descreveria a assembleia anual do Conselho de Importações de Carnes (MICA) do Estados Unidos do qual acaba de participar com a delegação do Uruguai?

É o local onde se reúnem quase todos os importadores de carne dos Estados Unidos, ainda que, diferentemente de Paris, Anuga na Alemanha, Pequim ou Mostou, não se trata de uma feira onde se promovem diferentes produtos. Isso é porque a maior parte da carne comercializada nos Estados Unidos é para processamento de hambúrgueres, que é o principal produto de consumo daquele país e é uma commodity difícil de diferenciar. Os exportadores uruguaios participam da assembleia do MICA, porque é a oportunidade de se atualizar em apenas três jornadas sobre o que está acontecendo no mercado norte-americano e conversar de negócios.

Como foi a apresentação que fez do Uruguai?

Foi muito simples: mostramos a situação da economia do país, algumas de suas características, a evolução do rebanho bovino e ovino que se espera para 2017, como tem sido para nós o mercado dos Estados Unidos no último ano e meio e o que esperamos em oferta de carne para o mercado norte-americano. A mensagem foi: sem mudanças, ou seja, estaremos em possibilidades de colocar um volume similar de carne que colocamos esse ano. Por outro lado, destacamos características da produção uruguaia, a alimentação a pasto, o tipo de gordura que a carne tem e a certificação Never Ever 3 (carne natural certificada), porque é muito importante para os Estados Unidos o tema do não uso de antibióticos, bem como da sustentabilidade ambiental, que é outro grande tema.

neverever3

A colocação de carne natural certificada, Never Ever 3, começou há um ano. Como está indo?

Tem-se feito negócios, há algumas certificações privadas em que o INAC não intervém. É um trabalho de lenta evolução comercial. É uma carne com atributos que o importador ou outro elo da cadeia tem que exigir e que estamos preparados para produzir e certificar. São negócios de nicho: um importador que tem um mercado em um determinado lugar. Com o Never Ever 3, a carne orgânica consegue, inclusive, colocar carne para processar, para fazer hambúrgueres. Ou seja, não é carne de alta qualidade, mas sim, commodity. Se pudéssemos crescer nessa linha seria muito bom, porque se paga um pouco melhor e garante uma estabilidade nos canais de colocação. Porque quando se trabalha na commodity, já um mercado de preço, é um produto que não tem diferenciação. Se há um país que oferece US$ 50 menos, o importador certamente mudará de fornecedor. A commodity muda rápido de mercado, mas tem o risco do preço.

Que volume de carne bovina o Uruguai está colocando nos Estados Unidos?

A cota de 20 mil toneladas, peso embarque, sem tarifas, e um pouquinho a mais que esse volume fora da cota, pagando 26,5% de tarifa. No total, um pouco mais de 40 mil toneladas por ano.

Qual seria a moral dessa viagem para o MICA?

Os Estados Unidos estão em uma fase de aumento de produção de carne bovina e com uma oferta abundante de grãos baratos, com uma produção recorde de milho. Uma parte do milho é dedicada à produção de etanol, em um volume que se estabilizou e não cresce nos últimos anos. Mas há uma oferta abundante de grãos para engorda de animais. Enfrentamos agora uma certa pressão de oferta de carne própria nos Estados Unidos, que gerará um ruído com a carne importada, que sempre será necessária, porque é diferente, sobretudo pelo teor de gordura e, com ela, fazem-se as misturas. Isso seria assim pelo resto do ano e em 2017.

A outra conclusão da viagem é que há uma grande expectativa de todos os países sobre a entrada da carne brasileira no mercado americano, onde estão chegando os primeiros embarques. Os representantes do Brasil que participaram do MICA disseram que não iam inundar o mercado com carne, mas estão muito interessados em entrar. Em conclusão: o mercado norte-americano está para o Uruguai. Está firme, mas deve-se levar em conta que terá mais oferta de carne própria e terá que como como será o Brasil com novo fornecedor nos próximos meses. O Uruguai é muito valorizado nos Estados Unidos por seu sistema de produção, qualidade e porque somos exportadores confiáveis.

Fonte: El Observador, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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