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É hora de unir forças: o setor privado e o Acordo de Paris – Por João Cravinho e Mauricio Voivodic

(161104) -- PARIS, Nov. 4, 2016 (Xinhua) -- The Arc de Triomphe is lit in green in Paris, France on Nov. 4, 2016 to celebrate the entry into force of the Paris Agreement on climate change. (Xinhua/Han Qian)

O clima está na agenda política internacional. Com o Acordo de Paris, o mais importante documento global de clima de toda a história, 190 países (97% das emissões globais) apresentaram as intenções de redução de gases de efeito estufa, e os desafios que se colocam ao mundo não podem ser resolvidos unilateralmente. Pelo contrário, exigem cada vez mais cooperação.

O Acordo de Paris aponta para uma transição global, exigindo incentivos a mudanças por parte dos cidadãos e das instituições, nos negócios e investimentos do setor privado. Não atuar resultaria em impactos negativos para o meio ambiente, a economia e a saúde pública; aumentaria, ainda, as desigualdades entre os países.

O acordo se encaixa no quadro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para erradicar a pobreza, construir economias mais prósperas e sociedades mais justas.

Às nações que aproveitarem o momento abrem-se excelentes oportunidades de desenvolvimento, transformação econômica e criação de empregos, produtos e serviços, por meio das novas opções ligadas às tecnologias de baixo carbono.

A União Europeia lidera os esforços mundiais de combate às mudanças climáticas, e os governos são os principais responsáveis por legislar. O papel do setor privado, porém, é essencial, e a transição de modelo permite inúmeras inovações de baixo carbono.

O setor privado e seu potencial para financiar ações de mitigação e adaptação são fundamentais, na visão europeia. O setor privado deve ser um parceiro capaz, poderoso e engajado para uma transição rumo à economia de baixo carbono, e uma alavanca para o crescimento econômico sustentável e inclusivo.

Por sua vez, o sistema financeiro precisa mudar e se adaptar. Novos modelos de investimento e empréstimo precisam ser projetados para empresas verdes e outras formas de utilizar fundos públicos e privados devem ser desenvolvidas. Soluções existem; novas tecnologias, modelos de negócios e instrumentos financeiros já estão disponíveis, e o setor privado é a peça fundamental para colocá-los em prática.

A União Europeia e o WWF-Brasil trabalham para impulsionar o financiamento a tais iniciativas e contribuir para que o setor privado eleve a ambição na redução de emissões, encontrando e implementando as soluções necessárias.

O financiamento é um dos principais gargalos para as ações. A UE, que é um dos maiores fornecedores da verba pública para essa finalidade, dedica 20% do seu orçamento 2014-2020 ao setor, incluindo € 14 bilhões para ajuda a países em desenvolvimento e outros parceiros.

Além disso, está empenhada em aumentar a mobilização do financiamento internacional da ação climática, no objetivo coletivo dos países desenvolvidos de mobilizarem conjuntamente US$ 100 bilhões por ano entre 2020 e 2025.

No cenário internacional, dois anos depois do Acordo de Paris, as partes retornaram às negociações para desenvolver as regras e estratégias para implementar as metas individuais. Em dezembro, o clima voltará a ser assunto com foco específico no financiamento, em uma reunião convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron.

E, nos dias 27 e 28 deste mês, a UE vai organizar em São Paulo o Fórum de Negócios Verdes, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente, da WWF-Brasil e da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), para dar fluidez à relação entre entidades financeiras e o setor privado e agilizar a disponibilização de fundos para soluções inovadoras às metas de sustentabilidade energética, gestão ambiental e redução de emissões de carbono no Brasil.

A transição para a economia de baixo carbono não é uma escolha ou uma demanda ambientalista. É uma questão de sobrevivência.

Por João Gomes Cravinho, doutor em economia pela Universidade de Oxford, embaixador da União Europeia no Brasil e Mauricio Voivodic, engenheiro florestal e mestre em ciência ambiental pela USP, diretor-executivo do WWF-Brasil, para a Folha de São Paulo.

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