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Delação da JBS: tudo que você precisa saber

Na tarde de quarta-feira passada, Joesley Batista e o seu irmão Wesley entraram apressados no Supremo Tribunal Federal (STF) e seguiram direto para o gabinete do ministro Edson Fachin. Os donos da JBS, a maior produtora de proteína animal do planeta, estavam acompanhados de mais cinco pessoas, todas da empresa. Foram lá para o ato final de uma bomba atômica que explodirá sobre o país — a delação premiada que fizeram, com poder de destruição igual ou maior que a da Odebrecht. Diante de Fachin, a quem cabe homologar a delação, os sete presentes ao encontro confirmaram: tudo o que contaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) em abril foi por livre e espontânea vontade, sem coação.

É uma delação como jamais foi feita na Lava-Jato: Nela, o presidente Michel Temer foi gravado em um diálogo embaraçoso. Diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”.

Em nota, Temer disse que “jamais” solicitou pagamentos para obter o silêncio de Cunha e negou ter participado ou autorizado “qualquer movimento” para evitar delação do correligionário.

A assessoria do deputado Rodrigo Rocha Loures informou que ele que vai “esclarecer os fatos divulgados” sobre a delação.

Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).

Joesley relatou também que Guido Mantega era o seu contato com o PT. Era com o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff que o dinheiro de propina era negociado para ser distribuído aos petistas e aliados. Mantega também operava os interesses da JBS no BNDES.

Joesley revelou também que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha após sua prisão, valor referente a um saldo de propina que o peemedebista tinha com ele. Disse ainda que devia R$ 20 milhões pela tramitação de lei sobre a desoneração tributária do setor de frango.

Pela primeira vez na Lava-Jato foram feitas “ações controladas”, num total de sete. Ou seja, um meio de obtenção de prova em flagrante, mas em que a ação da polícia é adiada para o momento mais oportuno para a investigação. Significa que os diálogos e as entregas de malas (ou mochilas) com dinheiro foram filmadas pela PF. As cédulas tinham seus números de série informados aos procuradores. Como se fosse pouco, as malas ou mochilas estavam com chips para que se pudesse rastrear o caminho dos reais. Nessas ações controladas foram distribuídos cerca de R$ 3 milhões em propinas carimbadas durante todo o mês de abril.

Se a delação da Odebrecht foi negociada durante dez meses e a da OAS se arrasta por mais de um ano, a da JBS foi feita em tempo recorde. No final de março, se iniciaram as conversas. Os depoimentos começaram em abril e na primeira semana de maio já haviam terminado. As tratativas foram feitas pelo diretor jurídico da JBS, Francisco Assis e Silva. Num caso único, aliás, Assis e Silva acabou virando também delator. Nunca antes na história das colaborações um negociador virara delator.

A velocidade supersônica para que a PGR tenha topado a delação tem uma explicação cristalina. O que a turma da JBS (Joesley sobretudo) tinha nas mãos era algo nunca visto pelos procuradores: conversas comprometedoras gravadas pelo próprio Joesley com Temer e Aécio — além de todo um histórico de propinas distribuídas a políticos nos últimos dez anos. Em duas oportunidades em março, o dono da JBS conversou com o presidente e com o senador tucano levando um gravador escondido — arma que já se revelara certeira sob o bolso do paletó de Sérgio Machado, delator que inaugurou a leva de áudios comprometedores. Ressalte-se que essas conversas, delicadas em qualquer época, ocorreram no período mais agudo da Lava-Jato. Nem que fosse por medo, é de se perguntar: como alguém ainda tinha coragem de tratar desses assuntos de forma tão descarada?

Para que as conversas não vazassem, a PGR adotou um procedimento incomum. Joesley, por exemplo, entrava na garagem da sede da procuradoria dirigindo o próprio carro e subia para a sala de depoimentos sem ser identificado. Assim como os outros delatores.

Ao mesmo tempo em que delatava no Brasil, a JBS contratou o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe para tentar um acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ). Fechá-lo é fundamental para o futuro do grupo dos irmãos Batista. A JBS tem 56 fábricas nos EUA, onde lidera o mercado de suínos, frangos e o de bovinos. Precisa também fazer um IPO (abertura de capital) da JBS Foods na Bolsa de Nova York.

Pelo que foi homologado por Fachin, os sete delatores não serão presos e nem usarão tornozeleiras eletrônicas. Será paga uma multa de R$ 225 milhões para livrá-los das operações Greenfield e Lava-Jato que investigam a JBS há dois anos. Essa conta pode aumentar quando (e se) a leniência com o DoJ for assinada.

Gravação de Temer

Por volta de 22h30m do dia 7 de março, Joesley Batista entrou no Palácio do Jaburu. Michel Temer estava à sua espera. Joesley chegou à residência oficial do presidente com o máximo de discrição: foi dirigindo o próprio carro para uma reunião a dois, fora de agenda. Escondia no bolso uma arma poderosa — um gravador. Temer havia chegado pouco antes em casa, logo depois do seu último compromisso do dia: uma passada rápida na comemoração dos 50 anos de carreira do jornalista Ricardo Noblat.

O presidente e o empresário conversaram por cerca de 40 minutos a sós. Poderiam, por exemplo, ter discutido a queda de 3,6% do PIB em 2016, um terrível dado econômico divulgado justamente naquele dia. Mas eram outros os assuntos da pauta.

Todo o diálogo foi gravado por Joesley. Tem trechos explosivos. Num deles, o dono da JBS relatou a Temer que estava dando mesada a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro para que ambos, tidos como conhecedores de segredos de dezenas de casos escabrosos, não abrissem o bico. Temer mostrou-se satisfeito com o que ouviu. Neste momento, diminuiu um pouco o tom de voz, mas deu o seu aval:

— Tem que manter isso, viu?

Em seu depoimento aos procuradores, Joesley afirmou que não foi Temer quem determinou que a mesada fosse dada. Mas que o presidente tinha pleno conhecimento da operação cala-boca.

Tanto Cunha quanto Funaro já haviam prestado diversos serviços para o grupo J&F. Cunha, por exemplo, por meio de emendas em projetos de lei e pela influência que detinha no FI-FGTS, que investiu mais de R$ 1 bilhão em empresas da J&F. A mesada já era dada há alguns meses. A PF filmou pelo menos uma entrega de R$ 400 mil para Roberta, irmã de Funaro. Para Cunha, o dinheiro era entregue a Altair Alves Pinto, seu homem de confiança. O “senhor Altair”, como era conhecido, já foi apontado por Fernando Baiano como o responsável pelo transporte das propinas pagas a Cunha.

A conversa continuou e, em seguida, Joesley pediu a ajuda de Temer para resolver uma pendência da J&F no governo. Temer disse que Joesley deveria procurar Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para cuidar do problema:

— Fale com o Rodrigo.

Joesley quis se certificar do que Rocha Loures poderia fazer por ele e perguntou:

— Posso falar tudo com ele?

Temer foi sucinto:

— Tudo.

Rocha Loures é um conhecido homem de confiança do presidente. Foi chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência sob Temer. Após o impeachment, virou assessor especial da Presidência e, em março, voltou à Câmara, ocupando a vaga do ministro da Justiça, Osmar Serraglio.

Assim foi feito. O dono do JBS procurou Rocha Loures. Marcaram um encontro em Brasília — e se acertaram. Joesley lhe contou do que precisava do Cade. Desde o ano passado, o órgão está para decidir uma disputa entre a Petrobras e o grupo sobre o preço do gás fornecido pela estatal à termelétrica EPE. Localizada em Cuiabá, a usina foi comprada pelo grupo em 2015. Explicou o problema da EPE: a Petrobras compra o gás natural da Bolívia e o revende para a empresa por preços extorsivos. Disse que sua empresa perde “1 milhão por dia” com essa política de preços. E pediu: que a Petrobras revenda o gás pelo preço de compra ou que deixe a EPE negociar diretamente com os bolivianos.

Com uma sem-cerimônia impressionante, o indicado de Temer ligou para o presidente em exercício do Cade, Gilvandro Araújo. E pediu que se resolvesse a questão da termelétrica no órgão. Não há evidências de que Araújo tenha atendido ao pedido. Pelo serviço, Joesley ofereceu uma propina de 5%. Rocha Loures deu o seu ok.: “Tudo bem, tudo bem”.

Para continuar as negociações, foi marcado um novo encontro. Desta vez, entre Rocha Loures e Ricardo Saud, diretor da JBS e também delator. No Café Santo Grão, em São Paulo, trataram de negócios. Foi combinado o pagamento de R$ 500 mil semanais por 20 anos, tempo em que vai vigorar o contrato da EPE. Ou seja, está se falando de R$ 480 milhões ao longo de duas décadas, se fosse cumprido o acordo. Loures disse que levaria a proposta de pagamento a alguém acima dele. Saud faz duas menções ao “presidente”. Pelo contexto, os dois se referem a Michel Temer.

A entrega do dinheiro foi filmada pela PF. Mas desta vez quem esteve com o homem de confiança de Temer foi Ricardo Saud, diretor da JBS e um dos sete delatores.

Esse segundo encontro teve uma logística inusitada. Certamente, revela o traquejo (e a vontade de despistar) de Rocha Loures neste tipo de serviço. Assim, inicialmente Saud foi ao Shopping Vila Olímpia, em São Paulo. Em seguida, Rocha Loures o levou para um café, depois para um restaurante e, finalmente, para a pizzaria Camelo, na Rua Pamplona, no Jardim Paulista. Foi neste endereço, próximo à casa dos pais de Rocha Loures, onde ele estava hospedado, que o deputado recebeu a primeira remessa de R$ 500 mil.

Apesar do acerto de repasses semanais de R$ 500 mil, até o momento só foi feita a primeira entrega de dinheiro. E, claro, a partir da homologação da delação, nada mais será pago.

Temer nega

O presidente Michel Temer disse, através de comunicado divulgado na noite desta quarta-feira, que “jamais” solicitou pagamentos para obter o silêncio de Cunha, e nega também ter participado ou autorizado “qualquer movimento” para evitar delação do correligionário.

O presidente pediu ainda “ampla e profunda investigação” para apurar as denúncias publicadas, e pediu “responsabilização” de envolvidos em crimes.

Após a publicação das reportagens do GLOBO, o presidente Michel Temer se reuniu com ministros palacianos e Henrique Meirelles, além de assessores. Às 21h, Meirelles deixou o gabinete por um instante para fazer uma ligação.

A segurança interna do palácio proibiu acesso de jornalistas ao quarto andar, mesmo com consentimento de assessores do governo. Por mais de uma hora, carros passam buzinando em frente ao Planalto.

Confira a íntegra da nota:

“O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.

O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.

O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados”.

Áudio completo

Confira abaixo a transcrição e o áudio completo da conversa entre Joesley Batista e o presidente, Michel Temer:

Joesley: (trecho inaudível) Tudo bem?

Temer: Você está morando fora do Brasil? Soube que você está morando fora. Tá nos Estados Unidos?

Joesley: Tô ficando muito. A maior parte é lá. Como tá a correria?

Temer: (Trecho inaudível) Eu era tão feliz. Estou fazendo dez meses, parece que foi ontem. Tem a oposição. Lançaram o golpe, golpe, golpe, depois passou. (Diziam que) A Economia não vai dar certo. Começou a dar certo. Então, os caras (oposição) estão num desespero. Ainda bem que eu tenho apoio do Congresso. Se eu não tenho apoio do Congresso, eu tô ferrado. Mas vai dar certo, vamos atravessar isso aí, você vai ver. Vamos chegar no final deste ano já muito melhor. E 2018 vamos comemorar.

Joesley: Com certeza. É isso mesmo. Sabe que nós vamos chegar no fim deste ano olhando pra frente mais animados.

Temer: Já começou. Modestamente, mas já começou (o ânimo).

Joesley: Muito rápido.

Temer: Seis meses como titular e olha o que já fizemos: aprovamos o teto dos gastos, a DRU (Desvinculação de Receitas da União), reforma do ensino médio, admissibilidade da (reforma) Previdência, grande acordo na reforma trabalhista, que foi o acordado sobre o legislado.

Joesley: Muito rápido. Economia tá bem, mas tem que baixar o juro rápido, porque a reversão da expectativa foi muito rápida.

Temer: (inaudível) Desce mais um (ponto) e vai descendo responsavelmente.

Joesley: Você sempre tem que deixar o mercado com a sensação de que foi pouco. Tem que ficar na sensação… Não pode tomar a dianteira. O BC baixou 25 (pontos base), depois 25 (pontos base). Aí quando deu aqueles 75, o mercado deu uma animada, mas já esperava 1 (100 pontos base). Depois dá 1 e acha pouco, pede 1,5 (150 pontos base).

Joesley: Presidente, deixa eu te falar. Primeiro, eu vim aqui por dois ou três motivos. Primeiro que eu não tinha te visto desde que quando você assumiu.

Temer: Quando eu assumi não.

Joesley: Antes de assumir. Estive no seu escritório dez dias antes quando, tava ali naquela briga, naquela guerra nas redes sociais. Negócio de golpe, etc. De lá pra cá, vinha falando com o Geddel, enfim…

Temer: Deu aquele problema… Um idiota (ex-ministro da Cultura Marcelo Calero), uma bobagem que ele fez… Sem consequência nenhuma, ele aproveitou pra fazer um carnaval.

Joesley: Andei falando com o Padilha, mas ele adoeceu, ficou adoentado… Então eu pensei: “deixa eu ir lá dar uma…” Primeiro, dizer o seguinte: “tamo junto”. O que o senhor precisar de mim, o senhor me fala. E também te ouvir um pouco, presidente. Como é o que senhor está nessa situação toda de Eduardo (Cunha), não sei o que?

Temer: Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que… O Moro indeferiu 21 perguntas dele que não tinha nada a ver com a defesa dele. Era pra (inaudível). Eu não fiz nada (inaudível) no Supremo Tribunal Federal.

Joesley: Eu, o que ia falar, assim, dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo o que tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo, liquidou tudo. E ele foi firme em cima. Ele já tava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da fila. O único companheiro dele que está aqui, porque o Geddel sempre estava, Geddel andava sempre ali, mas o Geddel, com esse negócio, perdi o contato, e eu não posso…

Temer: É complicado…

Joesley: E eu não posso encontrar ele.

Temer: (Inaudível) não parecer obstrução de justiça.

Joesley: Isso isso. O negócio dos vazamentos do telefone lá do Eduardo com Geddel volta e meia citava algo meio tangenciando a nós. Eu tô lá me defendendo. Como é que eu… O que eu mais ou menos me dei conta de fazer até agora? Eu tô de bem com o Eduardo…

Temer: Tem que manter isso, viu? (Inaudível)

Joesley: Todo mês

Temer: (Inaudível)

Joesley: Também… tô segurando as pontas, tô indo, tô meio enrolado aqui no processo.

Temer: (Inaudível)

Joesley: É, sou investigado. Eu não tenho ainda a denúncia. Aqui, eu dei conta de um lado do juiz, dar uma segurada. Do outro lado, um juiz substituto.

Temer: Que tá segurando os dois.

Joesley: Segurando os dois… Ó, eu consegui um procurador dentro da força-tarefa. Temer: Que tá lá…

Joesley: – Que também tá me dando informação. E eu lá que tô para dar conta de trocar o procurador que tá atrás de mim. se eu der conta, tem um lado bom e um lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal. O lado ruim é que se vem cara com raiva ou com não sei o quê…

Temer: (Inaudível) Joesley: O que tá me, me… Temer: Ajudando?

Joesley: Não, o que tá me ajudando tá bom, beleza. Agora o principal é o que tá me investigando. Consegui colocar um no grupo. Agora tô tentando trocar…

Temer: O que tá em cima de você.

Joesley: Isso.. estamos nessa. Ele saiu de férias. Até nessa semana fiquei preocupado que saiu um burburinho que iam trocar ele. Eu fiquei com medo. Tô contando essa história pra te dizer que eu tô me…

Temer: Se mexendo.

Joesley: Me defendendo, me segurando. Os dois lá se mantendo, tudo bem, mas é um (inaudível). O Geddel tava aqui, aquele negócio da anistia quase não deu.

Temer: (Inaudível) Mas se todos fizerem isso, (inaudível) Joesley: (Inaudível) Sabe que eu estive até com presidente Lula na
(inaudível), lá no dia que o PT (Inaudível) Temer: (Inaudível)

Joesley: Presidente, eu nao sei o quanto o senhor está ao par, assim, de como (inaudível) é uma brutalidade, um negócio…
Temer: (Inaudível)

Joesley: Duas ou três semanas atrás, outro que eu nunca ouvi falar… A menina que trabalhava com Lúcio no financeiro, nunca ninguém nosso nunca viu nada. “Ah porque ouvi falar do Lúcio que nao sei o quê”… Pô, me rendeu um Fantástico, um Jornal Nacional, uma confusão…

Temer: (Inaudível)

Joesley: Ainda bem que tenho boa relação com a imprensa e consegui rapidamente… aquietou.

Temer: (Inaudível)

Joesley: Sobre esse ponto, estamos tocando.

Temer: (Inaudível)

Joesley: Tô fazendo 50 mil por mês pro rapaz (Inaudível) e me dá informação.

Temer: – (Inaudível)

Joesley: (Inaudível) reunião, falou isso, falou daquilo. O brabo é… Enfim, mas vamos lá. Queria falar como é que é, pra falar contigo, qual melhor maneira, porque eu vinha falando através do Geddel, eu não vou lhe incomodar, evidentemente

Temer: (Inaudível)

Joesley: Eu sei disso, por isso é que..

Temer: (Inaudível) É o rodrigo.

Joesley: É o rodrigo? Então ótimo.

Temer: (Inaudível) passar para o Meirelles (inaudível) da mais estrita confiança.

Joesley: Prefiro combinar assim, se for alguma coisa que eu precisar eu falo com o Rodrigo, se for assunto desses aí…

Temer: (Inaudível)

Joesley: Funciona super bem, posso vir onze da noite, converso dez minutinhos, meia horinha e vou embora. Tá, vamos falar de outra coisa. Como cê tá com o Henrique?

Temer: A gente tá muito bem.

Joesley: É, tranquilo?

Temer: (Inaudível)

Joesley: Muito trabalhador, ele é trabalhador

Temer: Trabalhador (inaudível) inacreditável, inacreditável, mas o henrique tá muito bem. Eu chamo ele (inaudível)…

Joesley: E ele gosta.

Temer: E ele gosta pra trabalhar.

Joesley: Só não chama pra ir pra praia, aí ele não vai gostar.

Temer: Aí não tem graça.

Joesley: E Henrique é muito disciplinado, tenho uma relação ótima com ele, (inaudível), eu já andei falando com ele alguns assuntos

Temer: Sei

Joesley: Ele é (inaudível) pra caramba. Por exemplo, um dia falei com ele: “ah, no BC”, e ele: “não, aquilo lá o Ilan faz as coisas”. Ele tira fora. Eu digo “ah, mas você que manda nessa merda”, e ele “ah, mas o Ilan lá…”

Temer: (Inaudível)

Joesley: Bom, aí q eu quero… bom, um dia falei que tinha que mexer na Receita Federal e ele falou “não posso mexer”. Aí falei no BNDES e ele disse que “não, lá é Planejamento”. Eu disse “ah, mas foi você quem colocou a Maria da Silva lá”. Ele: “não, mas é o Jucá”, e etcetera.

Temer: (Inaudível) Ligou, acertou e tal… (inaudível)

Joesley: (Inaudível) em alguma sintonia contigo, pra quando eu falar com ele, ele nao jogar: “ah, não, presidente não deixa, não quer”. E eu digo: “Pô, Henrique, então você é um banana”. Aí falei com ele sobre o Cade, que o presidente do Cade ia mudar.

Temer: Já mudou.

Joesley: Ei, Cade tem que botar.. Ah, isso quer dizer o seguinte, resumindo, que eu também não sei se é hora de mexer em alguma coisa, porque dentro do contexto geral também não quero importunar ele. Eu trabalhei com ele quatro anos, se eu for mais firme nele, acho que ele corresponde.

Joesley: Dentro do contexto geral, não quero importunar ele, também… Se eu for mais… Trabalhei com ele quatro anos. Se for mais firme nele, acho que ele corresponde

Temer: Ele [inaudível] Brasília tem coisas maiores. A vida dele, pra mim foi você [inaudível].

Joesley: O meu, e até voltando ao caso do Eduardo, ‘briguei lá e tal, agora tem que ver se…’ Enfim. Tudo bem, aí ele, uns 15 dias antes deu uma palmada em mim, ‘agora tenho que trabalhar’, mas não é assim também.

Temer: Deu no que deu.

Joesley: Quinze dias antes, não é assim, não. ele abriu os olhos e falou ‘você tá com uma Ferrari aí’. Como ficou Fazenda, Banco Central… o Banco Central perdeu status de ministro, Henrique tá prestigiado. Mas Henrique também não… Vou te dar um toque, eu não sei o quanto vou mais, o quanto deixo ele com essa pepineira dele.

Temer: Se ele joga pra cima de você, isso tá muito errado. Joesley: Ele joga pra cima de você o falso bancário. Temer: [inaudível] Fazendo escondido… [inaudível]

Joesley: Lógico, lógico. Não vou falar nada descabido, nada descabido. Mas agora, eu falei pro Henrique, é importantíssimo ter um presidente do Cade ponta firme.

Temer: Mas não sei, já foi nomeado?

Joesley: Já, já foi nomeado. Foi em janeiro agora, eu falei pra ele…

Temer: Tem certeza? Tenha conversa franca…

Joesley: Tem que ver. Por exemplo, agora tá o presidente da CVM troca não troca, é outro lugar…

Temer: Você devia falar com ele…

Joesley: Se eu falar com ele e ele empurrar pra você…

Temer: Não, pode fazer, pode.

Joesley: É isso que eu queria, ter esse alinhamento, pra não ficar nessa e ele perceber…

Temer: Eu cito, mas não precisa falar de você.

Joesley: Quando falo de ir mais firme no Henrique, é isso, ver se ele vai levar. Queria ter esse alinhamento, quando eu falar um negócio, pelo menos vai e consulta lá.

Temer: Pode fazer isso.

Joesley: Como o BNDES e aquela operação lá, Geddel me falou que teve todo empenho e esforço. Temer: [Inaudível]

Joesley: Não deu de um jeito, mas deu de outro, pronto.

Temer: [Inaudível] Eu a chamei, disse que ela tá acabando com o crédito, ela veio explicar e não deu, nós fizemos de outro jeito e deu certo.

Joesley: É, o BNDES tá bem travado. Esse negócio do BNDES é outra [corte] influência… Hoje, Maria Silva tá falando com quem? [corte] Tá problemático.

Temer: Tem servidores lá que estão com bens indisponíveis, em face das… Eles não podem mexer. Estão com medo de mexer em qualquer coisa. Tá com uma verba lá de R$ 150 bilhões parada. [corte] Mas isso aí do Meirelles, pode falar.

Joesley: Isso que quero, se ele escorregar, eu… Temer: Diga ‘consulte-o’. ‘Consulte o presidente’. [Joesley consulta uma lista de pautas]

Joesley: Geddel, tem visto ele?

Temer: Eu falei hoje por telefone. A gente não está falando muito por uma razão… [inaudível e cortes].

Joesley: Exatamente. [cortes] Como vai financiar 2018?

Temer: Não sei. [cortes e inaudível] Acho que quando melhorar bem a economia, muda… [inaudível]

Joesley: Com certeza, casa que falta pão não tem leão. Não é assim? Não tem remédio melhor que as coisas indo financeiramente bem. Todo mundo acalma. E no TSE, como tá?

Temer: Tudo bem, mas foi um troço meio maluco. Mas eu acho que não passa o negócio da minha cassação, porque eles têm uma consciência política… [cortes] Porra, mais um presidente? [cortes] Em terceiro, a improcedência da ação. [inaudível] É o Benjamin. E tem recurso, tem recurso para o Supremo. E até lá já terminou o mandato.

[Cortes]

Joesley: Igualzinho ao senhor aqui também, né. Ficamos igual a esse prato aqui, se equilibrando. Tem a empresa, a concorrente, os EUA, tem o dia a dia, a imprensa, de repente tem que parar para resolver coisa… Falo pro procurador que pode investigar, não tem problema, mas não fica dando solavanco, não. Fazendo medidas escancaradas e divulgando pra imprensa… ‘Doutor, posso estar certinho, mas chego lá morto de tanto solavanco que vai me dar, se estiver 100% certo, eu morro’. Disse até ‘me denuncia, por favor, inventa, denuncia, que eu não aguento, se o senhor ficar desse jeito, vai me quebrar’. Puta que pariu, e eu sei… Mas tudo bem, somos do couro grosso, vamos lá.

Temer: Isso vai passar, viu, não vai ficar a vida toda assim.

Joesley: Menos pé no chão também, lógico, passado é passado. Tá faltando talvez, presidente, quando falava anistia, o negócio da autoridade, tínhamos coisa objetiva para lutar pelo que. Estamos lutando, trabalhando… [cortes] A gente tinha que pensar, porque se não for atrás de algo, esses meninos não param. Um delata um, que delata o outro, que delata um, que delata o outro. Delação sem verdade, que não precisa provar nada.

Temer: É, é.

Joesley: É o seguinte, eu até perdoo, já teve uns quatro ou cinco que delatou a gente, coisa estapafúrdia, como o Sérgio Machado. Eu nunca vi esse cara na vida. [cortes] Eu vi o vídeo, e fique pensando… Fala assim: ‘fala da aí da JBS’, ‘mas eu não tenho nada’, ‘então vai preso, vai embora’.

Temer: Então vai embora.

Joesley: ‘Mas eu não conheço…’, ‘não, então eu não fecho’. Temer: É, é.

Joesley: Eu vi o vídeo de um pobre coitado do Sérgio que eu nem conheço, comemorando o último capítulo, da JBS. Ele decorou, leu um papelzinho lá… Quando acabou, comemorou ‘acabou, acabou’.

Temer: O Sérgio Machado?

Joesley: É, fala de JBS [cortes]. Nós nunca passamos perto da Petrobras… da Transpetro. Nunca vi ele na vida, nem ele, nem os filhos dele, nada. Mas aí o procurador vira ‘fala, se não…’

Temer: Quer se livrar, fala. Joesley: Lembra de alguma coisa.

Temer: Acho que foi gravado pra poder convencer os procuradores a aceitar [inaudível].

Joesley: Ele teve que falar alguma coisa nossa. Ele contando fiquei 15 dias. Foi foi foi eu falei. De tudo o que aconteceu conosco até agora, tem só um tal dum PIC, que é um procedimento investigativo criminal. Não tem uma prova, não tem um dinheiro meu no exterior que eu depositei. No dia que aconteceu eu estava nos EUA e liguei para o meu advogado. Que que é isso? Ele também não sabia, não é criminalista. E disse que o delegado disse que não precisava se preocupar, é só um PIC. Meia hora depois falou: bloqueou as contas. Mais meia hora, ó, os bens tão bloqueados. Mais meia horinha disse ó, tão recolhendo os passaportes, não pode mais viajar.

Joesley: Daqui a pouco com PIC tou é preso. Foi onde corri lá no Procurador, dei um seguro garantia de R$ 1,5 bilhão e pronto, resolveu o meu problema. Você imagina se eu não consigo fazer um negócio desse? Então eu acho, presidente, que é muito desproporcional. Tem que criar alguma coisa, presidente. Alguma agenda.

Joesley: Eu tava lendo o PSDB antes, agora estão se mexendo. Não vou tomar mais o seu tempo não. Temer diz algo meio inaudível: [uma solução. Adorei te ver].

Joesley: Obrigado, adorei te ver. [ Bom te ver, diz Temer]. Nós estamos combinando o seguinte. Primeiro, precisando de alguma coisa me fala, viu? Fica à vontade. Segundo, estamos lá nos defendendo. Terceiro, o negócio do Henrique, ótimo. E enfim, se surgir alguma {inaudível}.Eu gostei desse jeito aqui, viu? Eu vim com motorista, eu não dirijo.

Temer[inaudível]. Ah, você veio sozinho?

Joesley: Eu tinha combinado de vir com ele. Daí deu 9h50 mandei mensagem para ele. Não respondeu. Deu 22h05 liguei para ele. Ele disse pô, estou num compromisso, vai lá, passei a placa do carro. Nem deu meu nome. Fui chegando, eles viram a placa do carro e abriram. O senhor vai mudar para o outro?

Temer inaudível (33:02) descrevendo uma casa. “Tem cozinha, tem ….” A Marcela tá acordada. Para não voltar. Fui para a Bahia três dias, não aguentei. (só dá para ouvir algumas palavras)

Joesley: Lá é muito frio, aqueles vidrão. Como a Dilma aguentava ficar sozinha lá? Deixa eu ir embora que já ta tarde. Estou bem. Deixa eu pegar … (inaudível).

Temer: Você emagreceu.

Joesley: To comendo coisa mais saudável, menos doce, menos
industrializado.

Trecho inaudível do 34:38 até o 35:53

35:53 em diante, Joesley está no carro, ouvindo CBN.
(Fim)

Aécio Neves

Joesley Batista entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma gravação que piora de forma descomunal a tempestade que já cai sobre a cabeça de Aécio Neves (PSDB-MG). No áudio, o presidente do PSDB surge pedindo nada menos que R$ 2 milhões ao empresário, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato.

Em nota, o senador afirmou que que relação com Joesley Batista era “estritamente pessoal” e sem envolvimento com o setor público. O parlamentar afirma ainda estar tranquilo em relação aos seus atos.

O diálogo gravado durou cerca de 30 minutos. Aécio e Joesley se encontraram no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo. Quando Aécio citou o nome de Alberto Toron, como o criminalista que o defenderia, não pegou o dono da JBS de surpresa. A menção ao advogado já havia sido feita pela irmã e braço-direito do senador, Andréa Neves. Foi ela a responsável pela primeira abordagem ao empresário, por telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os procuradores). As investigações, contudo, mostrariam para a PGR que esse não era o verdadeiro objetivo de Aécio.

O estranho pedido de ajuda foi aceito. O empresário quis saber, então, quem seria o responsável por pegar as malas. Deu-se, então, o seguinte diálogo, chocante pela desfaçatez com que Aécio trata o tema:

— Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança — propôs Joesley.

— Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho — respondeu Aécio.

O presidente do PSDB indicou um primo, Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014. Tocava a área de logística.

Quem levou o dinheiro a Fred foi o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma. A PF filmou uma delas.

No material que chegou às mãos de Fachin na semana passada, a PGR diz ter elementos para afirmar que o dinheiro não foi repassado a advogado algum. As filmagens da PF mostram que, após receber o dinheiro, Fred repassou, ainda em São Paulo, as malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).

Mendherson levou de carro a propina para Belo Horizonte. Fez três viagens — sempre seguido pela PF. As investigações revelaram que o dinheiro não era para advogado algum. O assessor negociou para que os recursos fosse parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella.

Não há, portanto, nenhuma indicação de que o dinheiro tenha ido para Toron.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) manifestou, por meio de nota, que era “estritamente pessoal” sua relação com Joesley Batista. Dizendo-se “absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos”, Aécio se defendeu: “No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público”.

O senador disse aguardar ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários.

Fachin manda afastar Aécio Neves do mandato de senador

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), mandou afastar o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), do mandato de senador. Endereços ligados ao parlamentar tucano também são alvo de mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (18) no Rio de Janeiro e em Brasília.

Além de afastar o senador do PSDB, Fachin expediu um um mandado de prisão contra a irmã e assessora de Aécio, Andréa Neves. Segundo a TV Globo apurou, um procurador da República foi preso e há mandados contra pessoas ligadas ao deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

No Rio, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em três endereços: os apartamentos de Aécio e da irmã dele e o imóvel de Altair Alves Pinto, conhecido por ser braço direito de Cunha.

O procurador da República Ângelo Goulart Villela, que atua no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi preso na manhã desta quinta pela Polícia Federal. Agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão na sede da Corte eleitoral, em Brasília.

Fachin também expediu mandado de prisão contra o advogado Willer Tomaz, que é ligado a Eduardo Cunha.

Rocha Loures

A assessoria do deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) informou que ele está nos Estados Unidos e tem retorno programado para esta quinta-feira. O deputado afirmou que vai “esclarecer os fatos divulgados” sobre a delação do dono da JBS Joesley Batista.

“Com relação às notícias divulgadas nesta quarta-feira, envolvendo a empresa JBS, informamos que o empresário e deputado federal Rodrigo Rocha Loures está em Nova York, onde proferiu palestra sobre a política brasileira a um grupo de investidores internacionais. Rocha Loures tem retorno programado para amanhã. Em seu retorno, o deputado deverá se inteirar e esclarecer os fatos divulgados”, afirma a assessoria.

OAB

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, classificou como “estarrecedores, repugnantes e gravíssimos” os fatos noticiados na noite desta quarta-feir. Em nota, o presidente da OAB afirmou ainda que a sociedade precisa de respostas.

“São estarrecedores, repugnantes e gravíssimos os fatos noticiados por ‘O Globo’ a respeito de suposta obstrução da Justiça praticada pelo presidente da República e de recebimento de dinheiro por parte dos senadores Aécio Neves e Zezé Perrella. A sociedade precisa de respostas e esclarecimentos imediatos. As cidadãs e cidadãos brasileiros não suportam mais conviver com dúvidas a respeito de seus representantes. Por isso, as gravações citadas precisam ser tornadas públicas, na íntegra, o mais rapidamente possível. E a apuração desses fatos deve ser feita com celeridade, dando aos acusados o direito à ampla defesa e à sociedade a segurança de que a Justiça vale para todos, independentemente do cargo ocupado”.

Parlamentares da oposição e da base pedem renúncia de Temer e eleições diretas

Parlamentares da oposição e da base aliada pediram na noite desta quarta-feira renúncia do presidente Michel Temer e a convocação de novas eleições. Aliado do governo, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, defendeu a renúncia do presidente e a antecipação das eleições presidenciais. O posicionamento foi divulgado por meio de nota enviada por sua assessoria.

“Diante da gravidade do quadro e com a responsabilidade de não deixar o Brasil mergulhar no imponderável, só nos resta a renúncia do presidente Michel Temer e a mudança na Constituição. É preciso aprovar a antecipação das eleições presidencial e do Congresso Nacional”, afirmou Caiado.

Para o líder do PPS, o deputado Arnaldo Jordy (PA), também da base de Temer, o governo “acabou” e o ideal é fazer eleições presidenciais neste ano e um pleito parlamentar no ano que vem.

— Acabou. Não tem nada que justifica essa denúncia. Se Temer tiver grandeza, deve pactuar uma saída com instituições e antecipar o processo eleitoral. Acabou. Está na hora de devolver para as urnas a decisão. E não pode renunciar, porque os presidentes do Congresso também são investigados.

Logo após a divulgação das denúncias, a oposição se reuniu e unificou o discurso em torno de um pedido de renúncia e de uma mudança na Constituição que possibilite eleições diretas para a Presidência da República ainda este ano. Dois pedidos de impeachment do presidente já foram protocolados.

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini (SP), afirmou que a oposição pretende mobilizar um ato no próximo dia 24 de maio em Brasília, pedindo a saída de Temer. Ele disse que os parlamentares vão pressionar para que o presidente renuncie e que não voltarão para seus estados e ficarão no Congresso discutindo os próximos passos.

– Nós fizemos reunião com líderes da oposição e nós estamos concluindo algumas questões fundamentais. Primeiro, pedir a renúncia imediata do presidente da República, que tomou o poder de forma golpista. Segundo, vamos iniciar um processo de impeachment com base nesses fatos. Terceiro lugar, nós queremos aprovar imediatamente o projeto de emenda constitucional do deputado Miro Teixeira que prevê a convocação de eleições diretas já – afirmou Zarattini.

Segundo o Blog do Moreno, em reunião com ministros na noite de hoje, Temer disse que não renuncia e quer ver a fita da sua conversa com o dono da JBS.

Em uma ação articulada para pressionar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deputados da oposição pretendem votar amanhã, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo deputado Miro Teixeira que permitiria antecipar as eleições presidenciais.

A PEC determina a realização de eleições diretas até seis meses antes do final do mandato, caso a presidência fique vaga. Miro acredita que há um dano de difícil recuperação para a autoridade do presidente.

A líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), classificou a situação de “gravíssima” e disse ver “provas concretas” do envolvimento de Temer nas denúncias.

– É uma situação gravíssima. Essa denúncia contra o presidente da República, no noticiário tem provas concretas do envolvimento dele e de outros membros do governo que colocam a situação dele insustentável no cargo. Ele tem que renunciar ao mandato e o Brasil precisa de convocação de eleições diretas. Essa é a única maneira de pacificar o país e resolver o problema que estamos vivendo – disse Gleisi.

A senadora afirmou que se trata de obstrução de Justiça.

– O que estamos vendo é claramente obstrução de Justiça, com questões depois da Lava-Jato em andamento, de todas as denúncias feitas, essa situação se coloca novamente. Precisamos ver as provas que têm e tomar providência, o Supremo Tribunal Federal e a PGR têm que se manifestar – pontuou.

A líder do PCdoB, Vanessa Grazziotin (AM), comparou as denúncias contra Temer àquelas de que foi alvo o senador cassado Delcídio do Amaral, preso por tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Ceveró. Para a senadora, não é possível manter a votação das reformas da Previdência e trabalhista no Congresso.

– Diante da gravidade dos fatos, entendemos que é impossível continuar com a pauta das reformas, mexe estruturalmente com país e não há mais legitimidade desse governo. É muito grave o caso que envolve o presidente. Há comparação com o senador Delcídio do Amaral, que foi preso por questões até menores que essa. Vamos apresentar pedido de impeachment, mas entendemos que é caso de renúncia imediata – pontuou Vanessa.

Protesto

Um grupo de manifestantes protestava na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, na noite desta quarta-feira (17), pedindo a saída de Michel Temer e eleições gerais. A via foi liberada, segundo a PM, por volta das 2h25.

Às 23h, o protesto na Avenida Paulista bloqueava a via sentido Consolação. A manifestação é liderada pela Frente Povo Sem Medo, que promovia um debate sobre as reformas trabalhistas e na previdência no vão livre do Masp. Após tomar conhecimento das delações, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, que participava do debate, chamou os participantes para protesto.
Nas redes sociais, o MTST e outros movimentos sociais convocam a população para o ato na avenida nesta noite. Há registros de panelaço pedido a saída do presidente nos bairros Pompeia, na Zona Oeste, no Itaim Bibi, na Zona Sul e em São Bernardo do Campo, no ABC.

PSDB já discute nome de sucessor de Temer

Após o conteúdo da delação do empresário Joesley Batista vir à tona, o PSDB se reuniu no gabinete do senador Tasso Jereissati para discutir a crise e nomes que possam suceder ao presidente Michel Temer, fortemente atingido pelo delator. A conclusão dos tucanos é de que o melhor nome seria o da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. A preferência dos tucanos seria o ex-presidente FHC, mas concluiu-se que ela reuniria mais apoio entre os demais partidos. A OAB estuda pedir o impeachment de Temer, mas há quem aposte em renúncia.

Quais são os cenários possíveis caso se confirmem denúncias contra Temer – BBC

Renúncia

Caso Temer decida renunciar, a Constituição determina que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assuma a Presidência de forma interina e convoque eleição indireta a ser realizada em 30 dias.

Nesse caso, a Constituição determina que o Congresso, e não o povo, deva escolher o novo presidente, pois já transcorreu metade do mandato presidencial de quatro anos.

Mas, segundo o constitucionalista Oscar Vilhena Vieira, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, o Congresso também poderia aprovar uma proposta de emenda constitucional (PEC) para permitir a realização de eleições diretas.

Em geral, tais propostas têm tramitação lenta e são de difícil aprovação, pois exigem ampla maioria dos votos dos parlamentares (três quintos de deputados e senadores).

No entanto, havendo forte pressão popular, Vieira diz acreditar que tal mudança possa ser aprovada com velocidade.

No caso de eleição indireta, o constitucionalista lembra que não há uma regulamentação sobre como esse pleito deve ser realizado. Em sua avaliação, qualquer brasileiro com mais de 35 anos poderia se candidatar ao pleito, mesmo sem ter filiação partidária.

Segundo a Constituição, nesse pleito devem ser eleitos um novo presidente e um vice para concluir o mandato atual, ou seja, até dezembro de 2018.

Cassação de Temer pelo TSE

Outro caminho possível é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, vencedora das eleições de 2014, já que há uma ação sobre isso pronta para julgamento.

As informações divulgadas nesta quarta-feira não têm relação com essa ação do TSE, que analisa eventuais ilegalidades na campanha de 2014 que teriam influenciado o resultado do pleito.

A corte eleitoral não julga denúncias contra o presidente Temer que não tenham relação com processos eleitorais.

No entanto, caso as denúncias sejam confirmadas, Temer ficaria enfraquecido politicamente e isso poderia influenciar a decisão dos sete ministros do TSE na ação que tramita na corte.

“Evidentemente esse fato, embora não se comunique com esse processo no TSE, pode impactar o modo como o tribunal irá julgar a ação”, afirmou Vieira.

Até esta noite, a percepção que prevalecia era justamente a contrária: mesmo com provas suficientes de ilegalidades na campanha de Dilma e Temer em 2014, a tendência parecia ser de preservação de Temer como presidente.

Caso o TSE casse Temer, há uma ação pronta para ser julgada no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode levar à convocação de eleições diretas no país.

O argumento dessa ação é que, caso o TSE determine que a eleição de 2014 foi ilegal, nesse caso o direito ao voto do eleitor foi desrespeitado e por isso deveria haver nova eleição direta.
Se o Supremo tomar essa decisão, poderia ser convocada eleição direta, sem necessidade de aprovação de uma PEC no Congresso.

Impeachment ou julgamento pelo STF

Outros dois caminhos que poderiam levar à queda de Temer tendem a ser mais lentos.

Caso fique comprovado que ele tenha incentivado Batista a comprar o silêncio de Cunha, ele pode tanto ser cassado por crime de responsabilidade como condenado no STF por crime comum.

Em ambos os casos, porém, seria necessário que a Câmara dos Deputados autorizasse o Senado a abrir um processo de impeachment ou o STF a iniciasse um processo por crime comum.

No caso de Dilma Rousseff, por exemplo, demorou cerca de quatro meses para a Câmara autorizar a abertura do processo de impeachment e mais quatro meses e meio para o Senado concluir o julgamento.

Já no caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello. o processo todo foi mais rápido, mas ainda assim levou cerca de quatro meses no total.

JBS diz que não vai se pronunciar sobre delações

A assessoria da JBS informou que a empresa não vai se pronunciar sobre as deleções que foram divulgadas pelo jornal O Globo. Segundo o jornal, Joesley Batista, presidente da J&F – controladora da JBS – teria dito à Procuradoria Geral da República que gravou o presidente Michel Temer dando aval para “compra de silêncio” do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Delação põe à prova capacidade da JBS de resistir à turbulência

A resiliência da JBS será testada a partir desta quinta-feira (18), quando investidores e credores da empresa começarão a calcular o impacto da delação firmada pelos irmãos Batista sobre os negócios da companhia.

Uma das maiores fabricantes de alimentos do mundo, a JBS sofre desde julho do ano passado com investigações que miram seus controladores. Desta vez, porém, os crimes cometidos por integrantes da sua cúpula serão expostos e detalhados, aumentando a já aguda crise de imagem da empresa.

O primeiro teste será na Bolsa: quanto a companhia consegue segurar seu valor de mercado. A cada investida policial, o preço das ações da JBS sofre um abalo. Mas tem se recuperado em seguida.

O segundo será na operação da empresa. A JBS tem 220 fábricas em 20 países, incluindo os Estados Unidos e a Austrália, e clientes em todos os continentes. Por essa razão, é mais difícil que os efeitos aqui sejam sentidos —ao menos no curto prazo.

Na avaliação do presidente de um dos maiores bancos do país, credor de fatia importante da dívida da JBS, a companhia é sólida e não há risco de insolvência.

Segundo esse banqueiro, a situação da empresa é muito diferente, por exemplo, da enfrentada pela Odebrecht, que se viu enredada no escândalo de corrupção num momento em que muitos de seus projetos ainda não davam retorno esperado e dependiam de vultosos investimentos.

A JBS, por outro lado, fez aquisições relevantes nos últimos anos, e entra na crise em situação financeira mais confortável —fechou 2016 com receitas de R$ 170 bilhões e dívida líquida de R$ 47 bilhões.

A estratégia de identificar bons alvos para compras e abocanhá-los no mercado catapultou a JBS ao posto de poderosa multinacional. E foi justamente o acesso a recursos públicos para essa expansão que levou a empresa à mira dos investigadores.

Datas das gravações da JBS coincidem com momento crítico para o setor pecuário

As datas das gravações feitas pela JBS de conversas com o presidente Michel Temer (PMDB) e com o senador Aécio Neves (PSDB) coincidem com um momento em que o setor pecuário do País, no qual a empresa atua, passava por uma crise resultante da Operação Carne Fraca.

A investigação da Polícia Federal contra fraudes na fiscalização de frigoríficos, que afetou diretamente a rentabilidade da JBS e envolveu funcionários, foi deflagrada no dia 17 de março, dez dias antes do suposto encontro entre Joesley Batista e Temer. Naquele momento, a JBS e várias outras agroindústrias enfrentavam uma turbulência no mercado, com vetos à carne brasileira por parte de importantes países importadores.

Um pouco antes da deflagração da operação, Wesley Batista, que é o diretor-presidente (CEO) da JBS, conversou com o Broadcast Agro, no dia 14 de março, e disse, na época, que as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público que tangenciavam o universo da companhia até então não tiveram impacto negativo sobre seus resultados e operações.

“De tudo o que teve até hoje a JBS não está ligada a nenhum desses casos que ocorreram; não tem vínculo com nenhuma dessas operações”, ressaltou ele na ocasião. Wesley chegou a dizer que as investigações não haviam influenciado o processo de oferta pública inicial (IPO) de ações da JBS Foods International nos Estados Unidos, protocolado em dezembro do ano passado, na Securities and Exchange Comission (SEC).

Um dia antes da gravação que envolve Aécio, que teria ocorrido no dia 24 de março, a JBS suspendeu, por três dias, a produção de carne bovina em 33 unidades das 36 que a empresa mantém no País, e anunciou que reduziria, temporariamente, em 35% a sua capacidade produtiva. A decisão se devia às incertezas no mercado decorrentes dos embargos internacionais à proteína brasileira.

Ainda no dia 23 de março, uma ação conjunta de investidores contra a JBS foi movida na corte nos Estados Unidos solicitando compensações financeiras por prejuízos que os investidores registraram pela aquisição da ADRs da companhia, sobretudo após a realização da Operação Carne Fraca.

Vale mencionar ainda que no dia 24 de março a JBS propôs à assembleia de acionistas o pagamento do dividendo no montante global de R$ 89.350.881,76, equivalente a R$ 0,03283032 por ação ordinária.

Primo do senador Aécio Neves é preso na Região Metropolitana de Belo Horizonte

Polícia Federal prendeu, na manhã desta quinta-feira (18), Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ele foi preso em casa, no condomínio Morro do Chapéu, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A informação foi confirmada pelo advogado de Frederico, Maurício Campos Júnior, mas o defensor disse que, por enquanto, não vai se manifestar sobre a prisão.

A operação teve início após a delação do dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, que entregou à Procuradoria-Geral da República uma gravação do senador Aécio Neves pedindo a ele R$ 2 milhões.  A entrega do dinheiro foi feita a Frederico Pacheco, que foi diretor da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014. A PF rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que foi depositado em uma empresa do também senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

O assessor parlamentar de Zezé Perrella (PMDB-MG), Mendherson Souza Lima, que é também cunhado do senador e ex-vice-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), é citado na delação como a pessoa que recebeu o dinheiro. Ele foi preso nesta manhã.

Dilma Rousseff

A ex-presidente Dilma Rousseff teria pedido ao empresário Joesley Batista, do grupo JBS, para doar R$ 30 milhões para a campanha de Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais.

A informação consta de um dos anexos da delação premiada negociada entre os donos da companhia, maior produtora de proteína animal do mundo, com a Procuradoria Geral da República.

O encontro teria ocorrido no Palácio do Planalto no final de 2014. Segundo apurou a reportagem, a doação foi feita via caixa 2. Na prestação de contas de Pimentel à Justiça Eleitoral, constam várias doações da JBS, mas em valores mais baixos.

Homologação

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin já homologou o acordo de delação premiada dos donos da JBS. A homologação dá validade jurídica ao acordo de colaboração e permite o aprofundamento das investigações, com com possíveis pedidos de inquérito feitos pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

Imagem da JBS

A JBS admitiu que operações da Polícia Federal afetam sua imagem perante o mercado. Em resposta à questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), divulgada nesta quinta-feira, 18, a companhia afirma que, apesar dos impactos, “entende por bem aguardar o recebimento de todas informações envolvendo cada uma das operações”.

“O excesso de informações desencontradas e um pronunciamento superficial da companhia diante das acusações poderiam acarretar em mais insegurança e incerteza em relação a ela e em relação ao setor de atividade em que atua”, afirma a JBS.

A companhia disse ainda que irá se pronunciar em momento oportuno em relação a cada uma das operações e o fará “somente no momento em que estiver em posse de todas as informações necessárias para que, de forma segura e precisa, esclareça os fatos para seus acionistas e o mercado em geral”.

Ações em queda

Após a denúncia de Joesley Batista contra o presidente Michel Temer, as ações ordinárias da JBS abriram o pregão em queda e chegaram a cair 18,63% na manhã desta quinta-feira (18). Os papéis foram negociados em 7,81 reais. Na semana, as ações da companhia acumulam queda de 28,71%.

A notícia publicada pelo jornal O Globo na noite de ontem, caiu como uma bomba no mercado financeiro. Pela manhã, o Ibovespa chegou a cair mais de 10% e teve suas operações paralisadas por meia hora. A última vez que o mecanismo de circuit breaker foi acionado foi em outubro de 2008, com crise econômica internacional.

Por volta das 12h30, o principal índice da Bolsa registrava queda de 9,15% e marcava na casa dos 61 mil pontos.

Apenas as ações das exportadoras subiam, com destaque para a Fibria e a Suzano. Os papéis ganhavam 7,92% e 3,39%, cada um.

As ações das duas companhias são impactadas pela disparada do dólar. A moeda subia 7,29% e era negociada em 3,36 reais. Na máxima do dia, o dólar bateu 3,43 reais.

Advogado da JBS é preso pela Polícia Federal em São Luís

O advogado do frigorífico JBS, Willer Tomaz, foi preso na manhã desta quinta-feira (18) em um hotel no bairro Ponta do Farol, em São Luís.

Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ele teve a prisão preventiva decretada em virtude da delação de Joesley Batista, um dos sócios da JBS, que foi divulgada na quarta-feira (17) pelo jornal “O Globo”.

Segundo a comissão de defesa de prerrogativas da OAB no Maranhão (OAB-MA), que acompanha o caso Willer, que é proprietário de um escritório de advocacia em Brasília, afirmou que defende a JBS desde janeiro deste ano.

O advogado Willer Tomaz foi encaminhado para a sede da Polícia Federal (PF), no bairro Cohama, na capital, de onde será levado para Brasília ainda nesta tarde.

Confira nota da JBS após delação: ‘Erramos e pedimos desculpas’

“Erramos e pedimos desculpas.

Não honramos nossos valores quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o Poder Público brasileiro. E não nos orgulhamos disso.
Nosso espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar, quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos.

Ainda que nós possamos ter explicações para o que fizemos, não temos justificativas.

Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos.

Assim construímos um grupo empresarial gerador de mais de 270 mil empregos diretos, com times extraordinários e competentes, que operam 300 fábricas em cinco continentes e oferecem mundialmente produtos de qualidade.

O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um Compromisso Público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção.

Assinamos acordos com o Ministério Público. Concordamos em participar de alguns dos mais incisivos mecanismos de investigação existentes e nos colocamos à disposição da Justiça para expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro.

Pedimos desculpas a todos os brasileiros e a todos que decepcionamos, que acreditam e torcem por nós.

Enfrentaremos esse difícil momento com humildade e o superaremos acordando cedo e trabalhando muito.

Joesley Batista”

Documento

O empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, descreveu a relação com o presidente Michel Temer em anexo de sua delação premiada. Os documentos foram entregues à Procuradoria-Geral da República e divulgados pelo site O Antagonista.

O anexo 9 trata do presidente e tem como título: Fatos diretamentes corroborados por elementos especiais de prova Michel Temer.

JBS perde bilhões

Com a revelação de detalhes da delação premiada de Joesley Batista, a JBS perdeu, em apenas um dia, 2,5 bilhões de reais em valor de mercado.

Em linhas gerais, o valor de mercado de uma empresa é dado pela soma do preço de todas ações que ela tem em circulação.

Na última quarta-feira, o frigorífico dos irmãos Batista valia cerca de 25,92 bilhões de reais na Bolsa. Após a queda de quase 10% nas ações, o valor foi para 23,41 bilhões de reais na noite de ontem. A perda, no entanto, não foi a maior entre as companhias de capital aberto.

JBS teria operado R$ 7,9 milhões em propina com Temer desde 2010

O conglomerado JBS operou R$ 7,9 milhões em propina com o presidente Michel Temer de 2010 até 2016, conforme relatou um dos sócios da empresa, Joesley Batista, em seu acordo de delação premiada.

Em anexo da delação obtido pelo site “O Antagonista”, Joesley narra os pedidos de pagamentos irregulares feitos pelo pemedebista. O primeiro deles é ainda em 2010, ano em que se conheceram: Temer pediu, no total, R$ 3,24 milhões em propina para a campanha da chapa que compunha com Dilma Rousseff pela Presidência – que acabou vencedora. Parte foi paga pelo frigorífico como doação oficial e outra para empresas de comunicação, por meio de notas fiscais.

Os dois se encontraram pelo menos 20 vezes desde então, segundo o delator, seja em escritórios de advocacia, na casa de Temer ou no Palácio do Jaburu.

Em um desses encontros (o anexo não precisa a data ou o ano), o pemedebista solicita ao empresário “mensalinho” de R$ 100 mil. Um pagamento de R$ 20 mil por mês também foi solicitado para o então secretário executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan. Esses “salários” duraram um ano, relata o delator.

Em 2012, Temer voltou a pedir propina à JBS. Foram pedidos R$ 3 milhões via caixa 2 para a campanha do candidato Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo.

O último pagamento indevido feito pela JBS a Temer foi durante o processo de impeachment de Dilma, ano passado. O então vice-presidente pediu R$ 300 mil para pagar despesas de marketing político na internet, pois estava sendo “duramente atacado” nas redes sociais. O pagamento foi feito, em espécie, a um marqueteiro da confiança de Temer, de nome Elcinho, conta o delator.

Lula e Dilma

Joesley Batista, disse que transferiu para contas no exterior US$ 70 milhões destinados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais US$ 80 milhões em conta, também no exterior, em benefício da ex-presidente Dilma Roussef.

Os montantes, afirmou, foram enviados por meio do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e usados gastos “tudo em campanha”. Joesley falou que tanto Lula quanto Dilma tinham conhecimento dos repasses.
A declaração foi dada por Joesley em 3 de maio de 2017 na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília. “Teve duas fases, a do presidente Lula e teve a fase da presidente Dilma”, disse. “Na fase do presidente Lula chegou a US$ 80 milhões de dólares, na fase da presidente Dilma chegou a uns US$ 70 [milhões]. Ou ao contrário: US$ 70 [milhões] na do Lula e US$ 80 [milhões] na da Dilma.”

Joesley disse que inicialmente não tinha se dado conta de que os valores eram destinados às campanhas eleitorais de Lula e Dilma. Ele afirma ter percebido quando, ainda segundo ele, Guido pediu a abertura de uma segunda conta, em nome do próprio empresário. “Foi aí a primeira vez que eu desconfiei que o dinheiro não era dele [Guido]”

“Quando terminou o governo Lula, ele falou: agora tem que abrir outra conta. Essa conta é da conta do Lula. Essa aqui.. tem que abrir uma para Dilma”, disse. Fiz uma pergunta pra eles sabem disso? Lula sabe disso, Dilma sabe ? Não, sabe sim, eu falo tudo pra eles”.

Serra

Joesley Batista afirmou em delação premiada que o ex-ministro do governo Michel Temer e senador José Serra (PSDB-SP), recebeu R$ 20 milhões por caixa dois durante a campanha eleitoral de 2010.

Joesley disse que Serra esteve na sede da JBS, em São Paulo, e solicitou ajuda financeira para a campanha presidencial daquele ano, em que foi derrotado pela candidata Dilma Rousseff (PT), no segundo turno.

De acordo com o delator, o correspondente a R$ 6 milhões do valor total foram repassados por meio de notas fiscais frias para a LRC Eventos e Promoções. Joesley explicou que a operação teria envolvido a “falsa venda” de um camarote no autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Outra parcela do total de R$ 20 milhões, de R$ 420 mil, foi repassada por meio da empresa APPM Análise e Pesquisa, também com o emprego de notas fiscais frias, de acordo com o delator.

Joesley explicou que parte dos pagamentos foi realizada “por dentro”, oficialmente registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda acordo com o delator, a viabilização de alguns dos pagamentos teria contado com suposto amigo de Serra, identificado como “senhor Furquim” e que já teria morrido.

Eduardo Cunha

Joesley Batista contou à Procuradoria Geral da República (PGR), em sua delação premiada, que deu R$ 30 milhões ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para bancar a campanha do peemedebista à presidência da Câmara, em 2015. Segundo o empresário, Eduardo Cunha – atualmente preso pela Lava Jato em Curitiba – “saiu comprando um monte de deputados Brasil a fora”.

O novo delator da Operação Lava Jato afirmou ao Ministério Público que os R$ 30 milhões foram repassados ao ex-presidente da Câmara da seguinte forma:

R$ 5,6 milhões em doação oficial
R$ 12 milhões em dinheiro vivo
R$ 10,9 milhões por meio de pagamentos com notas frias

À época, o deputado do PMDB venceu a eleição interna da Câmara no primeiro turno, derrotando o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que tinha o apoio dos articuladores políticos do governo Dilma Rousseff. Na ocasião, Cunha obteve 267 dos 513 votos da Casa, e Chinaglia, 136.

Joesley Batista contou detalhes do repasse de dinheiro ao deputado cassado ao ser questionado pelos procuradores da República sobre o valor que havia sido solicitado por Eduardo Cunha.

“R$ 30 milhões. Foi trinta. Nós demos trinta. Pago R$ 10 milhões com nota fria de fornecedores diversos que ele [Cunha] apresentava”, explicou o delator.

“Pelo que eu entendi, ele [Cunha] saiu comprando deputado, saiu comprando um monte de deputados Brasil a fora. Para isso que servia os R$ 30 milhões”, complementou.

Gravação revela que Aécio pediu R$ 2 milhões a Joesley Batista

De acordo com a reportagem do jornal O Globo, o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, entregou à Procuradoria-Geral da República uma gravação que agrava a situação do senador Aécio Neves. No áudio, o presidente do PSDB pede R$ 2 milhões ao empresário, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Operação Lava Jato.

Aécio e Joesley se encontraram no dia 24 de março num hotel em São Paulo, quando Aécio citou o nome de Alberto Toron como o criminalista que o defenderia.

O pedido de ajuda foi aceito, e Joesley quis saber quem seria o responsável por pegar as malas. Aécio indicou o primo Frederico Pacheco de Medeiros para receber o dinheiro. Ele é conhecido como Fred. Foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores da campanha de Aécio a presidente da República em 2014.

Aécio Neves disse para Joesley:

“Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara.”

Quem levou o dinheiro a Fred foi o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma. A Polícia Federal filmou uma dessas entregas.

No material que chegou às mãos do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, na semana passada, a Procuradoria-Geral da República diz ter elementos para afirmar que o dinheiro não foi repassado a advogado algum.

As filmagens da Polícia Federal mostram que, após receber o dinheiro, Fred repassou, ainda em São Paulo, as malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zezé Perrella, do PMDB de Minas.

Não há, portanto, nenhuma indicação de que esse dinheiro tenha ido para o advogado Alberto Toron.


Fique atento, pois esse texto será atualizado sempre que houver novas informações sobre a Delação da JBS.

Fonte: O Globo, G1, BBC, Estadão, Valor Econômico, Exame, UOL, Exame, compilada e adaptada pela Equipe BeefPoint.

4 Comments

  1. Rodrigo Casale disse:

    muito completa a matéria

  2. Amanda Bueno disse:

    Parabéns pela matéria. Entendi um pouco mais sobre a “enxurrada” de informações que estão sendo divulgadas, uma em cima da outra, desde a tarde de ontem.

  3. Dirceu Graebim disse:

    Isto tá muito suspeito,pois o sócio majoritário da JBS é nada menos q o filho do ex presidente Lula. E só falam d Temer e Aecio .

  4. Reginaldo Feio disse:

    O General Charles de Gaulle, disse – O Brasil não é um país de gente séria, no tratadado da Lagosta nos anos 60!
    Uma advogada, brasileira em um noticiário da tv disse – Em um país serio este acordo de leniência jamais seria aceito!!!!!!!!!!!!!!
    Quem foi esta heroína que em bom tempo reproduziu as palavras ditas por este General Frances Charles De Gaulle?
    E tenho dito
    E é so.

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