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Carta de São Paulo

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou esta semana em São Paulo um evento inédito: o Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (FEED 2010). Foram três dias de debates sobre a relação entre mudanças climáticas e a atividade da agropecuária, reunindo especialistas nacionais e internacionais. O FEED 2010 foi encerrado nesta terça-feira, 30 de março, com a divulgação da Carta de São Paulo, que propõe conciliar futuro e presente - representados pela produção de alimentos e pela preservação do planeta - vão nos permitir qualquer afastamento do bom senso e das recomendações da ciência.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou esta semana em São Paulo um evento inédito: o Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (FEED 2010). Foram três dias de debates sobre a relação entre mudanças climáticas e a atividade da agropecuária, reunindo especialistas nacionais e internacionais. O FEED 2010 foi encerrado nesta terça-feira, 30 de março, com a divulgação da Carta de São Paulo, que propõe conciliar futuro e presente – representados pela produção de alimentos e pela preservação do planeta – vão nos permitir qualquer afastamento do bom senso e das recomendações da ciência. Leia, abaixo, a íntegra da Carta de São Paulo:

CARTA DE SÃO PAULO

Especialistas na questão das mudanças climáticas reunidos neste Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima – FEED 2010, na cidade de São Paulo, SP, deram início a um balanço de diversas visões que circulam pelo mundo sobre as inter-relações entre a atividade agropecuária e as alterações do clima.

Movimentos ambientalistas mais sectários e alguns políticos em todo o mundo tem se apropriado de informações científicas ainda parciais ou inconclusas para transmitir uma falsa idéia de certeza sobre as questões do clima, de forma a apressar os governos a decidir sobre medidas, principalmente destinadas a mitigar as emissões de carbono. Na realidade, essas questões do clima são complexas, pela sua própria natureza, e não se prestam a simplificações destinadas ao uso da propaganda política.

A redução das emissões de carbono exige mudanças que, para serem efetivas, precisam da construção de consensos, baseados na ciência e na razão. À falta destes consensos, os governos seguirão anunciando grandes promessas, mas fazendo muito pouca coisa concretamente.

As mudanças nos processos de produção ou no comportamento das pessoas – que possam reduzir a concentração de carbono na atmosfera – deverão ocorrer ao longo do tempo. Além disso, todas essas transformações têm custos extremamente altos para as respectivas sociedades, em todos os cenários propostos. E, devem ser colocados ao lado de custos, também elevados, para o atendimento de outras necessidades das populações, como saneamento, educação, saúde, entre outros. Como os recursos para todas essas ações são limitados, impõe-se criteriosa avaliação da relação entre custos e benefícios de todas as hipóteses de ação pública.

A meta de alterar ou reduzir os padrões de consumo da população não são realistas. A humanidade prossegue com altas expectativas de progresso material e mais de dois bilhões de pessoas ainda vivem na pobreza. Não é fácil impor limites aos níveis de consumo da humanidade.

A área de ação, portanto, tende a se fixar no campo da produção sustentável e das tecnologias. O investimento em pesquisa nos setores de energia, produção industrial e agropecuária é o que certamente produzirá os melhores resultados.

O debate equilibrado e construtivo sobre o tema da mudança climática exige que todas as visões sejam devidamente consideradas. É preciso mais compreensão e mais diálogo, e não a polarização própria da política ou a radicalização apoiada em pseudo verdades.

Temos profunda consciência da importância para a atividade rural da definição do acordo climático que se pretende firmar na COP-16, no México. Lamentamos os impasses e frustrações gerados em Copenhague, durante a COP 15. Tais preocupações sinalizam urgência e recomendam proatividade do setor.

A profundidade e a extensão das contribuições trazidas pelos expositores deste Fórum nos aconselham a não tentar, improvisadamente, formular uma única síntese. Há muita riqueza de informação e de pensamento que se perderia nessa tentativa. Por essa razão, decidimos refletir sobre todas as contribuições apresentadas no FEED 2010, aprofundar o conhecimento sobre os consensos e também a respeito dos pontos de divergência identificados. Somente depois dessa reflexão, surgirão as reais conclusões deste evento.

Finalmente, reafirmamos o nosso princípio essencial: para conciliar futuro e presente – representados pela produção de alimentos e pela preservação do planeta – não nos afastaremos do bom senso e das recomendações da ciência.

São Paulo, 30 de março de 2010

CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL – CNA

A Equipe AgriPoint participou do evento (FEED 2010) transmitindo as discussões ao vivo via Twitter e irá preparar artigos sobre o que foi discutido no Fórum organizado pela CNA. Acompanhe!

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