Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio bate recorde de público e já confirma edição de 2017
28 de outubro de 2016
Mercado físico do boi gordo –28-10-2016
28 de outubro de 2016

Carne bovina a pasto: entenda como é comercializada pelos produtores americanos [Relatório Completo]

O segmento de carne bovina produzida a pasto da indústria dos Estados Unidos tem gerado um crescente interesse entre os consumidores e produtores nos últimos anos. O interesse entre os consumidores resultou principalmente de preocupações relacionadas à saúde, meio-ambiente, bem-estar animal e produção agrícola local, enquanto o maior interesse entre os produtores resultou das percepções da maior demanda dos consumidores, do potencial por uma produção lucrativa e do desejo por um envolvimento em sistemas agrícolas sustentáveis.

Como a carne bovina a pasto representa uma pequena porcentagem de toda a carne bovina vendida nos Estados Unidos, mercados formalizados não foram desenvolvidos extensivamente. Além disso, para os produtores de carne bovina a pasto, a comercialização é uma atividade criticamente importante.

grassfedbeef1

Grande parte da carne bovina produzida a pasto nos últimos anos foi comercializada através da venda direta do produto ao consumidor na fazenda ou através de mercados rurais, bem como através da venda direta a restaurantes e mercados de alimentos.

A extensão do conhecimento, entretanto, sobre (1) como os produtores decidem quando vendem carne bovina a pasto, (2) as formas pelas quais a carne é comercializada, (3) como os produtores se aconselham sobre sua carne, (4) quais as principais fontes de informação para determinar os preços da carne a pasto e (5) os canais de comercialização usados para a carne bovina a pasto, ainda é bem pequena. Assim, um trabalho de pesquisa feito pela International Food and Agribusiness Management Association (IFAMA) nesse ano fornece informações sobre cada uma dessas questões.

À medida que a demanda por esse tipo de carne bovina continua expandindo, os negócios agrícolas pós-fazenda continuarão respondendo, à medida que restaurantes e varejistas buscam comprar quantidades adequadas de carne a pasto de qualidade para seus clientes. Os negócios pós-fazenda, os produtores de carne a pasto e os potenciais produtores de carne a pasto precisam de informações sobre as atuais práticas de mercado usadas se quiserem saber como proceder na venta e/ou compra de produtos e coordenar esforços de marketing.

A carne bovina produzida a pasto atualmente representa uma pequena porcentagem do mercado de carne bovina, com Gwin (2009) estimando que menos de 0,5% do rebanho bovino dos Estados Unidos estava sob o sistema de produção a pasto. Além disso, a maioria das fazendas que produzem carne a pasto são relativamente de pequena escala, com os resultados dessa pesquisa mostrando que uma fazenda média e mediana de produção de carne a pasto criava de quarenta a dezesseis animais, respectivamente, no peso de abate em 2012.

A natureza de pequena escala da indústria e a estreiteza dos mercado sugerem que essa indústria produz um produto nicho, com os produtores usando uma série de diferentes mercados para venda direta ao consumidor ou para comercializar diretamente com restaurantes e supermercados. A venda de animais para produção de carne a pasto através de leilões convencionais não é comum, uma vez que poucos compradores de leilões pagariam preços premium pelo rótulo de produção a pasto.

grassfed-ranch_wide-7c77268002288d70580dce3ec4ba5de1dcbf23c7-s900-c85

As afirmações sobre os padrões de produção de animais ruminantes a pasto foram definidas no Registro Federal (2007) como envolvendo a alimentação com pastagem e forragem durante toda a vida do animal, com exceção do leite antes do desmame. Gramíneas, grãos de cereais em seu estado vegetativo pré-grão e pastagem constituem toda sua dieta. Grãos e subprodutos de grãos não podem ser fornecidos. Formas aceitáveis pela qual a forragem colhida pode ser fornecida incluem silagem, feno, resíduos de colheitas sem grãos e outras formas de volumosos. Suplementação de vitaminas e minerais rotineira pode ser fornecida.

Os padrões da Associação Americana de Produtores de Gado a Pasto (2014) para certificação estipulam que os animais podem receber apenas pasto e forragem do desmame ao abate, os animais precisam estar no pasto e não confinados, não podem receber hormônios de crescimento ou antibióticos e os animais precisam ser “nascidos e criados em fazendas familiares americanas”.

Assim, a definição do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e da Associação Americana de Criadores de Gado a Pasto são similares no sentido de que os animais precisam receber somente pastagem e forragem após o desmame, mas os padrões da última são mais rígidos no que diz respeito ao uso de hormônios de crescimento e antibióticos e requer que os animais sejam de fazendas americanas.

As diferenças nos sistemas de produção com grãos e a pasto resultaram em diferenças na composição de nutrientes (Dayley et al. 2010; Leheska et al. 2008), com talvez as diferenças mais notáveis sendo o teor de gordura. De acordo com a revisão de Dayley et al. (2010), as dietas com carne a pasto geralmente melhoram os perfis de antioxidantes e ácidos graxos da carne bovina. As diferenças dos produtos de carne bovina “convencional” (produzida com grãos) são a base pela qual a carne bovina a pasto é comercializada aos consumidores.

Cleavers-Organic-grassfed-beef-retail

Estudos anteriores sobre comercialização de carne bovina produzida a pasto

A maioria das pesquisas anteriores sobre a venda de carne bovina produzida a pasto nos Estados Unidos lidou com as preferências dos consumidores usando leilões experimentais, painéis de degustação, análises conjuntas ou métodos contingentes de avaliação. No geral, a carne bovina produzida com grãos recebeu geralmente mais escores sensoriais favoráveis, embora a carne produzida a pasto tenha sido preferida por alguns consumidores.

Estudos mostraram que as informações sobre saúde têm importância significativa na determinação da disponibilidade de pagar por carne a pasto. Conner e Oppenheim (2008) descobriram que os consumidores geralmente concordam que os produtos produzidos a pasto eram melhores para o bem-estar animal, mais adequado ao meio-ambiente e mais saudáveis. No geral, todo esse trabalho parece sugerir que, apesar de a maioria dos consumidores americanos preferir o sabor da carne produzida com grãos, existe um mercado para carne a pasto, particularmente por causa de seus benefícios percebidos para a saúde e para a sustentabilidade com relação à carne produzida com grãos.

Martin e Rogers (2004) sugeriram que uma série de desafios precisarão ser superados para que a carne bovina produzida a pasto deixe de ser um produto nicho para ter uma aceitação mais ampla, alegando que a promoção inovadora promovendo os benefícios para a saúde da carne a pasto podem impactar no consumo. Parece que esse tipo de promoção teria que se originar a nível de fazenda, uma vez que existem poucos produtos de carne a pasto com marca.

Existem poucos estudos sobre a venda de carne a pasto pelos produtores. Em 2004, Lozier e colaboradores pesquisaram 149 produtores de carne bovina “terminada a pasto” nos Estados Unidos e no Canadá. A maioria vendia seus produtos sazonalmente versus o ano todo, com a maioria vendendo a indivíduos locais, seguido por lojas independentes, seguido por restaurantes. Eles também determinaram a forma pela qual a maioria dos produtores americanos vendiam seus produtos, o preço premium que recebiam com relação à carne convencional e como os produtores eram aconselhados. Steingerg e Comerford (2009) conduziram estudos de caso com vinte e seus produtores de carne a pasto no nordeste dos Estados Unidos. As preocupações relacionadas à venda eram critérios para produção, embalagem do produto e publicidade.

Os objetivos desse estudo são determinar: (1) a importância de vários fatores que os produtores consideram ao decidir quando produzir ou vender carne a pasto, (2) as porcentagens de fazendas que vendem carne a pasto em várias formas, (3) os métodos pelos quais os produtores de carne a pasto promovem seu produto, (4) as fontes primárias de informações de preços de mercado da carne a pasto (5) os canais de venda que os produtores usam para vender sua carne, e (6) os direcionadores de escolha do canal de distribuição.

grass-fed-beef-from-flickr

Métodos

Um questionário foi desenvolvido durante o ano de 2013 para ser administrado aos produtores de carne a pasto dos Estados Unidos. O questionário de dez páginas incluía questões referentes à estrutura da fazenda, adoção de tecnologia e sistemas de manejo, seleção pela terminação a pasto, manejo de pastagem, razões para se entrar na produção a pasto, objetivo estrutural dos produtores de carne a pasto, práticas de comercialização usadas, desafios enfrentados, informações demográficas em geral e financeiras da fazenda.

Uma lista de produtores de carne a pasto para a pesquisa foi desenvolvida através de uma busca extensiva na internet de sites como eatwild.com, site da Associação Americana de Criadores de Gado a Pasto, Market Maker, busca geral na internet por fazendas que individualmente promoviam sua produção de carne a pasto e outros sites que poderiam conter endereços de fazendas desse tipo.

Um total de 1.052 fazendas de produção de carne a pasto foram encontradas. O método de Dillman (2009) adaptado foi seguido na designação da pesquisa. Os produtores primeiro receberam uma carta personalizada, um questionário, um envelope-resposta em julho de 2013. Duas semanas depois, eles receberam um cartão lembrete. Duas semanas depois, foi enviada uma segunda carta personalizada, o questionário e o envelope de resposta. Finalmente, duas semanas depois, mais um cartão lembrete foi enviado. Um total de 384 pesquisas foram recebidas. Considerando os retornos que foram com endereço errado ou onde os produtores não mais produziam carne a pasto, isso constitui uma taxa de retorno de 41%.

No começo do estudo, não havia uma boa estimativa do número total de fazendas que produzem gado a pasto nos Estados Unidos, à medida que o Censo de Agricultura não publicava esses números. Lozier (2004) gerou uma lista de 300 produtores de carne a pasto dos Estados Unidos e dos Estados Unidos através de pesquisas na internet e outras solicitações em 2001. Um total de 187 fazendas de produção de carne a pasto foram incluídas no site da Associação de Criadores de Gado a Pasto (2014).

A lista de 384 participantes incluía produtores de todos os 50 estados, com exceção de AK, DE, HI, DN e VT. Das 187 fazendas listadas no site da Associação, somente uma era de um desses estados, sugerindo que esses não são estados importantes na produção de carne a pasto. No geral, a distribuição da amostra de fazendas que produziam carne a pasto entre os estados parecia como esperado pela população baseado na observação das áreas com maior interesse em carne a pasto (isto é, estados do Noroeste e Costa Pacífica).

Várias das perguntas dessa pesquisa pedia que os produtores caracterizassem suas práticas de comercialização.

organic-beef

Resultados

Dos termos que os produtores de carne a pasto acreditavam que se aplicavam à carne bovina que eles produziam, os termos “livre de hormônio”, “local”, “natural” e “livre de antibióticos” foram escolhidos por mais de 93% dos produtores (Tabela 1).

Considerando a natureza “local” de venda da maioria da carne a pasto nos Estados Unidos, o rótulo de “local” não surpreende. Além disso, os rótulos de “livre de hormônio” e “livre de antibiótico” são consistentes com as diretrizes da Associação Americana de Criadores de Gado a Pasto, se “livre de hormônios” se referir simplesmente a nenhum hormônio ser administrado ao gado. Oitenta e nove por cento reportaram que “macia” se aplicava, enquanto 65,5% reportaram que “magra” se aplicava à carne a pasto produzida em suas fazendas.

A porcentagem relativamente alta que acreditavam que o termo “macia” se aplicava à sua carne a pasto é consistente com o que muitos na indústria falam ser o caso – as boas práticas de manejo da forragem leva a um produto macio. Lozier (2004) e colaboradores perguntaram quais as palavras chave que eles usaram para descrever seu produto, descobrindo que carne a pasto (e outros termos similares); natural; livre de antibióticos e de medicamentos; e livre de hormônios; livre de químicos foram os termos mais frequentemente usados. Magra e macia tiveram menores contagens que os outros.

Tabela 1. Respostas à questão: “Quais os seguintes termos se aplicariam à carne bovina a pasto produzida pelos animais de sua fazenda?”

captura-de-tela-2016-10-28-as-16-01-02

Os fatores mais importantes na determinação de quando criar e/ou vender gado eram peso do animal e demanda dos consumidores (Tabela 2). Em seguida estavam disponibilidade de forragem, que tinha o maior desvio padrão de todos os fatores considerados na pesquisa, sugerindo que isso é muito importante para muitos, mas não importante para cerca de 10% dos respondentes. A idade do animal, a condição corporal e a época do ano ficaram em segundo lugar em importância, enquanto o preço de mercado e a necessidade imediata de dinheiro tiveram importância muito menor, com cerca de 50% dos respondentes dizendo que essas razões não eram importantes em suas decisões de tempo de abate.

Não surpreende que o preço de mercado tenha uma importância baixa, particularmente porque (1) manter animais por períodos específicos de tempo até que os preços aumentem potencialmente tira o animal do período ótimo de abate em termos de qualidade da carne e (2) poucos animais criados a pasto são vendidos no mercado de commodities, com muitos produtores tendo oportunidade para diferenciar seu produto (determinar o preço) e vender para clientes repetidos.

Esses resultados corroboram aqueles encontrados por Lozier (2004) e colaboradores, quando o peso foi levemente mais importante que a idade, que foi levemente mais importante que a época do ano, embora as diferenças não tenham sido grandes. No caso desse estudo, o peso do animal foi mais importante do que os outros dois.

Tabela 2. Respostas à questão: “O quão importantes são os seguintes fatores em sua decisão quando abate ou vende seu gado?”

captura-de-tela-2016-10-28-as-16-04-07

A Tabela 3 fornece resultados de questões gerais de comercialização na pesquisa. Os produtores indicaram que seus animais criados a pasto estavam prontos para o abate a um peso médio de 1.047 libras (cerca de 475 quilos), comparado com 980 libras (444,5 quilos) encontrado por Lozier et al. (2004). O desvio padrão de 181 sugere uma variação relativamente ampla nos pesos pelos quais os animais são abatidos.

Cerca de 95% dos produtores vendem o bois a pasto na forma de carne. A carne foi vendida o ano todo por 62% dos produtores, comparado com 48% dos produtores que vendiam o ano todo no estudo de 2004.

Dos oito canais de comercialização listados no questionário, uma média de aproximadamente 2,5 foi usada pelos produtores (Tabela 3). O desvio padrão de 1,4, entretanto, mostrou que uma gama relativamente grande de números de canais de comercialização foram usados pelos produtores. O uso de várias opções de venda também foi encontrado por Lozier em 2004.

A Tabela 4 mostra porcentagens de produtores entrevistados que usavam cada um dos canais de venda. Aproximadamente 96% vendiam direto aos consumidores, o que é semelhante à descoberta do estudo de 2004 (95%). Aproximadamente 39% vendiam via internet, 36% através de mercados rurais e 31% a restaurantes, comparado com 16% no estudo de Lozier. Aproximadamente 18% vendia através de mercados de alimentos, comparado com 28% no estudo de 2004 via lojas independentes e 5% vendiam em redes de supermercados. Dezesseis por cento vendiam através de atacadistas e/ou varejistas, 7% através de cooperativas e 4% através de negociantes, corretores e frigoríficos.

Esses resultados são consistentes com os encontrados por Mainville e colaboradores em 2009, em uma pesquisa por telefone com quarenta e dois comerciantes diretos de carne bovina em Virginia, mas os resultados não podem ser comparados diretamente uma vez que seus produtores não estavam necessariamente terminando seus animais no pasto.

Tabela 3. Estatísticas descritivas de questões selecionadas gerais de comercialização

captura-de-tela-2016-10-28-as-16-06-16

Tabela 4. Respostas à questão: “Quais dos seguintes canais de venda você usa para vender sua carne?”

captura-de-tela-2016-10-28-as-16-07-15

Das seis fontes primárias de informação listadas no questionário para se obter informações sobre preços de mercado para carne a pasto, o número médio de fontes consultadas foi 1,5; o desvio padrão foi 0,8 (Tabela 3).

A Tabela 5 apresenta a porcentagem usando cada uma das seis fontes, com a internet sendo a mais consultada, com 58% de uso. Cerca de 49% consultaram outros produtores para obter informações sobre preço de mercado e 19% usaram “outras fontes”.

Uma revisão anônima sugeriu que as fontes primárias de preços para carne a pasto para alguns produtores eram mercados rurais e lojas especiais. De fato, nove produtores indicaram em seus questionários que uma dessas fontes eram consultadas para preços de mercado, de forma que essas fontes provavelmente constituíam uma porção substancial de “outras” fontes. Fontes menos frequentemente usadas incluíram televisão, rádio e revistas (10%), organizações rurais (8%) e serviços de extensão (6%).

Tabela 5. Respostas à questão: “Quais são suas fontes primárias de informação para preços de mercado para carne a pasto?”captura-de-tela-2016-10-28-as-16-10-54

O número médio de vias através das quais a carne bovina produzida a pasto é promovida foi 2,6, com um desvio padrão de 1,1 (Tabela 3). A Tabela 6 mostra que a propaganda boca a boca foi usada pela maior porcentagem de produtores, com 90%, seguida por internet, com 83%, e e-mail, com 47%. As vias menos usadas incluíram jornais/revistas e telefone (10% cada), “outras formas”, 8%, e mala direta (7%). Rádio e/ou TV foram usados por 4% dos respondentes. Somente 3% reportaram que não faziam publicidade, claramente indicando a necessidade de mais fazendas produtoras de carne a pasto promoverem seu produto.

Esses resultados foram comparados com Lozier (2004), que descobriu também que a propaganda boca a boca era usada pela maior parte dos produtores, seguida por site, mala direta, jornais/revistas e outros.

Tabela 6. Respostas à questão: “Como você promove sua carne bovina?”captura-de-tela-2016-10-28-as-16-12-45

A Tabela 7 mostra a porcentagem de produtores vendendo carne a pasto de várias formas em 2012. A maior porcentagem de produtores vendia carne a pasto como meias carcaças (65%), seguida por hambúrguer (59%), carcaça inteira (56%) e cortes individuais (54%). Esses foram seguidos por um quarto (47%) e quarto misto (43%). A carne encaixotada (boxed beef) foi vendida por apenas 25% e “outros” foram vendidos por 12%. Esses resultados foram condizentes com o estudo de Lozier, de 2004.

Tabela 7. Produtores (95%) vendendo gado criado a pasto na forma de carne em 20121captura-de-tela-2016-10-28-as-16-14-54

A diversificação da receita impactou de forma significativa a escolha do canal de venda. Maiores porcentagens de renda de fontes de fora da fazenda reduziram as vendas através de vendas diretas aos consumidores, cooperativas, restaurantes, mercados rurais, atacadistas e varejistas.

Dois desses canais de vendas requerem custos significantes de transação para cada venda, com (1) venda direta ao consumidor geralmente requerendo interação pessoa com cada venda e (2) uso de mercados rurais geralmente requerendo esforços significantes para carregar e expor o produto, bem como vender individualmente aos consumidores regularmente durante a semana. Em muitos casos, os produtores vendendo aos restaurantes desenvolveram relações profissionais com a equipe do restaurante e passaram a entregar o produto a esses restaurantes regularmente.

A formação e a manutenção de cooperativas também pode requerer um esforço significativo por parte dos membros. Por essas razões, não surpreende que os produtores com maiores porcentagens de renda de fontes de fora da fazenda tivessem menos chances de utilizar canais de venda que requerem transações com custos relativamente altos.

Os produtores com maiores porcentagens de renda familiar de fontes de fora da fazenda usaram menos canais de vendas para sua carne produzida a pasto; com cada 20% adicional de renda de fontes de fora da fazenda, o número de canais de venda caiu em 0,19.

Maiores porcentagens de receita rural de empresas que produzem carne a pasto aumentaram o uso de restaurantes e mercados de alimentos como canais de venda para carne a pasto. Essa variável, como porcentagem de receita da família de fontes de fora da fazenda, fornecem uma medida da importância da diversificação de renda na escolha do canal de venda. Ambos os canais de comercialização geralmente envolvem esforços significativo no desenvolvimento das relações com os vendedores.

Em ambos os casos, a distribuição é ocasional, se não regular e a manutenção de relações com gerentes de restaurantes e lojas são importantes. Dessa forma, não surpreende que o maior uso dessas vias ocorreriam quando as empresas que vendem carne a pasto são de importância econômica relativa maior ao produtor. Além disso, uma maior porcentagem de renda rural de empresas que vendem carne a pasto aumentou o número de canais de comercialização usados pelos produtores de carne a pasto, com 20% adicional de renda da carne a pasto resultando no uso de 0,16 de canais adicionais de comercialização.

O tamanho da fazenda foi incluído usando duas variáveis, números de animais criados para abate e área total da fazenda. Os produtores criando mais animais para o peso de abate tinham menos chances de vender diretamente aos consumidores e mais chances de vender através de restaurantes, lojas de alimentos e atacadistas/varejistas.

O volume é frequentemente de importância quando se abastece restaurantes ou varejistas, diferentemente de quando vende-se diretamente ao consumidor, onde o produto é comumente vendido em um volume pequeno e os custos da transação por unidade vendida são relativamente altos. Um número maior de área total operada aumentou a rentabilidade de vender através de negociações, corretores ou frigoríficos.

Os aumentos em ambos, ou seja, no número de animais criados para o peso de abate e da área operada aumentou os números totais de canais de venda usados, sugerindo que os produtores de maior escala tinham mais chances de vender através de números maiores de canais de venda.

Os produtores certificados como orgânicos tinham menos chances de vender através de mercados rurais.

Conclusões

Um número limitado de trabalhos tinha avaliado a natureza da comercialização de carne bovina produzida a pasto nos Estados Unidos. Essa pesquisa mostrou o que, onde e como a carne produzida a pasto nos Estados Unidos é comercializada.

Com o interesse dos consumidores na carne produzida a pasto crescendo rapidamente, as observações desse estudo foram de que os gerentes de mercados de alimentos e restaurantes estão cada vez mais buscando fontes de carne a pasto e alguns produtores estão abertos a entrar em acordos alternativos de negócios (como alianças estratégicas) para estender o mercado para seu produto.

O reconhecimento sobre como a carne bovina produzida a pasto é atualmente comercializada e os cortes que estão atualmente sendo oferecidos fornece aos negócios agrícolas informações valiosas sobre o atual mercado de carne bovina a pasto dos Estados Unidos. Além disso, esse conhecimento permite que os negócios agrícolas pós-fazenda e os atuais e futuros produtores de carne a pasto considerem os passos que precisarão tomar para melhorar os mercados para esse produto.

Esses resultados são válidos à medida que possibilitaram obter uma amostra representativa dos produtores de carne a pasto dos Estados Unidos. Devido à natureza da indústria de carne a pasto dos Estados Unidos (poucos mercados estabelecidos, com a maioria dos produtores desenvolvendo seus próprios mercados), a maioria dos produtores provavelmente tem uma presença na internet para propostas de vendas, de forma que essa pesquisa identificou uma boa amostra de produtores.

Os resultados desse estudo sugerem que a vasta maioria dos produtores de carne a pasto acredita que pode promover seu produto como livres de hormônios, locais, naturais, livres de antibióticos e macios e a maioria seria capaz de promovê-los como magro. Além disso, os produtores classificam um atributo animal (peso) e a demanda dos consumidores como os dois fatores mais importantes na determinação de quando abater/vender seu animai ao invés de fatores como preço de mercado e necessidade imediata de dinheiro.

Destacar atributos do animal e a demanda dos consumidores como importante levará a um desenvolvimento mais rápido desse segmento da indústria de carne bovina à medida que um produto de qualidade mais consistente é fornecido aos consumidores, estimulando compradores repetidos.

De longe, o canal de venda mais frequentemente reportado foi a venda direta aos consumidores. Isso não significa que esse canal de venda é responsável pelo maior volume, mas sim, que é usado pela maior porcentagem de produtores. Os potenciais benefícios que torna a venda direta um canal desejável para vender carne a pasto incluem os preços premium recebidos e a capacidade de reter a lealdade dos clientes.

A venda direta foi seguida por internet, mercados rurais e restaurantes, cada um com 31-39% de uso. Um terceiro tipo de uso foram as lojas de alimentos e atacadista/varejistas. Finalmente, cooperativas e negociantes, corretores e frigoríficos foram os canais menos usados.

grassfed

A internet foi a fonte mais consultada de informações sobre preços de mercado da carne bovina a pasto dos Estados Unidos. O USDA agora publica um relatório mensal sobre os preços da carne bovina a pasto em seu site, de forma que provavelmente a internet se tornará uma fonte ainda maior de informações sobre preços de carne a pasto.

A carne vendida no atacado e diretamente são cotadas em uma base por libra (0,45 kg), enquanto as carcaças são cotadas por 100 libras. O modo de promoção mais popular foi o boca a boca. Isso mostra o potencial para melhorar as vendas de carne a pasto usando outras formas de publicidade, como sites de internet e e-mails.

Os maiores custos das transações associados com a venda direta reduz seu uso por produtores maiores e aqueles com maiores porcentagens de rendas de fora da fazenda. Além disso, aqueles com porcentagens maiores de rendas de fora da fazenda são usuários menores de mercados rurais, provavelmente devido aos maiores custos de transação.

Aqueles que comercializam através de restaurantes e mercados de alimentos tendem a ser de escala maior e mais especializados na produção de carne a pasto. No geral, o tamanho da fazenda e a diversificação tenderam a ser importantes direcionadores do canal de venda escolhido, com aqueles mais especializados em carne a pasto e de maior escala tendendo a usar números maiores de canais de venda.

Como o mercado de carne a pasto continua expandindo nos Estados Unidos, muitas lojas de maior escala e restaurantes com interesse em vender carne a pasto provavelmente desejarão comprar quantidades maiores de carne a pasto do que os produtores podem fornecer. Isso provavelmente levará a um maior interesse em acordos de alianças estratégicas, onde os produtores vendem seus produtos juntos com outros produtores, talvez compartilhando sistemas de processamento e distribuição. Se essas alianças são organizadas na forma de cooperativas, contratos formais ou acordos vernais dependerá das preferências das firmas envolvidas.

Com a atual estrutura de mercado, entretanto, isso inclui extensas vendas diretas de produtos pelo produtor, o que deverá levar a uma mudança estrutural significativa na indústria em resposta à maior demanda. Mais pesquisas sobre alianças estratégicas que facilitariam o desenvolvimento de novos mercados para carne a pasto seriam úteis para a indústria.

Veja abaixo um vídeo (em inglês) com o fundador da U.S. Wellness Meats, companhia que só vende carne a pasto desde o ano 2000, John Wood:

A demanda por carne bovina a pasto aumentou em 25-30% ao ano na última década nos EUA. Agora, mais do que nunca, é crítico para os produtores passarem sua mensagem ao mundo. Diante disso,  Andrew Gunther, do A Greener World, apresentou aos membros da Southwest Grassfed Livestock Alliance (SWGLA) uma palestra sobre esse tema na 2016 Southwest Grass-Fed Conference, realizada em fevereiro desse ano. Confira abaixo os slides, que mostram as diferenças nas especificações de rotulagens da carne, falando sobre essa questão da importância de passar a mensagem correta aos consumidores:

Fonte: Pesquisa realizada pelo International Food and Agribusiness Management Review, publicada em http://ageconsearch.umn.edu, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Veja matérias relacionadas:

EUA: Por que a carne produzida a pasto está na moda

Hambúrger a pasto: restaurantes americanos encontram dificuldade para suprir crescente demanda

Referências bibliográficas citadas:

American Grassfed. 2014. http://www.americangrassfed.org/about-us/our-standards/.

Asun, R.A., K. Rdz-Navarro, and J.M. Alvarado. 2015. Developing multidimensional Likert scales using item factor analysis: the case of four-point items. Sociological Methods and Research 45(1): 109-133. doi: 10.1177/0049124114566716.

Coase, R. 1937. The nature of the firm. Econometrica 4:386–407.
Conner, D.S. and D. Oppenheim. 2008. Demand for pasture-raised livestock products: results from Michigan surveys. Journal of Agribusiness 26:1–20.

Daley, C.A., A. Abbott, P.S. Doyle, G.A. Nader and S. Larson. 2010. A review of fatty acid profiles and antioxidant content in grass-fed and grain-fed beef. Nutrition Journal 9:1– 12.

Davis, C.G. and J.M. Gillespie. 2007. Factors affecting the selection of business arrangements by U.S. hog farmers. Review of Agricultural Economics 29:331–348.

Dillman, D., J.D. Smyth and L.M. Christian. 2009. Internet, Mail, and Mixed-Mode Surveys: The Tailored Design Method, 3rd edition. New York: John Wiley and Sons.

Federal Register. 2007. Grass (Forage) Fed Marketing Claim Standard. Federal Register Notice 72 FR 58631, October 16.

Fletcher, S.M. and J.V. Terza. 1986. Analyzing farmers’ selection of available marketing alternatives using the multivariate probit model. Canadian Journal of Agricultural Economics 34(2):243–252.

Friedman, H.H., and T. Amoo. 1999. Rating the rating scales. Journal of Marketing Management 9:114-123.

Gillespie, J., A. Basarir and A. Schupp. 2004. Beef producer choice in cattle marketing. Journal of Agribusiness 22(2):149–161.

Gillespie, J.M., C.G. Davis and N.C. Rahelizatovo. 2004. Factors influencing the adoption of breeding technologies in U.S. hog production. Journal of Agricultural and Applied Economics 36(1):35–47.

Greene, W.H. 2000. Econometric Analysis, 4th edition. Upper Saddle River NJ: Prentice Hall. Greene, W.H. 2012. Econometric Analysis, 7th edition. Pearson Education Limited: Edinburgh

Gate, Harlow, Essen CM20 2JE, England.
Gwin, L. 2009. Scaling-up sustainable livestock production: innovation and challenges for grass-

fed beef in the U.S. Journal of Sustainable Agriculture 33(2):189–209.

Leheska, J.M., L.D. Thompson, J.C. Howe, E. Hentges, J. Boyce, J.C. Brooks, B. Shriver, L. Hoover and M.F. Miller. 2008. Effects of conventional and grass-feeding systems on the nutrient composition of beef. Journal of Animal Science 86(12):3575–3585.

Kennedy, P. 1992. A Guide to Econometrics, 3rd edition. Cambridge, MA: The MIT Press. Lozier, J., E. Rayburn and J. Shaw. 2004. Growing and selling pasture-finished beef: results of a nationwide survey. Journal of Sustainable Agriculture 25:93–112.

Mainville, D., G. Groover, A. Waddle and B. Webb. 2009. A characterization of direct-market beef processing and marketing in Virginia. Virginia Cooperative Extension Publication 448–123.

Martin, J.M. and R.W. Rogers. 2004. Review: forage-produced beef: challenges and potential. The Professional Animal Scientist 20:205–210.

McKluskey, J.J., T.I. Wahl, Q. Li and P.R. Wandschneider. 2005. U.S. grass-fed beef: marketing health benefits. Journal of Food Distribution Research 36:1–8.

Mittelstaedt, R.A. 1971. Semantic properties of selected evaluation adjectives: other evidence. Journal of Marketing Research 8:236–237.

Myers, J.H., and G. Warner. 1968. Semantic properties of selected adjectives. Journal of Marketing Research 5:409–412.

Nyaupane, N.P. and J.M. Gillespie. 2011. Factors influencing producers’ marketing decisions in the Louisiana crawfish industry. Journal of Food Distribution Research 42:1–11.

Park, T. and L. Lohr. 2006. Choices of marketing outlets by organic producers: accounting for selectivity effects. Journal of Agricultural and Food Industrial Organization 4(1):1–24.

Robison, L.J. and P.J. Barry. 1987. The Competitive Firm’s Response to Risk. New York: MacMillan.

Schmitz, T.G., C.B. Moss and A. Schmitz. 2003. Marketing channels compete for U.S. stocker cattle. Journal of Agribusiness 21(2):131–148.

Sitz, B.M., C.R. Calkins, D.M. Feuz, W.J. Umberger and K.M. Eskridge. 2005. Consumer sensory acceptance and value of domestic, Canadian, and Australian grass-fed beef steaks. Journal of Animal Science 83(12):2863-2868. doi:/2005.83122863x.

Steinberg, E.L. and J.W. Comerford. 2009. Case study: a survey of pasture-finished beef producers in the Northeastern U.S. The Professional Animal Scientist 25(1):104–108.

Sun, L., M.I. Gomez, F.R. Chaddad, and R.B. Ross. 2014. Distribution channel choices of wineries in emerging cool climate regions. Agricultural and Resource Economics Review 43:87–103.

Umberger, W.J., D.M. Feuz, C.R. Calkins, and K. Killinger-Mann. 2002. U.S. consumer preference and willingness-to-pay for domestic corn-fed beef versus international grass- fed beef measured through an experimental auction. Agribusiness 18(4):491–504.

Umberger, W.J., P.C. Boxall, and R.C. Lacy. 2009. Role of credence and health information in determining U.S. consumers’ willingness-to-pay for grass-fed beef. Australian Journal of Agricultural and Resource Economics 5:603–623.

Williamson, O.E. 1979. Transaction cost economics: the governance of contractual relations. Journal of Law and Economics 22:233–261.

Xue, H., D. Mainville, W. You, and R.M. Nayga, Jr. 2010. Consumer preferences and willingness to pay for grass-fed beef: Empirical evidence from in-store experiments. Food Quality and Preference 21:857–866.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress