6 de julho de 2011

Desmatamento, anistia e perdão de multas

Em recente evento organizado pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) e pelo Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa), conhecido acadêmico referiu-se à comemoração na Câmara dos Deputados, por ocasião da aprovação do novo Código Florestal, como uma "alegria sinistra". Desconsiderando que a visão desse acadêmico sobre o novo código é, certamente, fundamentada em argumentos racionais, não dá para negar que a iminência da reforma da mais importante legislação ambiental brasileira causa um certo frisson no emocional das pessoas.
19 de maio de 2011

Modelo agroexportador: bom ou ruim?

Nos últimos três artigos publicados neste espaço, mostrei que as exportações do agro brasileiro continuarão crescendo, respondendo à demanda por alimentos nos países em desenvolvimento e aos elevados preços internacionais. Argumentei, também, que o Brasil vai crescer mais do que outros exportadores, porque, a menos que políticas erradas sejam adotadas, o agro brasileiro responde mais rapidamente às elevações de preço que o de outros países. Isso ocorre porque o agro brasileiro combina três condições não encontradas nos demais: disponibilidade de terra e água, estrutura produtiva que favorece a expansão e alto nível tecnológico na produção. O modelo agroexportador brasileiro, portanto, vai ganhar força.
26 de abril de 2011

O agro em Brasíndia

Resgatando e adaptando o termo cunhado por Edmar Bacha, nos anos 1970, do país fictício Belíndia, lanço a ideia de Brasíndia, contrafactual do agro brasileiro com produtividade e estrutura produtiva da Índia. O agro em Brasíndia tem rendimento por hectare indiano. Nesse país, assumindo o mesmo volume produzido atualmente no Brasil, as principais lavouras (grãos, frutas, vegetais, cana-de-açúcar e mandioca) ocupariam 108 milhões de hectares, em vez dos 61 milhões hoje ocupados. Na Índia, essas mesmas lavouras ocupam cerca de 120 milhões de hectares.
18 de março de 2011

Inserção internacional do agro – caminho sem volta

O aumento da inserção internacional do agro brasileiro é um caminho sem volta e o agro continuará sendo um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira. Isso é bom ou ruim para o Brasil? Depende do ponto de vista. No meu e, como deveria ser no da maioria dos brasileiros, é bom.
17 de fevereiro de 2011

Segurança alimentar mundial – e o Brasil?

Pela repercussão na imprensa, está claro que o tema da oferta de alimentos está ganhando um novo status. Os artigos recentes publicados por Marcos Jank, Lester Brown e pelo ex-ministro Roberto Rodrigues mostram que o tema pode ser abordado a partir de diferentes perspectivas. As três manifestações, no entanto, cada uma à sua maneira, indicam a mesma origem para a elevação dos preços internacionais: a demanda por alimentos e produtos agropecuários vem crescendo com vigor nos últimos anos e a oferta - também porque acontecem eventos climáticos que a compromete em partes do mundo - não tem sido suficiente para repor estoques mundiais. O mercado identifica essa situação, empurrando os preços para cima.
31 de janeiro de 2011

Confusões sobre o Código Florestal

A confusão que a mídia tem noticiado sobre a reforma do Código Florestal e novas catástrofes, como a vivida na região serrana do Rio de Janeiro, é tendenciosa e superficial. É muito fácil dizer que a mudança do clima, a ocupação irregular de áreas de risco e a agricultura são responsáveis pelos deslizamentos, como ressaltado por várias reportagens nos últimos dias. No entanto, em vez de fomentar mudanças concretas e sérias em diferentes níveis governamentais e também na sociedade, casos como o de Santa Catarina (2008), Angra dos Reis (2010) e agora da região serrana geram uma infinidade de desculpas e um empurra-empurra abominável para definir quem é culpado. Será o Código Florestal?
24 de janeiro de 2011

O MDA maior que o Mapa?

Em tempos em que aloprados defendem a tese de que a reforma do Código Florestal ampliará o risco de desastres em encostas, não é muito inteligente colocar na parede quem está do lado dos não aloprados. No entanto, a proliferação de argumentos sem conhecimento de causa sobre o setor agrícola, infelizmente, tem que ver com um comodismo de dentro do setor.
16 de dezembro de 2010

Acordos bilaterais batem à nossa porta

O final de 2010 é uma boa oportunidade para lembrar temas que deverão continuar em pauta em 2011. Este é o caso das negociações de comércio. Depois de um longo período de hibernação, o Itamaraty tem indicado que as reuniões da Rodada Doha devem voltar a esquentar em Genebra. Além disso, do lado dos pactos bilaterais de livre-comércio, a probabilidade de o Brasil finalmente assinar um acordo de peso, no caso, com os europeus, aumenta a cada dia.
18 de novembro de 2010

Os gringos continuam por fora

Depois de quase três semanas na Europa discutindo em diferentes fóruns expansão da agricultura e mudança no uso da terra, cheguei à conclusão de que valeria a pena trazer os pontos do debate internacional, por mais absurdos que sejam - e alguns o são muito -, para a opinião pública brasileira. De longe, o tema da mudança no uso da terra é a questão estrutural mais relevante para os produtores agrícolas do Brasil e do mundo. Vários argumentos, vindos de variadas direções, jogaram-na no centro do debate.
25 de outubro de 2010

Cinco anos sem febre aftosa

No fim deste mês, o Brasil comemora cinco anos dos últimos casos de febre aftosa, que ocorreram na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, no fim de 2005. Desde aquela época, o controle da doença avançou, o Estado de Santa Catarina foi reconhecido como livre de aftosa sem vacinação (2007). O Brasil retomou o reconhecimento internacional das áreas que perderam o status de livre da doença com vacinação por conta dos casos (2008), e hoje se discute o reconhecimento de novas áreas livres sem vacinação (Paraná, Minas Gerais), o que pode ser muito positivo no futuro.
15 de setembro de 2010

Subsídios agrícolas de volta

Teve de sair nas páginas da revista britânica The Economist o desenterro de um tema que ficou esquecido no debate internacional nos últimos cinco anos: o fato inconteste de que o setor agrícola brasileiro é dos menos subsidiados entre as grandes nações produtoras e exportadoras de alimentos, fibras e biocombustíveis. Com o monopólio, no debate internacional, do tema da sustentabilidade em bicombustíveis, e a preferência nacional pelas preocupações com o desmatamento, o artigo dos ingleses é uma boa oportunidade para trazer o assunto dos subsídios para a pauta novamente.
26 de agosto de 2010

Sobre as negociações climáticas

A reunião da Convenção da ONU para Mudança do Clima (UNFCCC), ocorrida na primeira semana de agosto em Bonn, Alemanha, marca o meio do caminho entre as Conferências das Partes (CoPs) de Copenhague e Cancun. Apesar da sensação de fracasso após Copenhague, os avanços técnicos dos grupos de trabalho do Protocolo de Kyoto em Bonn podem representar um novo fôlego para as negociações e expressam a vontade de que o Protocolo seja renovado, principalmente por parte dos países em desenvolvimento.
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