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Armando Teixeira fala sobre pressão contra o desmatamento e sua visão sobre a Campanha Carne Legal do MPF

Durante a Feicorte 2010, André Camargo conversou com Armando Teixeira, Engenheiro Agronômo e administrador da Fazenda Jaguaré, em Paragominas/PA sobre a pressões contra o desmatamento e o impacto da Campanha Carne Legal do MPF.

Durante a Feicorte 2010, André Camargo conversou com Armando Teixeira, Engenheiro Agronômo e administrador da Fazenda Jaguaré, em Paragominas/PA sobre a pressões contra o desmatamento e o impacto da Campanha Carne Legal do MPF.

André Camargo: Estamos vendo nos últimos anos uma pressão muito forte a respeito da sustentabilidade e do desmatamento. Como os produtores do Pará estão sentindo isso?

Armando Teixeira: Sem dúvida essa pressão tem sido muito forte. Inclusive o nosso município, Paragominas, esteve incluído na lista dos municípios do Estado do Pará com o maior volume de desmatamento. Essa lista começou com 36 municípios e depois foi ampliada para 41. Com isso nós tivemos sérias limitações de crédito, pressões por parte do Governo, ONGs e frigoríficos, causando um certo atraso e trazendo grandes dificuldades para a produção.

Porém, essa pressões fizeram com que os produtores fossem procurar alternativas para solucionar esses problemas. Então tivemos um esforço conjunto da prefeitura, produtores rurais e população de maneira geral, para tentar sair dessa situação.

A partir desse movimento, o Ministério do Meio Ambiente criou uma série exigências, como redução no desmatamento e a necessidade das propriedades do municípios apresentarem o CAR (Cadastro Ambiental Rural).

Enfim, com esta união conseguimos ser o primeiro município do Brasil a sair de uma lista de desmatamento.

Essas exigências nos forçaram a ter uma noção do que realmente está acontecendo na região. Hoje, um pouco mais de dois meses após termos saído desta lista, Paragominas é enxergada com exemplo a ser seguido na questão de sustentabilidade.

Com essa ação, nós tivemos as ferramentas oficiais para demonstrar que aquele perfil não era verdadeiro. Hoje, nós já temos 90% do município com o CAR pronto, provando que nós temos 66% da área do município coberto com florestas. Então como um município com essa coberta florestal foi marcado em uma lista de desmatamento?

Agora Paragominas permanece no foco das discussões, porém num foco positivo.

André Camargo: Quando essas pressões e cobranças começam a chegar ao produtor a maioria acha ruim. Mas pelo que eu entendi para Paragominas isso foi uma coisa boa, pois agora vocês têm um número oficial para mostrar qual é a real situação do desmatamento na região.

Armando Teixeira: Exatamente. Recentemente nós tivemos um simpósio de sustentabilidade no Sindicato Rural de Paragominas, onde contamos com a presença do pessoal da Federação de Agricultura do Estado do Pará, que mostrou que no Pará nós temos 76% das áreas cobertas com floresta. Essa é um visão oficial do Estado, que com dados oficiais mostra que a realidade não é exatamente o que mídia está mostrando.

Essas exigências acabaram realmente sendo favoráveis e mostrando o que está acontecendo.

André Camargo: O Ministério Público Federal lançou a Campanha Carne Legal, uma campanha bastante agressiva, ligando a pecuária ao desmatamento, sonegação de impostos e trabalho escravo. Agente fez uma entrevista recentemente com Daniel Azeredo, procurador república no Pará, onde ele afirmou que o setor recebeu essa campanha com bons olhos. O que você pensa dessa campanha e do material que está sendo veiculado?

Armando Teixeira: Infelizmente eu tive a oportunidade de ver os três vídeos da campanha e realmente para quem é produtor rural, quem planta e vive da terra produzindo alimento – não é droga, é alimento – isso é muito chocante.

Você ser comparado a esse tipo de pessoa, generalizado da maneria que foi, é muito triste. Eu faço parte da 4ª geração que vive da terra e eu sei o valor que tem aquilo ali e que não é fácil. Então é muito difícil a gente ouvir uma propaganda, especialmente do Ministério Público, falar o que falou nessa campanha.

Na Feicorte a gente teve a oportunidade de conversar a respeito e realmente é unanime a opinião e o impacto negativo do Ministério Público ter falado o que falou, generalizando todos os produtores de alimento. Como toda atividade existem os bons e os ruins, mas nunca se pode generalizar e o setor está muito pessimista e descontente com esse ponto de vista colocado pelo MPF.

O desenvolvimento deste projeto só foi possível graças ao apoio da Allflex, In Vitro Brasil e Pioneer Sementes, que confiaram no trabalho da Equipe BeefPoint e viabilizaram a produção das entrevistas gravadas na Feicorte 2010.

0 Comments

  1. Ewerton José Gonçalves Teixeira Oliveira disse:

    Eu acho um absurdo essas acusações e essa visão que o MPF quer impimir contra o produtor rural, é querer colocar a população urbana que em sua maioria é alheia à realidade nas propriedades brasileiras contra a classe mais importante na economia nacional, que abarrota suas mesas de alimentos e alavanca as exportações nacionais e que são duramente acusados por pessoas que não possuem embasamentos técnico nenhum na questão.

    Att.

  2. raimunda maria alves sales disse:

    Não comprendo as tentativas de manter o País fora do desmatamento se ao mesmo tempo cobra-se mais produção.Acredito que deve-se fazer umpariativo entre desmatar e produzir.Pois sei da importancia do controle de desmatamento para a continuidade da vida de meus filhos como tambem sei o brasil precisa continuar com a produção crescendo.Gostei do Artigo e espro que o MPF busque trazer para a nossa realidade informações tao importante como essas.

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