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Antibióticos usados em animais de produção: opinião x fatos científicos

Eu não tenho uma fonte científica para o que vou dizer agora, mas parece para mim que tratar grandes números de animais com infecções bacterianas significantes com altas doses de antibióticos levará a mais resistência do que tratar números até maiores de animais com baixas doses de antibióticos por um curto período de tempo para prevenir a colonização de bactérias.

É muito provável que o próximo grande ataque à indústria de carnes vermelhas e brancas focará no uso de antibióticos em animais criados para a produção de alimentos. Já estamos lendo muitas histórias exageradas e informações erradas. Quando eu pesquisei no Google “antibióticos usados na medicina humana”, os 10 primeiros itens foram sobre uso de antibióticos em animais e resistência bacteriana.

Espero dar aos leitores dados e fatos para utilizarem quando encontrarem pessoas ou grupos que estejam mal informadas ou estão gerando informação errada, como o fim do confnamento ou do consumo de produtos de origem animal.

Fornecerei fatos e fontes para facilitar a verificação. Em casos de opinião, direi isso claramente. Se você responder, por favor, atenha-se aos fatos. Se você acredita que a forma como criamos animais é revoltante, por favor, use outro local para discutir, uma vez que eu não responderei. Se você está no negócio de criação de animais para consumo humano, estou muito interessado em ouvir suas ideias sobre o que eu direi.

Quais antibióticos são usados e em que quantidade em animais que produzem alimentos? As porcentagens aproximadas a seguir são baseadas nos pesos totais tirados de um documento chamado: “2010 Summary Report on Antimicrobials Sold or Distributed por Use in Food-Producing Animals” (Sumário de Antimicrobianos vendidos ou distribuídos para uso em animais de produção de 2010), publicado pelo FDA (Food and Drug Administration).

Ionóforos: 28% do total vendido em 2010.

Tetraciclinas: 42%

Penicilinas: 8%

Macrolídeos: 5%

Cefalosporinas: 0,2%

Fluoroquinolonas: 0,1%

Os ionóforos nunca foram aprovados para uso na medicina humana. Eles não representam nenhum risco para minha saúde. As vendas de tetraciclina para uso na medicina humana representam cerca de 1% de todos os antibióticos vendidos para as farmácias e hospitais (Fonte: Letter to Congresswoman Slaughter do FDA, baseado no IMS Health, dados do IMS sobre perspectivas de vendas nacionais de 2009). A tetraciclina tem um uso muito limitado na medicina humana e, para cada uso, existem opções mais novas e mais eficientes de drogas primárias. O uso mais comum inclui acne, clamídia, micoplasma e Rickettsia, doenças como Doença de Lyme e febre maculosa.

Sendo assim, 70% dos antibióticos vendidos para uso em animais de produção representam 1% de todos os antibióticos usados na medicina humana. Até agora, nenhum problema (minha opinião).

Duas classes de importância crítica para a medicina humana, as cefalosporinas e as fluoroquinolonas, são número 2 e 4 em vendas por peso para humanos e, juntas, representam 24% das vendas para medicina humana, mas somente 0,3% dos antibióticos totais vendidos para uso animal. Ainda não há problema (ainda minha opinião). Essas duas classes são limitadas pelo FDA para uso em animais somente para tratamento terapêutico, não para promoção de crescimento, etc.

Macrolídeos e penicilinas são classes sobre as quais precisamos falar. Os antibióticos são aprovados pelo FDA para uso na medicina humana para tratar e  prevenir doenças infecciosas. Se você tem meningite bacteriana, provavelmente recebe uma alta dose de antibiótico. Isso é terapêutico. Se você foi exposto a uma pessoa com meningite bacteriana, como um colega de quarto, você pode ter a prescrição de uma dose menor, por tempo menor, de penicilina oral. Isso é prevenção.

Em animais de produção, o FDA aprovou também as categorias terapêutica e preventiva. Porém, o FDA também aprovou antibióticos para serem usados para controlar doenças e também para serem usados para promover crescimento e aumentar a eficiência alimentar. É necessário um controle para evitar uma disseminação de doenças em rebanhos quando alguns membros já estão doentes. Ao controlar a disseminação, o rebanho fica mais saudável e as doses usadas são muito pequenas comparado com o tratamento de um animal doente.

O uso de antibióticos para aumentar a eficiência é outro assunto. Não há dúvidas de que os animais ganham mais peso usando menos alimentos quando recebem certos antibióticos. Se esses antibióticos usados não são criticamente importantes na medicina humana, como os ionóforos e as tetraciclinas, parece que o benefício excede qualquer risco à saúde humana, na minha opinião.

Se os antibióticos sendo usados para aumentar a eficiência são importantes para a medicina humana, como penicilina e macrolídeos, então eu acho que precisamos discutir o assunto. Porém, eu acho que a discussão deveria se basear na ciência biológica e não na ciência política ou em um esforço para vender jornal. A classe de antibióticos chamada de Macrolídeos consiste de drogas comuns, como Zithromax (Z-Pac), Biaxin e eritromicinas. Para muitas infecções comuns, desde a diarreia do viajante até a pneumonia adquirida na comunidade, existem drogas de escolha. Eu as quero no meu arsenal à medida que envelheço.

O problema, na minha opinião, é que o debate que ocorre na mídia e frequentemente é liderado pela fundação Pew Charitable Trusts (PEW) e/ou pela União de Consumidores, é sobre eliminar todo o uso de antibióticos em animais, exceto para propostas terapêuticas. Outros países tentaram isso. Eles viram os números de animais mortos aumentarem exponencialmente e também o número de animais doentes aumentou. Isso não somente leva a pesos menores e a uma carne mais cara, mas também, leva à administração terapêutica de altas doses de antibióticos durante um período prolongado.

Os cientistas sabem que quando um animal vivo, incluindo você, é tratado com antibiótico, nem todas as bactérias morrem. Algumas mudam, desenvolvem resistência ao antibiótico e vivem dentro de nossos corpos.

Eu não tenho uma fonte científica para o que vou dizer agora, mas parece para mim que tratar grandes números de animais com infecções bacterianas significantes com altas doses de antibióticos levará a mais resistência do que tratar números até maiores de animais com baixas doses de antibióticos por um curto período de tempo para prevenir a colonização de bactérias.

O texto é de Richard Raymond, ex-subsecretário da Agricultura para segurança alimentar dos Estados Unidos, publicado no site MeatingPlace.com, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

3 Comments

  1. marcos Vinícius de S. Leandro Jr. disse:

    O tema de resistencia antimicrobiana deve ser debatido assim, com mais ciencia e menos paixoes. Ainda não li nenhuma pesquisa que comprove a correlacao do uso de antimicrobianos na producao animal, com resistencia ao uso nos animais ou humanos.

  2. Claudio Haddad disse:

    O Grande problema NÂO mencionado é a absoluta descrença dos meios cientificos mais desenvolvidos a respeito da infalibilidade do FDA. Há varios anos, muitas das pesquisas referentes a liberação de drogas já não são financiadas pelo governo americano, mas sim pelas proprias industrias interessadas.Alem disso ,o prazo de liberação de determinado produto quimico foi reduzido de 10 para 5 anos, ou seja menos tempo de testes e verificações de problemas colaterais. Resumindo, o principio da precaução deveria ser mais utilizado que o principio do lucro…

  3. Victor Emanuel dos Santos disse:

    Concordo em partes. Existem soluções preventivas (diagnósticos e vacinas principalmente) para a maioria das doenças existentes nos rebanhos, portanto com a alternativa existente a pressão aumentara. Hoje em dia o consumidor tem acesso a informações que antes não possuia e devemos nos atentar para isso, porem apenas como diferencial de concorrência, ou seja não almejar preços maiores para venda de animais criados com 0% de antibióticos uma vez que somente uma pequena parcela da população se dispõe a pagar “um pouco a mais” por esse diferencial, fica igual salada no McDonalds, todo mundo acha legal, mas ninguém compra.

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