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Alimentos: para reduzir perdas falta aplicação de bom senso

As cadeias produtivas que se encarregam de prover os alimentos de que todos precisamos têm inúmeros pontos em que ocorrem perdas e desperdícios que poderiam ser evitados. As discussões sobre o tema geralmente enfatizam os processos de colheita e transporte ou o descaso com que o consumidor final trata os produtos que leva para casa. Pouca gente comenta, no entanto, o grande desperdício que ocorre nas gôndolas dos supermercados.

As cadeias produtivas que se encarregam de prover os alimentos de que todos precisamos têm inúmeros pontos em que ocorrem perdas e desperdícios que poderiam ser evitados. As discussões sobre o tema geralmente enfatizam os processos de colheita e transporte ou o descaso com que o consumidor final trata os produtos que leva para casa. Pouca gente comenta, no entanto, o grande desperdício que ocorre nas gôndolas dos supermercados.

Basta percorrer a seção de FLV (Frutas, Legumes e Verduras) de qualquer supermercado para notar a grande quantidade de produtos esparramados pelo chão, muitas vezes até representando perigo para quem circula por perto.

Tendo em vista os custos que isso representa para o estabelecimento comercial e seu repasse ao consumidor final, é óbvio que uma adequada gestão desse problema poderia contribuir para gerar uma vantagem competitiva para quem se decidisse a enfrentar a questão.

O que ocorre é que não há uma mínima preocupação com o nível de empilhamento dos produtos, que sofrem o efeito do peso de uns sobre os outros e rotineiramente caem ao chão. Alguns itens como tomate, caqui, manga e outros de consistência mais frágil acabam sendo inutilizados para o consumo, ao ficar no fundo das pilhas ou ao caírem no chão.

Além desses prejuízos diretos, os supermercados estão contribuindo com um reforço à nossa tradicional cultura de desperdício e formando novas gerações de desperdiçadores. A esse fato soma-se o aspecto de “fim de feira” que a seção de FLV apresenta, com produtos espalhados pelo chão, muitas vezes pisados pelos clientes.

A pergunta que fica é: por que os produtos são colocados em pilhas tão altas? Será que os gerentes de FLV não conhecem as características de frutas como caqui ou uva, que são frágeis? E mesmo quando se trata de produtos mais resistentes, como a batata e a laranja, porque empilhá-los de forma que caiam ao chão? É muito provável que o custo de uma reposição mais freqüente seja menor do que o decorrente das perdas de produtos e danos à imagem do supermercado.

O mais intrigante é que o problema é generalizado: essa situação se repete em pequenos supermercados de vizinhança e em hipermercados de redes famosas.

Como Engenheiro Agrônomo, sei dos esforços que os profissionais da área dedicam à disseminação de tecnologias junto aos produtores rurais para que evitem perdas na produção e na colheita. É frustrante, portanto, ver que os resultados da dedicação desses técnicos e dos esforços dos produtores são dissipados no elo final das cadeias produtivas de alimentos.

Minha sugestão aos gerentes dos supermercados é que se dediquem a observar durante algum tempo sua seção de FLV e definam protocolos de empilhamento compatíveis com cada tipo de produto. Assim, aplicando um mínimo de bom senso a essa atividade, com certeza reduzirão os custos, aumentarão a competitividade e apresentarão a seus clientes uma loja limpa e agradável.

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