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A pecuária é atividade rentável e ecologicamente sustentável em todas as regiões brasileiras – Humberto Sorio [Prêmio BeefPoint Sul]

No dia 4 de abril, será realizado o BeefSummit Sul, em Porto Alegre/RS. O evento será organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB).

No dia do evento, o BeefPoint irá homenagear as pessoas que fazem a diferença e têm paixão pela pecuária de corte no Sul do Brasil com o Prêmio BeefPoint Edição SuL. Há vários finalistas, em 13 categorias diferentes.s.

Conheça Humberto Sorio, finalista na categoria Consultor – Profissional de Campo.

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Humberto Sorio, reside em Carazinho/RS. Seus hobbies são futebol, caminhadas e escutar música clássica e romântica, além de ler muito sobre temas de economia, política, biografias, romances e poesia. Aprecia também ler as publicações sobre os temas de produção animal e pastagens, mesmo aquelas que têm enfoque diverso às suas convicções.

Humberto é engenheiro agrônomo, formado pela UFRGS em 1968. Também cursou especialização em Zootecnia na Universidade de Bologna (Itália) e foi Professor de Zootecnia da Universidade de Passo Fundo durante 35 anos. Fez pós-graduação em Produção de Ruminantes pela Universidade Federal de Lavras.

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BeefPoint: O que você implementou de diferente no trabalho consultor/ profissional de campo no Sul do Brasil, que levou você a ser um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Edição Sul 2014?

Humberto Sorio: Empenho-me há muitos anos para que a região Sul do Brasil utilize de forma racional seus ricos campos, constituídos de centenas de espécies autóctones de médio a alto valor nutritivo e aumente seus rebanhos de bovinos, ovinos e búfalos, e sua produção de carne de qualidade, muito valorizada pelos mercados.

São 8 milhões de hectares que produzem pouco mais de 50 kg/ha de peso vivo bovino, por ano.

Entretanto, necessitamos implementar subdivisões de invernadas em potreiros, sistemas de abastecimento de água limpa para os animais (fator decisivo na reprodução e nos ganhos de peso), sombras para mitigar o calor dos animais nos dias quentes, tempos apropriados de ocupação e descanso dos potreiros, implantação do planejamento alimentar baseado em pastagens, formação de reservas forrageiras, em especial fenos – para enfrentar a escassez de alimento nos períodos frios.

Vale lembrar que a soja toma conta de largas extensões de nossos melhores campos naturais porque o pecuarista produz pouco e não obtém renda e lucratividade compensadoras na atividade. Fazendas pecuárias manejadas e administradas com critérios técnicos avançados superam em lucratividade por hectare a soja, muito dependente de chuvas, pois na hora e nas quantidades certas, são economicamente mais estáveis e não têm dívidas atrasadas.

Preconizo do mesmo modo que se cuide com mais carinho de integrar nas regiões produtoras de grãos, a lavoura e a pecuária, em especial na estação fria, onde extensas áreas permanecem inaproveitadas durante 5-6 meses.

Assim, poderemos aproveita-las para engordar novilhos ou aprontar novilhas para reprodução precoce, com ganhos financeiros por hectare também superiores às cultura da soja e do trigo numa época em que o agricultor pouco ou quase nada fatura na sua granja.

Com o advento dos trigos de duplo propósito, estas possibilidades aumentaram, mas não se pode manejar uma riqueza dessas em pastoreio extensivo e com os animais livres para empreenderem longas caminhadas, o que compacta o solo e prejudica a semeadura da cultura de estação quente.

Sendo assim, divisões de pastagens e manejo correto aqui também são essenciais, com o que se utiliza mais eficientemente a abundante forragem disponível, obtém-se produção e renda elevadas e ainda preserva-se o solo de compactação, com benefícios à semeadura da lavoura na primavera seguinte.

BeefPoint: O que vem te trazendo mais resultados? 

Humberto Sorio: O consultor só mostra o valor de seu trabalho em fazendas planejadas, com todos os processos produtivos e administrativos sob controle.

Os melhores resultados são obtidos quando, antes de por-se em marcha um novo sistema produtivo, a fazenda é planejada em todos os seus aspectos e traçadas as metas.

As metas não são do consultor, as metas são da fazenda e devem ser monitoradas pelo proprietário, que as compartilhará com sua equipe e se empenhará para que sejam alcançadas.

Assim, minha missão é tornar as fazendas pecuárias do Brasil rentáveis, preservadoras dos recursos naturais, respeitadoras do bem-estar dos animais e das pessoas – objetivos que só são alcançados na sua plenitude através do pastoreio Voisin.

Minha visão é que o sistema, em virtude das restrições à expansão horizontal impostas pela legislação e da necessidade de melhoria dos rendimentos econômicos na pecuária de corte, em breve será o mais importante na utilização das pastagens no Brasil.

E com isso, meu principal valor é trabalhar em prol da viabilidade econômica do pecuarista, sem nenhuma remuneração, oculta ou explícita, que não seja fruto do meu trabalho e do meu conhecimento.

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BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Humberto Sorio: No início de minha carreira de consultor, pensava que com a pura e simples adoção de tecnologias avançadas os resultados apareceriam naturalmente. Hoje só aceito implantar e orientar projetos de fazendas planejadas e eficientemente administradas.

O pastoreio Voisin é a mais viável alternativa técnica e econômica de utilização de pastagens e não pode ser conduzido na base do empirismo e da improvisação. Os êxitos dos projetos atuais confirmam cabalmente essa afirmação.

BeefPoint: Quais habilidades um consultor de campo precisa ter para expandir sua rede de clientes / produtores?

Humberto Sorio: A principal habilidade requerida de um consultor é saber seu papel na estrutura administrativa e funcional da fazenda pecuária onde atua.

Consultor não toma decisões, essas são de exclusiva competência do proprietário; consultor sistematiza dados e informações para que o proprietário tome as decisões que lhe pareçam mais convenientes entre tantas viáveis alternativas.

Processos produtivos monitorados geram números, que devem ser analisados em conjunto por todos os envolvidos no trabalho. Assim, a consultoria tem como função ajudar o seu cliente a alcançar a tão desejada rentabilidade no negócio pecuário, se não for assim, não há razão de manter-se.

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BeefPoint: Consultores de campo, em sua maioria, são graduados em Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, etc, e sabe-se que há certa carência na graduação quanto às práticas relacionadas ao marketing, vendas e atendimento ao cliente. Assim, o que você sugere para contornar esta situação?

Humberto Sorio: As escolas de ciências agrárias, com raras exceções, ensinam quase só tecnologias de produtos, ou seja, produzir mais e mais sem foco no custo. A produtividade é um fetiche, buscada como máxima e quase única prioridade.

Na pecuária e na agricultura nota-se aumento de produção, e de faturamento, por conseguinte, mas o produtor fica a cada ano com a menor fatia da renda gerada.

Para o pecuarista a máxima prioridade é resolver a equação básica de economia, ou seja, que o faturamento seja superior aos custos. Aliás, nossas escolas formam profissionais deficientes em economia, planejamento, administração, marketing, vendas e exercício profissional junto ao produtor.

BeefPoint: Qual inovação/novidade no setor você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Humberto Sorio: No Sul do Brasil a grande novidade para a pecuária foi o trigo de duplo propósito – pastejo e produção de grãos – lançado pela Embrapa Trigo, com sede em Passo Fundo.

No ano 2013, em uma granja em São Miguel das Missões, por hectare, o ganho de peso nos novilhos foi altamente satisfatório e ainda foram colhidos 2.760 kg de grãos. A renda líquida foi de R$ 2.074/ha e nos 80 hectares a renda líquida foi de R$ 165.920, o equivalente a 32 sacos de soja de lucro total.

Outra inovação que desenvolvemos e consolidamos em 2013 foi a da semeadura direta sobre os campos nativos da campanha de aveia e azevém, com o que também se obteve abundante forragem de qualidade num período em que normalmente há falta.

Esses dois procedimentos vão ser ampliados no ano em curso, sempre com farta divisão das pastagens em potreiros, em consequência do Voisin. Sem muitos potreiros e correto manejo das pastagens, não se conduz uma pecuária produtiva e rentável.

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BeefPoint: Quais as ações você tem feito para fidelizar o cliente que está buscando qualidade e bom atendimento?

Humberto Sorio: Cliente fiel é o bem atendido por seu consultor e que alcança suas metas. Por isso sempre trato de ocupar o máximo de tempo planejando e discutindo com meu cliente todos os aspectos envolvidos na produção.

Gastar mais tempo no planejamento para executar bem as tarefas do dia a dia, prevenir erros, gastar menos, produzir e lucrar mais.

BeefPoint: Qual é o diferencial de sua empresa e/ou empresa em que trabalha?

Humberto Sorio: Não é um diferencial, digamos que é característica marcante, seguida desde muitos anos.

Trabalho exclusivamente em função do resultado econômico e financeiro do pecuarista, somos seus parceiros no planejamento e na condução dos projetos e de desenvolvimento pecuário.

Só fico satisfeito quando constato que as metas econômicas foram alcançadas e logo em seguida, em consonância com meu cliente, traçamos novas e mais desafiadoras metas. Não há trégua!

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BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2014? E por quê?

Humberto Sorio: Fazer o que venho fazendo, só procurando fazer melhor.

BeefPoint: Qual o exemplo de profissional dessa área você mais admira?

Humberto Sorio: Nesta área de consultoria admiro particularmente o engenheiro agrônomo, Jurandir Melado, que realiza excelente trabalho como conferencista, difusor e implantador de rentáveis projetos de pecuária ecológica nas regiões centro-oeste e norte do Brasil. Nossa maior referência e inspiração, sem dúvidas, é o engenheiro agrônomo, Nilo Romero, que em 1963 em sua fazenda Conquista, Bagé/RS, implantou o pioneiro projeto Voisin no Brasil, até hoje em funcionamento.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Humberto Sorio: A pecuária é atividade rentável e ecologicamente sustentável em todas as regiões brasileiras. Pois, para dobrar e até triplicar seus rebanhos não há necessidade de desmatamentos e incorporações de novas áreas de pastagens, mas sim em utilizá-las de forma intensiva e racional, como já atestam milhares de projetos de pastoreio Voisin em curso no Brasil, nas mais variadas condições de clima, solo e espécies de pastos.

Recomendações básicas: planejem e administrem melhor suas fazendas, tracem metas viáveis e progressivas, gastem tempo e recursos para treinar sua mão de obra, vinculem-se estreitamente com eficiente assistência e nunca a dispensem, porque é o insumo mais barato e de maior retorno econômico.

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