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A carne bovina está preparada para lidar com o aumento de vendas online e kit de refeições?

A rápida mudança do consumidor em direção a compras de refeições prontas em lojas on-line pode ter impactos importantes no futuro do setor de carne bovina.

Don Close, economista e analista do grupo RaboResearch do Rabobank, disse recentemente que a mudança do consumidor para a compra online de refeições é uma oportunidade para a indústria de carne bovina conquistar participação de mercado, ou a perspectiva de perder ainda mais do que já perdeu nos últimos 40 anos.

Além disso, ele disse que escolher ir atrás dessa oportunidade pode aumentar o spread de preço fazenda-varejo e o spread entre classes ou tipos de gado. Em suma, pode não melhorar o preço da carne bovina, além do proporcionado pela economia de participação de mercado.

Close foi recentemente autor de um relatório especial sobre esse tema que ele chamou de “Food fight: Online and brick & mortar battle for business. How can beef ensure a seat at the table?” Foi nesta publicação que ele destacou as preocupações sobre esse crescente segmento de mercado e o potencial da carne para atendê-lo.

Close disse: “A mudança para as compras online é a maior transição ocorrida nas compras de supermercado desde a introdução do supermercado no final da década de 1930.”

Ele disse que dos US $ 15 trilhões que os consumidores americanos gastam em comida, gastam um pouco mais em refeições fora de casa. Ainda dentro de suas compras para consumo em casa, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e outras fontes projetam que 20% poderiam ser compras on-line até 2025. Basta dizer que Close descreve um grande crescimento nas compras on-line de alimentos.

Close gastou um bom tempo em seu relatório descrevendo o crescimento das compras on-line e o crescimento simultâneo das refeições prontas para consumo, frequentemente chamadas de “kits de refeição”.

A indústria de kits de refeição é extremamente competitiva agora, como tipicamente ocorre para novas categorias de negócios, mas Close disse que está sendo diluída por forças competitivas e aquisições. Além disso, já está sendo bem atendida por grandes varejistas como Amazon/Whole Foods, Walmart, Kroger e Albertson’s.

Na verdade, explicou Close, o pensamento atual é que esses kits de refeição exigirão locais para coleta e seleção online. Isso sugere um tipo híbrido de mercado que inclui tanto lojas de compras on-line quanto lojas físicas.

Talvez o mais importante, sugeriu Close, essas mudanças nas compras e na preparação de alimentos poderiam oferecer novas oportunidades para o setor de carne bovina.

Aqui estão algumas de suas ideias:

– O mercado on-line cobre um grupo de consumidores exponencialmente maior do que qualquer supermercado convencional ou cadeia pode alcançar.

– A capacidade de oferecer uma variedade quase infinita de produtos significa que os consumidores podem “coçar quase qualquer comichão” e os varejistas podem atender a solicitações de variedades de produtos antes inimagináveis.

– Os kits de refeições podem oferecer cortes de carne bovina de valor agregado que os consumidores geralmente negligenciam quando fazem compras por conta própria.

Os kits de refeições podem atrair os usuários que não são consumidores de carne bovina ou os que consomem pouca carne a incorporar mais carne em suas dietas.

– A competição de preços entre fornecedores e entre fontes de proteína pode significar que o sucesso de kits de refeições pode ser prejudicial para o consumo per capita de carne bovina.

– O aumento da demanda por especificações de qualidade e produção de gado levará a um maior spread de preços em todas as classes de gado.

– Devido ao manuseio adicional de produtos e preparação de alimentos, os spreads de preço da fazenda para o varejo provavelmente aumentarão.

Entre os maiores obstáculos para o aumento das opções de marketing que a indústria de carne bovina precisaria fazer para enfrentar esses desafios on-line está a estrutura da indústria de embalagem, acrescentou Close. Todo o sistema é projetado para produção em larga escala de carne bovina commodity, e não para iniciar e parar infinitamente a linha de produção para alterações e rotulagem do produto. Ele também sugeriu problemas com a provável necessidade de armazenamento e manuseio muito diversificados de produtos de carne bovina.

Ele acredita que o crescimento desse mercado de carne bovina também pode exigir que os produtores verifiquem mais práticas e protocolos de produção.

Haverá recompensas financeiras por essas etapas extras?

Close também sugere que um crescimento adicional na compra e venda de alimentos on-line poderia fornecer pontos de entrada para pequenos produtores e comerciantes de carne por uma variedade de razões. De fato, este é um dos modelos utilizados pelos pequenos produtores de carne bovina a pasto.

“Os mercados de alimentos estão mudando em ritmo acelerado”, concluiu Close. “O setor de gado e carne bovina pode adotar a transição e assumir um papel proativo na forma como a carne bovina é fornecida aos clientes – ou pode permanecer dentro de sua zona de conforto e esperar para ver quais mudanças são exigidas para preservar sua participação de mercado”.

Por Alan Newport, editor da revista Beef Producer, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

1 Comment

  1. Everton Mendes disse:

    Miguel, evidentemente Close refere-se ao mercado Norte Americano e, no maximo, aos grandes centros da EU. Para os comensais da LA, em especial o continente chamado Brasil, além de todas observações do relatório serem verdadeiras e ainda mais desafiadoras (afinal estamos em patamares inferiores em várias etapas do processo produtivo); temos um desafio adicional, uma imensa barreira a ser transposta: a logística.
    Recentemente testamos um modelo de clube de assinatura de cortes especiais de carnes – não se tratava de um clube de compras como muitos por aí; era uma curadoria de pesquisa e seleção de cortes nobres, iguarias da proteína animal. A ideia se alastrou como o fogo no braseiro, contudo, a medida que ganhavamos apaixonados seguidores, a logística para fazer chegar ao lar de cada um nosso produto, garantindo a apresentação, integridade e conservação do produto era uma barreira cada vez mais elevada.
    Cadeia de transporte frio, custo de mão-de-obra, estradas/ruas/rodovias, embalagens e, burocracia fiscal, acabaram por congelar o projeto. Quase 1 mil clientes em regiões metropolitanas e pelo menos 10 vezes este número nas demais regiões, estão ilhados pela infraestrutura do nosso país.
    Temos problemas inacreditáveis diariamente veiculados em noticiarios, este, é apenas mais um.

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